quinta-feira, 28 de abril de 2022

2012 ANDAMOS NA SAUDADE DE MARIA ARCHER

Andamos na Saudade de Maria Archer Maria Manuela Aguiar* Porque se envolveu a Associação de Estudos Mulher Migrante – AMM, na evocação de Maria Archer, em sucessivas iniciativas - no Encontro Mundial da Mulheres Portuguesas da Diáspora, em Novembro de 2011, na comemoração do Dia Internacional da Mulher, 2012, na cidade de Espinho e, agora, em Lisboa, nesta sessão que nos reúne no Teatro Nacional da Trindade. Responderemos que razões não nos faltam para justificar o empenhamento cívico com que o fazemos. Uma primeira razão tem evidentemente a ver com o facto de Maria Archer ter sido uma portuguesa expatriada. Uma grande Portuguesa da Diáspora, que, desde a sua juventude, passou largos anos em cinco países da lusofonia, em 3 continentes, olhando sempre em volta, com uma inteira compreensão das pessoas, dos ambientes, dos meios sociais, que soube traduzir em dezenas de escritos de incomensurável valor literário e, também, de muito interesse etnológico, sociológico e político. Seria motivo bastante para nos lançarmos na aventura de partir à procura desse legado multifacetado e vasto, que guarda experiências e segredos de tanta gente e de tantas terras. Mas há mais. Maria Archer é uma daquelas figuras do passado, que é intemporal, por ter sabido captar as constantes da natureza humana, por se constituir na memória crítica de um tempo português, que foi opressivo e cinzento, pautado pela estreiteza dos preconceitos e por regras de jogo social e político, que ela inteligentemente desvenda e que põe em causa, sem contemplação. Ninguém como ela retrata a vida quotidiana desse Portugal estagnado e anacrónico, avesso a qualquer forma de progresso e de modernidade, em que os mais fracos, os mais pobres não têm um horizonte de esperança, e as mulheres, em particular, são dominadas pela força das leis, pelo cerco das mentalidades, pela censura dos costumes, depois de terem sido deformadas pela educação. Tendo por pano de fundo os estereótipos impostos para o relacionamento de sexos, a entronização rígida dos papéis de género dentro da família e as consequentes desigualdades, distâncias e preconceitos sociais, num doloroso e longo impasse da nossa história colectiva. Maria Archer retrata suas contemporâneas, tal como elas foram, com realismo, que traduz a busca e a evidência da verdade - doa a quem doer e para que se saiba e as gerações futuras não esqueçam. Maria Archer, talvez a mais feminista escritoras portuguesas, é uma "feminista muito feminina", que ousou ser um ícone de beleza e de distinção, fazer uma carreira no Jornalismo e nas Letras, e, em simultâneo, e lutar pela dignidade e pela afirmação das capacidades intelectuais e profissionais então negadas à mulher Ousou fazer um nome no mundo fundamentalmente misógino da cultura portuguesa. Ousou ser Maria Archer, sem pseudônimos... Por tudo isto, julgo que podemos dizer que ela é mais do nosso tempo do que do seu tempo - uma afirmação que devemos generalizar às mais notáveis feministas do princípio do século XX. Maria era, então, demasiado jovem para poder participar nos movimentos revolucionários em que estiveram a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, mas iria ser uma das poucas resistentes que, no período de declínio desses movimentos e de desaparecimento de uma geração incomparável, continuou, a seu modo, solitariamente, um combate incessante contra o obscurantismo, que condenava a metade feminina de Portugal à subserviência, à incultura e ao enclausuramento doméstico. Uma inconformista, consciente das desigualdades e da injustiça em geral, e, em particular, das que condicionavam o sexo feminino, na sociedade portuguesa. A sua escrita, servida pelo talento, pela capacidade de observação e pela coragem foi uma arma de combate político - como dizia Artur Portela "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante". Uma saga em que vida e arte se fundem - norteadas por um declarado propósito de valorização do feminino, da "libertação" da Mulher, e, com ela, da sociedade como um todo. Ela é já uma pessoa livre num país ainda sem liberdade, o que lhe custou o preço de um longo e doloroso exílio ... Maria Archer é uma grande escritora (ou "um grande escritor", como João Gaspar Simões preferia dizer, alargando o campo de comparação aos dois géneros). Uma escritora de causas, determinada a corroer a imagem da "fada do lar", meticulosamente construída sobre a ideia falsa da harmonia de desiguais (em que, noutro plano, se baseava a ideologia corporativa do regime), e da não menos falsa brandura do autoritarismo no pequeno círculo da família ou no país inteiro. É uma retratista magistral da mulher e da sua circunstância... O regime respondeu em força. Primeiro, tentou desqualificá-la. Sintomática é a opinião de um homem do regime, Franco Nogueira, que, em contra-corrente, num texto com laivos misóginos, a apresenta como apenas uma mulher a falar de coisas ligeiras e desinteressantes, como o destino das mulheres. Não tendo conseguido, no campo da crítica literária os seus intentos, o Poder passou à acção direta: alguns dos seus livros foram