quinta-feira, 25 de setembro de 2014

ENTREVISTA NO JORNAL "AS ARTES ENTRE AS LETRAS"

UM OLHAR (subjectivo) SOBRE FEMINISMO E DIÁSPORA
Longe e perto de 1910


1- O movimento feminista e republicano do começo de novecentos não teve um grande impacto nas comunidades do estrangeiro, nem mesmo globalmente nas colónias portuguesas - embora em algumas cidades ,como é o caso de Luanda ou de São Paulo,  haja registo de actividades da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas ou da Associação de Propaganda Feminista  (a Liga com estreitas relações partidárias, a
APF aberta a todos os credos e autenticamente sufragista, criada quando se tornou evidente o incumprimento pelo Partido Republicano das promessas de voto para as mulheres, em 1911. As conhecidas ligações da
APF ao Brasil devem-se  à presença nesse país, entre 1911 e 1914, de Ana de Castro Osório, a grande impulsionadora e ideóloga da Associação, que, todavia,logo depois da sua constituição, rumou a São
Paulo, onde deixaria  o seu nome na memória e na toponímia da cidade.
 Mas a regra foi, naturalmente, a oposta… As singularidades daquele movimento, a sua matriz republicana, maçónica, revolucionária, anti-clerical, tornavam-no irrepetível na emigração. Não se poderia esperar uma
aproximação entre mulheres separadas não só pela distância, como pelas condições de luta cívica e política, numa época em que não existia tradição de diálogo com as instituições das comunidades -  aliás, círculos masculinos t,anto ou mais fechados do que a sociedade local.
 À absoluta exclusão do movimento associativo, responderam as mulheres com organizações próprias. A primeira terá sido uma sociedade fraternal na Califórnia, em fins do século XIX – a Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel, nascida no interior de uma igreja católica, logo seguida da União Portuguesa Protectora do Estado da Califórnia. Ambas cresceram espantosamente, desenvolvendo, a par da sua vocação mutualista, um  papel cimeiro na comunidade portuguesa, sobretudo na área cultural e beneficente.
Há registo de mútuas femininas oitocentistas em Portugal, mas sem atingirem a mesma grandiosa
dimensão e longevidade...
 No domínio social se centram outras grandes organizações da segunda metade do século, como a Sociedade Beneficente das Damas Portuguesas de Caracas, a Liga da Mulher da África do Sul ou, já no alvorecer do
século XXI, a Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina.

 2 - À  primeira vista, são mais evidentes as diferenças do que as sintonias entre estas organizações que queremos comparar. Falta no nosso associativismo da Diáspora uma forte  reivindicação pública da
igualdade no dirigismo  –  o equivalente ao sufragismo de então....De facto,  a sua expressão nos "fora" do “congressismo” vem sendo suscitada mais do exterior do que de dentro das comunidades: o 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo, foi convocado pelo Governo, em 1985. Já neste século, os “Encontros para a Cidadania” (2005-2009) e os congressos mundiais de 2011 e 2013 foram iniciativas
de ONG's, como a Mulher Migrante, com sede no País, em parceria com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
 As conferências periódicas sobre “A vez e a voz da Mulher”, cuja principal dinamizadora é Manuela Marujo, professora da Universidade de Toronto, são uma das excepções que confirmam a regra..
 Todavia, há também convergências no associativismo das mulheres portuguesas em diferentes épocas e regiões do mundo.
 Movem-se por um feminismo muito feminino ("feminismo" no preciso sentido em que Ana de Castro Osório falava de "verdadeiro feminismo" - um humanismo partilhado com o outro sexo, em companheirismo e
cumplicidade ). Um activismo que  nasceu, frequentemente,  dantes como nos novos tempos, dentro da família, numa cooperação  entre cônjuges, mães e gerações - realidade que se adivinha nos apelidos comuns de
republicanos de ambos os sexos e que é bem visível no associativismo da emigração – são as mulheres de dirigentes que, nos bastidores, com eles colaboram, discretamente. E, quando elas decidem militar nas suas próprias organizações, são eles, em muitos casos, os seus primeiros apoiantes.
 Mulheres desenquadradas do grupo familiar activo, também existem, evidentemente, mas são, sobretudo professoras primárias, jornalistas, escritoras… – tanto na República portuguesa de 1910 , como  nessas
“pequenas repúblicas de homens”, que são os clubes e centros comunitários no estrangeiro.
 Proporcionar o ensino da língua, a vivência cultural portuguesa aos mais jovens, são as prioridades que mais atraiem as mulheres à liderança associativa, ainda hoje - a relembrar a luta pela educação e instrução
feminina, o máximo denominador comum, dentro do movimento feminista e republicano, que a reivindicação do sufrágio dividiria irremediavelmente.
De um século ao outro, e mesma mundivisão, a mesma crença de que a mulher se emancipa pelo trabalho, ao lado do homem, e que quer direitos de cidadania para melhor servir a comunidade e o País..
Sobra essa busca da paridade em harmonia, onde falta o afrontamento de sexos. Até a APF, a mais sufragista de todas, se envolveu enormemente na vertente humanitária e beneficente do associativismo.
 Foi assim . É assim...
Se mais resultados teria obtido uma postura mais radical é coisa que não saberemos nunca...

domingo, 7 de setembro de 2014

BRASIL EM CAMPANHA ELEITORAL

Na corrida presidencial, duas mulheres vão na frente. Se eu fosse brasileira, como são tantas pessoas da minha família, não tinha dúvidas - votava em Marina
Uma delas vai ser Presidente do Brasil - ou presidenta se for Dilma,
Impossível este cenário de uma escolha presidencial no feminino em Portugal - país que consegue ser na UE o único Estado membro que nunca indicou uma Mulher para a Comissão... Partilhava esse último lugar, salvo erro, com a Bélgica. Agora a Bélgica nomeou uma Comissária e deixou-nos orgulhosamente sós lá no fundo...

INCOMPETÊNCIA, mais INCOMPETÊNCIA

A Albânia foi a prova dos nove...Tudo aconteceu dentro das previsões que há precisamente uma semana deixei bem claras  neste blogue...
Um jogo sem Quaresma, sem estratégia, sem classe. Com muito Bento em mais uma derrota humilhante.
O nosso futebol está, assim, ao nível de outros domínios da nossa vida colectiva. Da política, por exemplo...