domingo, 25 de fevereiro de 2018

O PSD EM VIRAGEM?

SOBRE O 37º CONGRESSO DO PSD 1 - MULHERES DESAPARECIDAS EM CONGRESSO Há dois anos, em Espinho, saudei o que parecia ser o princípio da emergência das mulheres dentro do PSD e falei, esperançosamente, não ainda em fortes ventos de mudança, mas numa "brisa de social-democracia à sueca". De facto, a lista da direção do partido tinha uma maioria feminina entre os vice-presidentes e a paridade no conjunto da Comissão Política (nos outros órgãos do partido já não era bem assim...). Agora, há apenas duas mulheres numa Comissão Política solidamente masculina e, nos outros órgãos institucionais, neste aspeto, também nada de novo e de bom se nos oferece. Ainda nem fiz as contas de percentagens, bastou-me olhar o palco dos eleitos para ter a certeza do tremendo desequilíbrio de género, que assim se deteta a olho nu. Mas o mais dececionante de tudo é perguntar onde estão,o que fizeram de positivo, o como se posicionam para o futuro essas mulheres que o "passismo" inventou como figurantes das suas listas... Todas elas surgiram num congresso para desaparecerem no seguinte. Na cena política portuguesa muitas têm sido as figurantes para a fotografia, e muito poucas as protagonistas para a história 2 - OS HOMENS QUE QUEREM SER FUTURO Nesta lista, a dos protagonistas prováveis da vida futura do PSD - lista que que é mais importante de todas - só há mesmo homens! E a meu ver, poucos. Rui Rio, naturalmente, Entre os mais novos, destacaria, pela sua inteligência e moderação, Paulo Mota Pinto, no centro-esquerda e, na oposição, no centro.direita, o nosso conterrâneo, Luís Montenegro. Foi bom que ele tivesse surgido como a grande surpresa do Congresso na oposição a Rui Rio. Por um lado, veio acabar com a utopia do consenso perfeito, que é coisa que não existe em nenhum partido democrático. Não quero dizer que não deva ser tentada e levada tão longe quanto possível e acho que muito bem andou Rio quando a procurou com Santana Lopes, Depois de uma campanha eleitoral correta nos discursos, segui-se uma magna reunião com o mesmo nível de civilidade (se descontarmos os apupos a uma mulher, que, graças a isso, se tornou o único nome feminino daquela espécie de clube fechado de notáveis. Montenegro surgiu na hora certa, a tempo de dizer que Santana não passou de "estrela convidada", cabeça de cartaz num tempo breve. Mais significativo ainda: a tempo de dizer que Passos Coelho terminou ali a missão e saiu, com uma ovação final, não do pavilhão do evento, como da vida partidária.Excelente prognóstico de futuro, porque como afirmava Sá Carneiro, sempre atual (os génios têm sempre o privilégio de ser intemporais): "Portugal precisa tanto de mudança, como de moderação". É, sem dúvida, excelente, ter dos dois lados do PSD (o tal partido que vai do centro-.direita ao centro- esquerda), homens reformistas, pragmáticos e dialogantes. 3 - DA POLÍTICA AO FUTEBOL Eu gosto de separar as águas, entre a política e o futebol. Como portista que sou, não à maneira do Rio, evidentemente! Se no partido estou no seu setor ideológico, em termos de futebol pertenço ao clube de Montenegro Seja.me, pois, permitido, terminar, hoje, numa nota de bom-humor. supersticioso.. Rio é o homem que nunca perdeu uma eleição na vida, por mais improvável que fosse a sua vitória (à atenção de António Costa...). E é também o líder que, quando está no poder, dá imensa sorte ao FCP! Com a má vontade dele, em relação ao futebol em geral e ao FCP em particular, o Porto ganha sempre. Assim seja!