apreendidos, os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento. Maria Archer viu-se forçada a partir para o Brasil - uma última e infindável aventura de expatriação, de onde só viria, envelhecida e fragilizada, para morrer em Lisboa. Contudo, o desterro não era pena bastante... Maria Teresa Horta, no prefácio da reedição de "Ela era apenas mulher" afirma que Maria Archer foi "deliberadamente apagada da História". O ser emigrante é já, entre nós, factor comum de esquecimento, como que natural, na memória da Pátria, mas o seu caso foi mais grave, doloso, implacável... Dá-nos razão e força suplementar para intervirmos, ainda a tempo de neutralizar o ato persecutório, executado há décadas, restituindo a Maria Archer o lugar que lhe é devido no mundo vivo da cultura portuguesa. Lendo a sua obra em momentos mágicos de reencontro com ela, com a lucidez da sua análise e a elegância do seu estilo, acompanhando-a em incursões ao universo cinzento e confinado em que conviveram as portuguesas e os portugueses durante meio século... Elegância é uma palavra que quadra com Maria Archer, que a caracteriza na maneira como pensou, como escreveu, como se vestiu e apresentou em sociedade, como cruzou uma rua de Lisboa ou de São Paulo, como atravessou uma vida inteira, até ao fim... Ou melhor, até ao seu regresso! Estamos aqui reunidos para a trazermos a uma segunda vida, no sentido em que falava Pascoaes: "Existir não é pensar, é ser lembrado" Este não é o primeiro nem será o nosso último encontro sobre a sua personalidade, o seu exílio, o seu retorno... Sobre a obra e a pessoa - qual delas a mais interessante... Dizia Mariana, a inesquecível personagem de "Bato às portas da vida"; "Ando na saudade de mim, mesmo perdida no tempo", Nós andamos na saudade de Maria Archer, reencontrada em nosso tempo, em qualquer tempo. A leitura de tantas páginas fulgurantes que nos deixou são, para sempre, porta de entrada na sua intimidade. Lisboa, Teatro da Trindade, 29 de março de 2012

segunda-feira, 25 de abril de 2022

BALBINA MENDES EM ESPINHO in "DEFESA DE ESPINHO"

O LUGAR DAS MULHERES NAS ARTES A propósito do retorno de Balbina ao FACE 1 - Em 2010, quando Balbina Mendes veio a Espinho, pela primeira vez, o FACE, inaugurado a 16 de junho de 2009, dava os primeiros passos na que poderemos considerar o seu percurso de afirmação. De facto, os museus, as galerias de arte ganham nome e prestígio com a vivência do lugar, com a marca das pessoas que, sucessivamente, convidam para o habitar, cruzando o seu "curriculum” com o deles, numa apropriação desejada e consentida. Balbina entrou na história das Galerias do FACE como a primeira Mulher a ocupá-las numa exposição individual, e a primeira a surpreender e a mobilizar largas audiências com as suas espantosas 'Máscaras Rituais do Douro e Trás os Montes" - uma pintura de matriz etnológica, que recuperava arquétipos primordiais emergindo, interpretados e recriados em toda a sua magia, nas telas de grande dimensão e impacto. Nesse julho de 2010, ela foi também precursora numa outra vertente, ao promover no ato de inauguração um memorável espetáculo de danças dos caretos de Podence, que trouxeram o exotismo da "festa dos rapazes" às ruas de Espinho e, depois, aos corredores e salões do Museu. No ano seguinte, com a Bienal, "Mulheres d' Artes", em que Balbina esteve presente, o Museu de Espinho antecipou, em cerca de uma década, a marcante exposição de pintura no feminino providenciada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Em ambas as iniciativas, a de Espinho e a de Lisboa, adivinhamos o mesmo escopo - não, como é evidente, o de "excluir, segundo o sexo", mas o de valorizar a metade ancestralmente invisível, no sentido do alargamento e universalização das Artes. Já quanto à complexa questão do modo como o "género" se exprime, (com caraterísticas próprias ou comuns e indistintas), a organização da 1ª Bienal guardou-se de tomar partido, reconhecendo, sim, por um ado, que o masculino avulta, desde tempos imemoriais e ainda hoje como "padrão", enquanto o feminino é "alteridade", e, por outro, a ideia de que o sucesso das "mulheres-exceção" não deve deixar no esquecimento a persistente desigualdade da maioria, que as estatísticas, na fria linguagem dos números, denunciam. No catálogo da 1ª Bienal, o Dr. Armando Bouçon, Diretor do Museu, a quem se ficou a dever a proposta de a realizar, escrevia: "Uma análise correta de toda a história da Arte dá-nos uma perceção muito transparente de como o campo das artes plásticas foi ocupado durante muitos séculos pelo género masculino". Foi. E não continuará a ser? 2 - Até um Museu que fez história, em Portugal, com quatro históricas bienais de Arte no feminino (entre 2011-2017) pode servir-nos para mostrar como, ao nível de mega exposições individuais, se mantém, nas suas Galerias, o predomínio masculino, enquanto nas coletivas, ou nas exibidas, mais modestamente, em pequenos recantos do Fórum, as mulheres já ultrapassam os homens, numa trajetória positiva, mas como se estivessem, ainda, em transição gradual do espaço privado para o público… É um exemplo que poderemos extrapolar, em outras áreas, a nível nacional e até internacional. Na verdade, essa constatação terá estado na origem do movimento pela Arte no feminino, que teve, e tem, em Paula Rego uma das suas líderes mais insignes e mais ativas. Nas suas próprias palavras: "As minhas pinturas são pinturas feitas por uma artista mulher. As histórias que eu conto são histórias que as mulheres contam. O que é isso de uma arte sem género? Uma arte neutra?". [...] "Há histórias à espera de serem contadas, e que nunca o foram antes. Têm a ver com aquilo em que jamais se tocou-as experiências de mulheres". Um discurso com que a nova vaga feminista do último quartel do século XX incorporou o plano da expressão artística na globalidade da sua luta - discurso que, diga-se, neste como em qualquer outro campo, é tudo menos pacífico. Mais consensual será, certamente, a exortação de Gisele Breitling em favor de "uma nova e verdadeira universalidade em que o feminino assuma o seu lugar de direito e o masculino as suas verdadeiras proporções". 3 - Balbina Mendes tem contribuído, poderosamente, para que as mulheres portuguesas assumam, na vida cultural e artística do nosso país, o seu "lugar de direito". Fá-lo, ocupando, simplesmente, o lugar, com ânimo e talento de sobra, sem em nada se julgar discriminada. É um caso exemplar, entre grandes artistas, cuja atitude de despreocupação com disparidades de género, contém implícita a exigência do tratamento igualitário. À margem de uma teorização reivindicativa, alcança as metas que esta se propõe, com isso abrindo caminho a outras mulheres, destruindo preconceitos de género, pela força do seu traço, pela singularidade de temáticas e de técnicas.... Embora, como velha militante da igualdade, desde os bancos da escola, não me situe exatamente nesta linha, tenho de reconhecer a sua eficácia, assim como, também, de admitir os riscos da defesa "à outrance" da "arte com género" em que Paula Rego acredita. O que, sendo, no seu patamar de genialidade, sinal vanguardista de "contracultura", pode, a outros níveis, redundar em novos estereótipos do feminino, que, em sociedades patriarcais, são, fatalmente, menos valia. Por essa razão, num outro domínio, o literário, reservamos o feminino” poetisa” para o comum das mulheres, mas chamamos "poetas" a uma Sophia, ou a uma Ana Luísa Amaral... E, precisamente por isso, o crítico João Gaspar Simões, elogiando a força imanente da prosa de Maria Archer, o realismo puro e duro com que abordava as problemáticas mais ousadas, a qualificava como "um grande escritor". Ambíguo cumprimento, a que subjaz a conceção da masculinidade intrínseca do cânone! Balbina não o apreciaria, mas é uma das mulheres a quem se poderia, nessa lógica, aplicar. A sua obra é original, audaciosa, inovadora, (nos temas, na estética, policromia, fusão de materiais...). Transpõe para a pintura a experiência dos muitos mundos que a sua vivência atravessa e o seu olhar penetra, numa vontade constante de transcendência. Conheci-a na exposição em que nos contava a história do Douro, o “seu” rio, correndo entre margens, da nascente até à foz, incorporado na beleza encantatória de paisagens. Reencontrei-a no ciclo temático sobre as máscaras rituais, incursão telúrica à infância em terras de Miranda, em que se entrelaçam emoções e saberes, reinventados na tela, em explosões de cor... Numa "leitura feminista”, é de notar a naturalidade com que se apoderou, para a transfigurar em arte, da tradição masculina da máscara, símbolo da superioridade e camaradagem de sexo, em cerimoniais rigorosamente proibidos à mulher... Um sinal da força subversiva e libertária da sua aventura artística. Com o passo seguinte, ultrapassa uma última fronteira, na fase em que a fragmentação ou transparência da máscara deixa o rosto a descoberto... o rosto feminino! É a definitiva rutura do interdito, que Paula Rego saudaria com o seu "gozo pela inversão e desalojar da ordem estabelecida"... Na mostra agora aberta ao público nas Galeria Amadeo Souza-.Cardoso, intitulada "Segunda pele", o tropo narrativo de Balbina não nos revela, antes adensa o mistério dos jogos entre a face desocultada e as suas máscaras, mas revela-a como assombrosa retratista do rosto e confirma o seu incessante questionamento sobre o ser, a aparência, o tangível e o intangível. Para o que vai encontrar inspiração na heteronímia Pessoana, glosando em linguagem pictórica um mote literário. O resultado é, pura e simplesmente, fantástico! A não perder, até 28 de maio, em mais este capítulo do roteiro do FACE e da vida cultural que Espinho nos propicia. Maria Manuela Aguiar

segunda-feira, 18 de abril de 2022

BALBINA MENDES - A SEGUNDA PELE