EMIGRAÇÃO CONTINUA EM 2017

O PAÍS DAS MIGRAÇÕES SEM FIM Em 1917... EMIGRAÇÃO - CERCA DE CEM MIL PORTUGUESES ABANDONARAM PORTUGAL EM 2016 Emigração está a cair desde 2013 Há 2,3 milhões de portugueses emigrados Remessas dos emigrantes passam 3,5 mil milhões 22.02.2018 Há 2,3 milhões de portugueses emigrados, segundo as contas do governo. E só em 2016 - ano dos últimos dados oficiais - cem mil pessoas abandonaram o país. Mas números da emigração estão em queda desde 2013, ainda que as saídas de Portugal continuem, de acordo com o último Relatório da Emigração, divulgado em dezembro, "em níveis que, na história recente, só têm paralelo com os movimentos populacionais dos anos 60 e 70". Em 2013, atingiu-se o pico das saídas: só num ano, cerca de 120 mil pessoas abandonaram Portugal. O número baixou para 115 mil em 2014 e para 110 mil em 2015, tendo estagnado nos cem mil em 2016. Para o abrandamento da emigração, refere o relatório, terá contribuído "a retoma económica". Mas também a interrupção dos fluxos migratórios para Angola e para o Reino Unido, culpa da “acentuação da crise do petróleo e da aprovação do Brexit". No espaço de um ano, a emigração para Angola baixou 42% e para o Reino Unido caiu cerca de 6%. Apesar de os valores das saídas continuarem altos, a emigração mudou nos últimos anos. Se nas décadas de 1960 e 1970, os portugueses que emigravam tinham baixas habilitações e escolhiam maioritariamente países como o Canadá, a França, o Brasil ou a Suíça, na última década, tem-se assistido à saída de portugueses com mais habilitações literárias e que escolhem novos países. Na última década, a emigração portuguesa tem sido sobretudo europeia. E a lista de países que receberam mais novos portugueses em 2016 comprova-o. O Reino Unido lidera a tabela dos principais destinos da emigração portuguesa desde 2011. Assim, em 2016, estes foram os principais países europeus destino dos emigrantes portugueses: Reino Unido - 30 543 portugueses França - 18 700 Suíça - 10 123 Alemanha – 8810 Espanha – 7646 Fora da Europa: Angola – 3908 Moçambique – 1439 Brasil - 1294 Os destinos que mais subiram entre 2015 e 2016 foram o Canadá (32,7%), Espanha (15,2%) e Holanda (5,4%). Remessas dos emigrantes passam 3,5 mil milhões As remessas dos emigrantes portugueses subiram 6,3% em 2017, ultrapassando pela primeira vez a barreira dos 3500 milhões de euros, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal. Por seu turno, as remessas dos imigrantes desceram 2,8%, para 518,2 milhões.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

FCP: onde começou a derrota

Bom , é claro que a derrota começou no 1º golo sofrido. E não foi apenas um golo sofrido pelo puro mérito do adversário, foi um chamado "frango" na gíria do futebol. Curioso que tantas explicações elaboradas se avancem para explicar o desastre e não haja um só comentador (dos muitos que ouvi em todos os canais de tv, embora, claro, algum me possa ter escapado); o erro maior de Sérgio Conceição foi ter substituído na baliza o melhor guarda - redes, que é obviamente Iker Casillas. Nenhuma equipa consegue competir a alto nível sem um guarda redes de classe. Gosto muito do Sérgio, e simpatizo com o jovem que ele insiste em testar na baliza. Na competição caseira, a inexperiência não é assim tão evidente. Na "champions é o que se vê. O que aparentemente ninguém quer ver...