BALBINA MENDES está de volta a Espinho,12 anos depois, para preencher as longilíneas paredes de um branco neutral e expectante da Galeria Amadeo Souza Cardoso com a miríade de cores e a luz, de que se faz a intensidade da sua narrativa pictórica. Em 10 de julho de 2010, Balbina era uma pintora já com um já fulgurante percurso artístico de duas décadas, e o Fórum de Arte e Cultura de Espinho, inaugurado a 16 de junho de 2009, dava os primeiros passos na sua trajetória de afirmação. Na verdade, tal como um ser humano, no tempo e na geografia da sua passagem pela terra, os museus e galerias de arte ganham nome e prestígio com a vivência do lugar, com a marca das pessoas que, sucessivamente, convidam para o habitar, cruzando o seu "curriculum" com a deles, numa apropriação desejada e consentida. Balbina cedo entrou na História deste espaço, singular a tantos títulos. Foi a primeira Mulher a ocupá-lo, por inteiro, numa exposição individual e a primeira a trazer, com a temática das `'Máscaras Rituais do Douro e Trás-os Montes", numa pintura de raízes etnológicaa, toda a magia de tradições primordiais aflorando, repensadas e dispostas em telas de grande dimensão e impacto. Nesse verão de 2010, Balbina tornou-se a primeira numa outra vertente, ao abrir um precedente desafiante, promovendo um espetáculo cultural inédito no ato de inauguração, trazeendo às Galerias metamorfoseadas pelas suas telas, as danças dos caretos vindos de Podence. A "Festa dos Rapazes" foi acontecendo por toda a cidade, nas ruas, entre um sem número de passantes que, ou se manifestavam em gestos de aplauso, ou espontaneamente, se juntavam com eles, partilhavam o espírito dos folguedos e que, por fim, contagiou os presentes nos corredores e salões do Museu... onde os intérpretes de ritos, enigmas, ritmos nordestinos como que teatralizavam a realidade transfigurada nos quadros, cirandando nas duas galerias que correm, paralelamente, para a janela rasgada sobre o mar atlântico... Assombrosa experiência, olharmos os caretos, por minutos, parados frente à sua própria figuração pictórica, vendo-se ao espelho, entre gestos lúdicos de espanto e de contentamento... No ano seguinte, a 1ª Bienal, em que Balbina Mendes esteve presente, antecipou, em cerca de uma década, a memorável exposição de pintura no feminino da iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian, em cujo escopo adivinhamos semelhanças com o que animou o Museu de Espinho - e que não foi, como é evidente, o de "excluir, segundo o sexo", ou o de erguer as barreiras entre dois guetos murados, mas bem pelo contrário o de uma descoberta e valorização da metade ancestralmente invisível, no sentido do alargamento e universalização das Artes. Já quanto ao modo, estilo, correntes, temáticas, como o "género" se expressa, com uma criatividade própria ou comum e indistinta, não há consenso à vista, no domínio das Artes, ou em qualquer outro, das Letras, às Ciências, da Política a uma infinidade de misteres, outrora masculinos. Nas Bienais de Espinho, a organização guardou-se de tomar partido em querelas que prometem eternizar-se, reconhecendo, por um lado, que o masculino avulta, desde sempre e ainda, como "padrão", enquanto o feminino é "alteridade", e, por outro, admitindo a tese de que o sucesso das "mulheres-exceção" (que estão entre os maiores nomes da pintura portuguesa na atualidade), não deve deixar no esquecimento a persistente desigualdade que os números globais friamente denunciam, no que concerne a todas as outras. Em 2011, a partir de uma mostra coletiva de mulheres, em preparação, foi um homem, o Diretor da Museu, Armando Bouçon, quem teve a ideia de lhe dar um caráter recorrente, bienalmente. Acompanhamo-lo na sua citação de Michelle Perrot: "escrever foi difícil. Pintar, esculpir, compor música foi ainda mais difícil", assim como na sua avaliação de um estado de coisas, traçado no catálogo da 1ª Bienal: "Uma análise correta de toda a história da Arte dá-nos uma perceção muito transparente de como o campo das artes plásticas foi ocupado durante muitos séculos pelo género masculino". Foi. E ainda é. De facto, até um Museu tão aberto a esse questionamento pode servir-nos para comprovar, como, se considerarmos mega exposições individuais, se mantém o largo predomínio masculino. Pelo contrário, nas exposições abertas nos pequenos recantos em que o Museu abunda, ou nas exibições coletivas, as mulheres começam a ultrapassar os homens. São presença crescente, porém, ainda muito aquém do arrojo, da dimensão da obra que a Galeria Amadeo Souza Cardoso reclama - quase como se estivessem em transição gradual do espaço privado para o público. É um exemplo que podemos, sem grande receio de erro, extrapolar a nível nacional e internacional. Na verdade, foi essa constatação que deu origem e força ao movimento de afirmação da Arte no feminino, que tem em Paula Rego uma das líderes de fama universal. Nas suas próprias palavras: "As minhas pinturas são pinturas feitas por uma artista mulher, As histórias que eu conto são histórias que as mulheres contam. O que é isso de uma arte sem género? Uma arte neutra?". [...] "Há histórias à espera de serem contadas, e que nunca o foram antes, Tem a ver com aquilo em que jamais se tocou - as experiências de mulheres". Um discurso com que este particular domínio se integra na nova vaga feminista do último quartel do século XX, mas que não tem, necessariamente, uma leitura única. Qualquer que seja a área considerada, a da expressão artística, o da intervenção cívica e política, ou outro - o enfoque esencial, capaz de reunir correntes que vão em diferente direções, será o de propugnar, como Gisele Breitling: "uma nova e verdadeira universalidade em que o feminino assuma o seu lugar de direito e o masculino as suas verdadeiras proporções". 3 - Balbina Mendes tem, a meu ver, contribuído, poderosamente, para que as mulheres portuguesas assumam, na vida cultural do país, o seu "lugar de direito". Fá- lo, ocupando, simplesmente, esse lugar, com força anímica e talento de sobra, sem em nada se julgar discriminada, sem se sentir do lado de de lá de uma linha de fronteira... É um caso a a seguir no espaço, que se vai alargando, das exceções à regra. Mulheres que, à partida, se sentem consideradas como iguais, e cuja atitude de despreocupação com disparidades de género, contém, implícita, a exigência desse tratamento igualitário. À margem do discurso reivindicativo, alcançam as metas que ele se propõe. E será que a proclamação dogmática da especificidade de género, pode, no limite, paradoxalmente, dar azo a formas larvadas de discriminação?. É uma pergunta pertinente. A "arte com género" de que fala Paula Rego, pode, ou não, abaixo do patamar do génio a que ela subiu, transformar-se "de per si" não em sinal vanguardista de contracultura, mas em âncora de estereótipos de género, conotando o feminino com características convencionais que são, finalmente, uma menos valia? O ponto de interrogação vale para qualquer domínio... Recordo o crítico literário João Gaspar Simões, que, ao elogiar a força imanente da prosa de Maria Archer, o realismo puro e duro com que ela aborda temáticas ousadas, a qualificava não apenas como uma grande escritora, mas como "um grande escritor". E às poetisas consagradas, como Sophia, ou Ana Luísa Amaral, ainda hoje preferimos chamar Poetas. Ambíguo cumprimento, a que subjaz a conceção da masculinidade intrínseca do cânone... Certo é que para esta escola de pensamento, Balbina é uma das mulheres que merece o cumprimento, ainda que não se reveja na categoria de "um grande pintor". A sua arte não procura rivalizar com quem quer que seja, nem obedece a ditames ou limitações, numa trajetória imparável de inovação, de temáticas, de estética e policromia, de ensaio de técnicas ou de fusão de materiais É genuína e livremente Ela, transpondo para a pintura a experiência dos muitos mundos que a sua vivência atravessa e o seu olhar penetra! Original e inconfundível. Se me é permitida uma outra adjetivação, direi que tão carismática é a obra como a Autora... Uma admirável contadora de histórias, de vários tempos, do tempo presente a tornar-se passado, ou do passado no movimento e nas significações que o trouxeram até nós, em memórias, rituais, crenças que se reinventam no convívio com a natureza e as pessoas, figuradas em toda a sua magia, todo os seus segredos. No percurso narrativo de Balbina, para mim, no princípio era o rio... porque a conheci na exposição em que nos oferecia a história do Douro, correndo entre margens, da nascente até à foz, incorporado na beleza encantatória de paisagens, onde as gentes apenas se pressentiam, sem se verem... . Reencontrei, depois, Balbina num muito diverso e surpreendente ciclo temático, sobre as Máscaras Rituais do Douro e Trás os Montes, em que os homens se faziam presentes, mas ainda sem se verem... O início de uma incursão etnográfica em torno da máscara, num entrelaçamento telúrico de emoções e saberes, reinventados na tela, em explosões de cor... Voltando a uma leitura feminista, que não sendo a da Artista, nos é aqui permitida, nota-se a audácia com que se apodera, para a eternizar em arte, de uma tradição masculina, símbolo por excelência, da superioridade e camaradagem de sexo, da festa e do cerimonial rigorosamente interditos à mulher... É já um sinal da força subversiva e libertária da sua aventura artística. Logo depois, ultrapassa a última fronteira, no momento em que a fragmentação ou transparência da máscara põe o rosto a descoberto... o rosto feminino! Definitiva rutura do interdito, que Paula Rego saudaria com " o gozo pela inversão e desalojar da ordem estabelecida"... Com o que Balbina Mendes poderia estar, se quisesse, entre as maiores referências do movimento emancipatório de contracultura feminina nas artes, como a emblemática Paula sobre quem Ana Gabriela Macedo escreve: [...] ela questiona continuamente os chamados "corolários naturais" da diferença de sexos, bem assim como a suposta "ordem natural das coisas", que se traduz na passividade, dependência e submissão, desmistificando o discurso estético e desmascarando o seu papel eminentemente ideológico e as relações do poder, que aí se encontram camufladas [...]. Nesta mostra intitulada "Segunda pele" o tropo narrativo da Pintora, não nos revela, antes adensa o mistério dos jogos entre a face desocultada e as suas máscaras, mas revela-a, definitivamente, como assombrosa retratista do rosto, das suas metamorfoses, do tangível e do intangível. E confirma o seu incessante questionamento sobre o ser e o parecer. É, agora, também, na literatura que busca inspiração, glosando em linguagem pictórica o mote pessoano. Não há resposta qque não seja fonte de novas interrogações... Como diz Maria Velho da Costa: "Quem sou? Talvez seja quem vou sendo..." A pessoa, as personae Quo vadis, Balbina Mendes? Para onde nos levará, num ímpeto de transcender limites, a grande cultora de mistérios? .