domingo, 4 de fevereiro de 2018

RECENTRAR O PSD 1 - A democracia portuguesa fez-se, no pós 25 de abril, com a criação de partidos, que procuraram o máximo de distância em relação ao regime deposto de ultra-direita: o PSD de Sá Carneiro solicitou a adesão à Internacional Socialista, que não conseguiu por oposição do PS ; o CDS, antes de se tornar PP, considerava-se "rigorosamente ao centro"; o PS, no "slogan" dos comícios e das marchas cívicas, proclamava-se como "partido socialista, partido marxista". Ao longo dos anos seguintes, o marxismo do PS, o esquerdismo do PSD e o centrismo do CDS foram-se diluindo, numa progressiva conformação à realidade sociológica dos respetivos eleitorados, enquanto o PCP permanecia bastante igual ao que era nos primórdios da revolução. Comum a todos era, porém, a existência de tendências ou alas, umas mais visíveis e ativas do que outras (em alguns casos levando à dissidência). Na verdade, podíamos dizer que a esquerda do CDS confinava com a direita do PSD e a esquerda do PSD com a direita do PS... Divergindo, embora, numa pluralidade de domínios, estes três partidos partilhavam a crença na democracia representativa, e na pertença à CEE e à Aliança Atlântica. Não por acaso, é nesta última área que o atual governo do PS, apoiado numa esquerda anti-europeísta e anti-NATO, tem encontrado maiores dificuldades - das quais se fala pouco, porque nem os "media" nem a opinião pública nacionais lhes não dão a devida relevância. A esta maioria encontrada no parlamento não falta, pois, legitimidade, nem boa articulação institucional, em particular com o Presidente da República e, também, a nível da política interna da UE, E nem sequer lhe falta aceitação popular. O seu "calcanhar de Aquiles" é, a meu ver, a impossível concordância em matérias fundamentais de política europeia e internacional, sobretudo no que respeita aos compromissos europeus e atlânticos de segurança e defesa. Eis o que não lhe augura um grande futuro para além de 2019, embora seja justo realçar que com a sua existência se abriu, em Portugal, o leque das alternativas plurais, à esquerda e à direita. 2 - Os partidos podem e devem evoluir, procurar novos projetos e relações interpartidárias, novos intérpretes das suas doutrinas. Não devem é romper com princípios fundamentais, ultrapassando o ponto fatal da descaraterização e perda sua identidade. O PSD do passado recente estava, na minha ótica, em cima de linha de fronteira, se é que a não tinha já ultrapassado. Penso na sua governação, nas políticas de austeridade, (impostas de fora, mas só até certo ponto) que atingiram, em particular, jovens forçados a emigrar em massa, reformados, funcionários públicos e trabalhadores por conta de outrem, pauperizando as "classes médias" e os mais desfavorecidos. Políticas que só não foram bastante mais longe porque o Tribunal Constitucional o não permitiu...Tivesse esse PSD formado governo, de 2015 em diante, e os mesmos continuariam, previsivelmente, a pagar a parte de leão do preço da austeridade - em primeira linha, os pensionistas (a "peste grisalha".na expressão sintomática de um jovem militante deste PSD). Fora do campo económico, discurso não menos extremista - contra cidadãos portugueses de etnia cigana - foi impunemente permitido a candidatos autárquicos, a par de tomadas de posição da bancada parlamentar contra o alargamento dos direitos dos estrangeiros, nomeadamente em matéria de nacionalidade. Impossível, no passado, com Sá Carneiro, com Mota Pinto, com Balsemão e, no futuro, (assim o espero), com Rui Rio! O "passismo", ou, pelo menos a sua facção mais radical, parece-me mais próximo" do "Tea-party" do que da CDU de Angela Merkel! Nada tinha a ver tinha comigo, que nunca escondi afinidades com o PSD sueco ou alemão ou com os Liberais do Canadá e dos EUA.... 3 - Todavia o deslizamento direitista no PSD começou muito antes do advento do "passismo", acentuando-se com a ascensão ao poder dos líderes da "Nova Esperança", primeiro no partido, em fins do século XX, e, seguidamente, no governo. A "Nova Esperança", relembro, surgiu na meia década de oitenta para combater Mota Pinto e o chamado Governo do "Bloco Central". Os seus nomes mais sonantes eram (os então mais jovens e mais aguerridos) Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa e Durão Barroso. Com Marcelo, o PSD abandonou a Internacional Liberal e Reformista, a que pertencia desde o tempo de Sá Carneiro, e aderiu ao PPE, onde hoje coexiste com o CDS. Com Barroso envolveu-se na trama da guerra do Iraque e com Santana num governo de má memória. A questão do Bloco Central foi agora, por sinal, uma das que maia visivelmente separou Rui Rio de Santana Lopes. Outras razões havia, mas esta bastava para decidir o meu voto a favor de Rio. Acredito que ele tornará viável o diálogo interpartidário para as tão faladas e sempre adiadas "reformas estruturais, quer o governo seja PSD, quer seja PS. Diálogo sem complexos, sem excluir, eventualmente, outros parceiros, à esquerda ou à direita. O presidente eleito do PSD vai, com certeza, recentrar o partido, (onde passarei a reconhecer-me, como dantes!). E vai, muito provavelmente, contribuir para recentrar toda a vida política portuguesa