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Voto de Congratulação pelos 40 anos do Conselho das Comunidades Portuguesas 2020

  Grupo Parlamentar do PSD apresenta Voto de Congratulação pelos 40 anos do Conselho das Comunidades Portuguesas PROJETO DE VOTO N.º …. /XIV/1.ª DE CONGRATULAÇÃOPELO 40.º ANIVERSÁRIO DA CRIAÇÃO DO CONSELHO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS Ao longo das últimas quatro décadas, o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) assumiu um papel central no plano da representação e da organização das comunidades portuguesas no estrangeiro. Embora a sua estrutura tenha evoluído profundamente, passando de um órgão representativo do movimento associativo para uma espécie de parlamento, com os seus membros eleitos diretamente pelos cidadãos eleitores, a verdade é que o CCP soube ser absolutamente central no domínio do debate das grandes questões que afetaram as nossas Comunidades.Faz assim pleno sentido, assinalar de forma especial, o momento em que, há 40 anos, por iniciativa de Manuela Aguiar, a então Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas do Governo liderado por Francisco Sá Carneiro, se realizou o Congresso que deu origem a este Conselho.Assim, a Assembleia da República, reunida em Sessão Plenária, assinala os 40 anos do Conselho das Comunidades Portuguesas, felicitando muito especialmente a Dra. Manuela Aguiar e todos os representantes das mais diversas Comunidades, que participaram na sua criação.  Palácio de São Bento, 23 de setembro de 2020  Carlos Alberto Gonçalves Deputado GP PSD  - Círculo Eleitoral da Europa Vice-Presidente da Comissão deNegócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas

sexta-feira, 1 de abril de 2022

MARIA ARCHER E OUTRAS MULHERES DE REFERÊNCIA E DE (IR)REVERÊNCIA Participantes

Mesa 1 | 10h30 -12h30 Moderação: Rosa Simas • MARIA LUISA MALATO (FLUP - ILC), “Catarina de Lencastre e o tema da guerra no limiar do século XIX” Maria Luísa Malato é Professora Associada, com Agregação, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Com vários estudos sobre Utopia, Teatro e Retórica, a sua investigação debruça-se essencialmente sobre a literatura dos séculos XVIII e XIX. Tem Mestrado (1988, pela Universidade de Coimbra) Doutoramento e Agregação (1999 e 2007, pela Universidade do Porto) em Literatura Comparada e Estudos Românicos. Numa perspetiva comparatística, os seus trabalhos visam comprovar a necessidade de uma prática que alargue o corpus de análise às relações que a Literatura estabelece com a Filosofia, os textos impressos com os textos manuscritos, os autores canónicos com os "menores". Membro ativo do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa e colaboradora do Instituto de Filosofia (UP) e Centro de Estudos de Teatro (UL), unidades financiadas pela FCT. Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Literatura Comparada (2013- 2018). Co-editora da Revista online de Filosofia e Literatura Pontes de Vista. • CLAÚDIA PAZOS-ALONSO (Univ. Oxford - ILC), “Onde se lê ‘feminismo pioneiro’... leia-se Francisca Wood” Cláudia Pazos-Alonso é professora de Estudos Portugueses e de Gênero, na Universidade de Oxford e na Fellow of Wadham College. Os seus interesses de pesquisa variam amplamente em literatura lusófona dos séculos XIX e XX. Atualmente é co-diretora de mestrado em Estudos da Mulher em Oxford e vice-presidente da Associação Internacional de Lusitanos. As principais publicações de livros incluem “Antigone Daughters? Gênero, Genealogia e Política de Autoria na Escrita de Mulheres Portuguesas do século XX” (2011, com Hilary Owen), “Imagens do Eu na Poesia de Florbela Espanca” (1997) e volumes co-editados, como “Reading Literature in Portuguese“, “Um Companheiro para a Literatura Portuguesa” (2009) e “Mais Perto do Coração Selvagem. Ensaios sobre Clarice Lispector” (2002). Juntamente com Fábio Mário da Silva, é responsável pelas recentes edições de Florbela Espanca (Estampa) e Judith Teixeira (Dom Quixote). Cláudia Pazos-Alonso acaba de publicar em Portugal o livro Anticlericalismo e feminismo na imprensa oitocentista. Os artigos de fundo de Francisca de Assis Martins Wood (2021, Edições Afrontamento). • M. LUÍSA TABORDA (FLUP - ILC), “Ana Plácido e uma cela só para si” Maria Luísa Taborda Santiago, licenciada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre e doutoranda em Estudos Literários Culturais e Interartísticos pela Universidade do Porto. Atualmente é colaboradora de um projeto de pesquisa Luso-Brasileiro que pretende publicar as obras completas da escritora portuguesa oitocentista Ana Plácido, objeto de estudo da sua tese de doutoramento. Trabalha com literatura brasileira e portuguesa e interessa-se particularmente pela escrita de autoria feminina, questões de género e poéticas e políticas do corpo. • ANA COSTA LOPES (Univ. Católica-CEPCEP), “Elisa Curado: uma progressista em tempos de cólera” Ana Costa-Lopes, Doutorada em Língua e Cultura Portuguesa pela Universidade Católica Portuguesa com Imagens da Mulher na Imprensa Feminina de Oitocentos, Tese publicada pela Quimera, Lisboa (2005) e Mestre em Estudos Luso-Asiáticos com a Tese Confluências e divergências culturais nas tradições contísticas portuguesa e chinesa, publicada pelas Universidades de Macau (2000) e Católica de Lisboa (2000). Investigadora do CECC e CEPCEP (Universidade Católica). Colaboradora do CLEPUL, Universidade de Lisboa com uma biografia sobre Elisa Curado (1858-1933) e, também, como Conselheira Científica (Portugal) da publicação das «Senhoras do Almanaque» do Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro. Autora de livros e artigos e de comunicações em congressos sobre a imprensa periódica feminina e história das mulheres; literatura tradicional; associações femininas. ---------------------------- Mesa 2 | 14h30 - 16h00 Moderação: Maria de Lurdes Sampaio ~ • ANA PAULA FERREIRA (Univ. Minnesota) - “Discurso imperialista e posicionamento anti-colonial: Maria Archer (1935-1963)” Ana Paula Ferreira é Professora Titular de Estudos Portugueses na Universidade de Minnesota. Fez o doutoramento na New York University, sendo colega de Margarida Losa. A sua investigação tem-se centrado na ficção portuguesa contemporânea, com ênfase no neorealismo, em mulheres escritoras e feminismos, raça e colonialismo tardio, bem como seus efeitos e restos pós-coloniais. Entre as suas publicações em livro, A urgência de contar: contos de mulheres, anos 40 (2002), trouxe `a luz muitas das escritoras esquecidas do período do Estado Novo, entre elas Maria Archer. Desde meados da década de 1990 tem publicado estudos parciais dos romances de Lídia Jorge, editando o volume, Para um leitor ignorado: Ensaios sobre o O Vale da Paixão e outras ficções de Lídia Jorge (2009). Editou ainda, com Margarida Calafate Ribeiro, Fantasmas e fantasias imperiais no imaginário português contemporâneo (2003); e com Ana Luísa Amaral e Marilena Freitas, New Portuguese Letters to the World: International Reception (2015). O seu último livro, Women Writing Portuguese Colonialism in Africa (2020), traça a história da agência que várias mulheres escritoras tiveram para a produção simbólica e não só do colonialismo português na África, desde finais do século XIX `a segunda década do século XXI. • ANA PAULA COUTINHO (FLUP - ILC), “Maria Archer: deslocação e (in) conveniência” Ana Paula Coutinho é Professora Associada com Agregação do Departamento de Estudos Portugueses e Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde tem lecionado sobretudo nas áreas da Literatura Comparada e dos Estudos Franceses. Doutorada em Literatura Comparada (1998) e com Agregação em Literaturas e Culturas Românicas (2010), sempre se dedicou à literatura contemporânea numa perspectiva comparatista, tendo nos últimos anos desenvolvido particular investigação no domínio das interculturalidades e das representações literárias e artísticas das migrações e do exílio. Foi Coordenadora Científica do Instituto de Literatura Comparada de Abril de 2015 até Janeiro de 2022. Coordena igualmente a base digital Ulyssei@s. Membro colaborador do CRIMIC (Université Paris IV), colabora ainda com o Programa Non-Lieux de l’Exil (Collège d’Études Mondiales – FMSH). É vice-presidente da Alliance Française do Porto. Dos livros publicados ou editados, destacam-se António Ramos Rosa. Mediação Crítica e Criação Poética (Quasi Edições, 2003. Prémio Ensaio Pen-Club); Lentes Bifocais – Representações literárias da Diáspora Portuguesa (Afrontamento, 2009), Passages et Naufrages migrants. Les fictions du détroit (com Maria de Fátima Outeirinho e José Domingues de Almeida), Paris, Harmattan, 2012; Nos & leurs Afriques. Images identitaires et regards croisés Constructions littéraires fictionnelles des identités africaines cinquante ans après les décolonisations (com Maria de Fátima Outeirinho e José Domingues de Almeida) Frankfurt, Berlin, Peter Lang, 2013. ELISABETH BATTISTA (UNAMAT) Da dominação à resistência: percurso de Maria Archer Elisabeth Battista é docente no Programa de Pós-graduação, Mestrado e Doutorado em Estudos Literários - PPGEL, da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Autora dos livros: MARIA ARCHER - O legado de uma escritora viajante, Editora Colibri, Lisboa, 2015; Sem o direito fundamental de voltar para casa? Maria Archer? Uma jornalista portuguesa no exílio, Editora Espaço Acadêmico, Goiãnia, 2019. Cultura e Literatura de Mato Grosso (organizado em parceria com Elizete Dall-Comune Hunhoff), Editora Espaço Acadêmico, Goiânia, GO, 2020; A Experiência Literária: Ensino e Leituras (organizado em parceria com Dagoberto Rosa de Jesus), Editora Espaço Acadêmico, Goiânia? GO, 2020. Possui quatro livros orgs; 40 capítulos de livros, 19 artigos publicados em periódicos; Pós-Doutorado na Universidade de Lisboa (2011-2012), e Pós-doutorado sênior pela Universidade de Aveiro (2018), no Centro de Línguas e Culturas. Integrou a Equipe do Programa Novos Talentos, CAPES/UNEMAT, Subprojeto: LINGUAGEM E TECNOLOGIARESSIGNIFICANDO A RELAÇÃO UNIVERSIDADE/ESCOLA; Fundadora do Centro de Pesquisa em Literatura - CEPLIT/UNEMAT (2007-2010); Diretora da UNEMAT Editora (2011); Editora da Revista ATHENA - periódico de alunos de Pós-graduação (atual); Editora da Revista de Estudos Acadêmicos do Curso de Letras (2002); Membro do Conselho Universitário - CONSUNI/UNEMAT (2011-2013); Membro do Conselho Regional por dois mandatos (2013- 2016); Presidiu o Conselho da Faculdade de Educação e Linguagem (2015-2018); Coordenadora da Pesquisa em Grupo: No Centro Oeste da margem: Cem Anos de relações entre Cultura e Literatura em Mato Grosso. (2013-2016); Editora do periódico Revista Ciência e Estudos Acadêmicos de Medicina da UNEMAT (2013-2018); Coordenou o Projeto de Extensão Revista Ciência e Estudos Acadêmicos de Medicina da UNEMAT; Formação: Licenciatura Plena em Letras - Português/Inglês (UNEMAT), Mestrado (FFLCH-USP - 2002) e Doutorado (FFLCH-USP - 2007), com a Tese: Entre Literatura e Imprensa: Percursos de Maria Archer no Brasil; Pós-Doutorado na Universidade de Lisboa (2011-2012), com Organização do Acervo Literário de Maria Archer, no Centro de Estudos Comparatistas, da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa. Pós-doutorado Sênior pela Universidade de Aveiro, sob a supervisão de Maria Fernanda Brasete, Portugal (2018) ---------------------------- Mesa 3 | 16h30 - 18h00 Moderação: Cláudia Pazos-Alonso • ISABEL PIRES DE LIMA (FLUP - ILC), “Mulheres na Revolução: das Três Marias a Agustina” Professora Emérita da Universidade do Porto. Doutora Honoris Causa pela Universidade de Sófia. Investigadora do Instituto de Literatutra Comparada Margarida Losa (I&D da FCT). Estudos em Literatura Portuguesa e Comparada e em Interartes. Autora de As Máscaras do Desengano - para uma leitura sociológica de ‘Os Maias’ de Eça de Queirós (1987), Trajectos -o Porto na memória naturalista (1989), Retratos de Eça de Queirós (2000), Visualidades – A Paleta de Eça de Queirós (2008) e editora de Eça e "Os Maias" cem anos depois (1990), Antero de Quental e o Destino de uma Geração (1993), Eça de Queirós / Paula Rego, O Crime do Padre Amaro (2001), Vozes e Olhares no Feminino (2001), C. Castelo Branco / Paula Rego, Maria Moisés (2005); co-editora de obras sobre Agustina Bessa-Luís, José Gomes Ferreira, Óscar Lopes, Vergílio Ferreira. Centenas de artigos em revistas como Camões, Colóquio/Letras, Dedalus, Metamorfoses, Portuguese Cultural Studies, Revista da Faculdade de Letras da UP, Semear, Trans-Humanities, Via Atlântica. Deputada à Assembleia da República (1999-2005/2008-9). Ministra da Cultura (2005-8). VicePresidente da Fundação de Serralves (desde 2016). • MÁRCIA OLIVEIRA (Univ. Minho/CEHUM), “Womanart: Mulheres, Artes, Ditadura” Márcia Oliveira é bolseira de pós-doutoramento FCT em Estudos Artísticos/História da Arte no CEHUM (SFRH/BPD/110741/2015) e pertence ao grupo de investigação em Género Artes e Estudos Pós-Coloniais. Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Coimbra e mestre em Estética pela FCSH-Universidade Nova de Lisboa concluiu o doutoramento pela Universidade do Minho em 2013 com tese sobre arte e feminismo em Portugal no contexto pós-revolução. Foi visiting scholar no Centre for Women in the Arts, Rutgers University, NJ, USA, de Agosto a Novembro de 2016. É Investigadora Co-Responsável do Projeto WOMANART: Women, arts and dictatorship: Portugal, Brasil and Portuguese speaking African countries, financiado pela FCT PTDC/ARTOUT/28051/2017) tendo como investigadora responsável Ana Gabriela Macedo. • DEOLINDA ADÃO (Univ. Berkeley), “A audácia de escrever: uma abordagem da produção literária feminina” Deolinda Adão é Professora e Directora Executiva do Programa de Estudos Portugueses na Universidade da Califórnia, em Berkeley. É licenciada em Literatura e Línguas Hispânicas na Universidade da Califórnia em Berkeley em 2002 e doutorada em Literaturas e Culturas Luso-AfroBrasileiras pela mesma universidade em 2007, com especialização em mulheres, género e sexualidade. O tema da sua dissertação foi “A study of the construction of feminine identity in Portuguese literature”. Publica regularmente livros e artigos sobre o género feminino, com destaque para migrações femininas incluindo “As Herdeiras do Segredo: As Personagens Femininas na Ficção de Inês Pedrosa”. Em 2018, foi eleita Presidente da Luso-American Education Foundation, da qual já era membro desde 1996. Esta fundação dedica-se à promoção da Língua e Cultura Portuguesas no Estado da Califórnia. É membro do Conselho da Diáspora Portuguesa desde 2013