quinta-feira, 12 de abril de 2018

VISITA AO CANADÁ PORTUGUÊS

Visita a UM CANADÁ PORTUGUÊS 1 - Em fins de março, passei três dias no Québec, com um intenso programa cultural, a convite de dois jornalistas, que são meus amigos há quase 40 anos - a beirã Adelaide Vilela, que, em matéria de "media", toca todos os instrumentos, incluindo rádio e televisão, e o açoriano Norberto Aguiar, diretor do jornal Lusopresse. Adelaide apresentou os seus dois últimos livros (um dos quais tive o gosto de prefaciar), de uma forma original, num jantar com 200 convivas, no salão de uma das várias centenas de associações, que na América do Norte, são dedicadas ao Divino Espírito Santo, o mais português dos cultos religiosos, que se deve a Isabel de Aragão - a nossa Rainha Santa Isabel, paladina do fraternalismo cristão, de uma igreja espiritualista, voltada para os mais pobres, despojada de pompas e poder material, como atualmente a quer o Papa Francisco. (O culto do Espírito Santo, que Portugal levou a todo o universo da lusofonia, sobrevive, hoje, sobretudo, nos Açores, nas comunidades da sua emigração, e, também, em antigos povoados do Brasil, como Parati ou Alcântara, embora com lamentável ignorância da sua raíz portuguesa.). A grande festa de Adelaide, teve, entre múltiplos méritos, o de envolver muitos jovens, nascidos no Canadá, que entre música, felicitações e mensagens dos mais velhos, leram (e que bem!), algumas poesias e trechos da sua prosa. Um excelente meio de estimular a aprendizagem da língua, uma das causas maiores desta "mulher de armas", em luta constante pela expansão da nossa cultura. No dia seguinte, o jornal Lusopresse, organizou, pela 18º vez consecutiva, o seu "Dia da Mulher", com uma homenagem especial a Maria Barroso, que dez anos antes, na presença da Ministra da Imigração e outras figuras da política canadiana, numa sala cheia de portugueses, fora a principal protagonista de idêntica cerimónia, em que tive a sorte de a poder acompanhar. 2- Nas nossas comunidades, as comemorações de uma efeméride, ultrapassam, frequentemente o dia do calendário. Assim, por exemplo, o Dia de Portugal pode estender-se por uma semana de variados eventos, (festivais de música, paradas, jogos, exposições, conferências...), ao longo do mês de junho. O mesmo se diga do Dia Internacional da Mulher, que não se limita ao 8 de março. Se não coincidir com o fim de semana, é logo transferido para um sábado ou domingo. E qualquer sábado ou domingo do mês guardam o simbolismo da data! São dois exemplos, neste aspeto semelhantes, mas muito distintos, no que respeita à generalização e dimensão das realizações em que se traduzem. O dia nacional é celebrado pela Diáspora, universalmento, com um entusiasmo e uma paixão, que não têm paralelo dentro do país, onde, para além de atos oficiais, é visto como um simples feriado para ir ao "shopping", ou à praia, se o tempo estiver de feição. O Dia da mulher, em comunidades do estrangeiro, (regra geral, ainda menos sensíveis às questões de género do que as comunidades do território), é quase completamente ignorado. A mais antiga e notável exceção, de que tenho conhecimento, - em assunto que dificilmente escaparia ao meu conhecimento, em perto de quatro décadas de convívio com emigrantes - é a levada a cabo pelo "Lusopresse". Em 2018, ainda se contam pelos dedos das mãos, e são, maioritariamente, promovidas por associações femininas, as iniciativas que vão surgindo... Nas 18 jornadas que o Lusopresse dedicou à Mulher, o enfoque tem sido colocado em diversos domínios ou temáticas. Este último. em que fui oradora, num painel que partilhei com portuguesas muito jovens, questionava o poder das mulheres. Como definir o "poder" ? Pergunta com mil e uma respostas possíveis. Eu falei, sobretudo da resposta que Maria Barroso deu com o seu percurso na vida - o "poder" ao serviço da dignidade das pessoas, de uma cultura de paz e fraternidade, o poder que se pode exercer no palco do teatro, na escrita, numa sala de aulas, no terreno da política, ou do puro voluntariado.... 3 - Há muitos anos que não faço excursões de férias (para férias há o mar de Espinho!), e prefiro investir em viagens ao estrangeiro, já não para ver paisagens novas, mas para reencontrar velhas amizades. E para manifestar apreço e reconhecimento a pessoas e instituições que oferecem ao País existência nas "sete partidas do mundo". Entre elas, jornais e jornalistas têm papel insubstituível,e, desta vez, foram eles a motivação para cruzar o oceano, em muitas horas de voo!. A imprensa da emigração é, em tudo, semelhantes à imprensa regional, aos jornais de cada terra, na medida em que começam por ser parte da construção da sua identidade, e acabam por a retratar, guardando memórias, fazendo a história. Isto é tanto mais verdade, quanto melhor for a sua qualidade (que não falta quer ao "Lusopresse" do lado de lá do Atlântico, quer à "Defesa de Espinho", do lado de cá). Todavia, mesmo os congéneres mais modestos, os que enchem páginas com meras transcrições das agências noticiosas e fotos das festas comunitárias, são mais importantes do que nos pode parecer, pois até o que é pura cópia, pode vir a torna-se informação útil sobre interesses, prioridades, mentalidades, e tudo o mais é registo inédito para a posteridade... Assim foi, e assim julgo que continuará a ser, na era na internet. Uma comunidade da Diáspora, como uma terra portuguesa, sem a sua imprensa (de preferência em papel....), não tem passado nem futuro, só o presente, a morrer em cada dia. que finda

terça-feira, 10 de abril de 2018

COLÓQUIO "A MEMÓRIA COMO HERANÇA"

PROGRAMA DO COLÓQUIO -  A MEMÓRIA COMO HERANÇA

 - Local: Câmara Municipal de Mineola, NY 20 de Janeiro 2018 Abertura: Paulo Pereira: Vice-Presidente da Câmara Municipal de Mineola Cônsul-Geral Manuela Bairos: apresentação do programa e Boas Vindas à convidada de honra, Dra Manuela Aguiar, Presidente da Associação da Mulher Migrante 10.00 – 11.30 A língua Portuguesa como Herança Tema para reflexão: o papel da língua portuguesa como suporte e transmissor da identidade e da herança portuguesa junto das comunidades portuguesas e em particular o papel das escolas comunitárias e das famílias na preservação desta herança. Participação: todos os diretores/conselhos diretivos, professores ou pais/encarregados de educação nas Escolas Portuguesas do Estado de Nova Iorque Partilha de experiências e de sugestões sobre as expetativas de futuro para o ensino da língua portuguesa junto das novas gerações. Projecto de Memória - entrevista dos alunos aos avós sobre as suas histórias de emigração Moderador: Dr José Carlos Adão Coordenador-Adjunto de Ensino - Dr José Carlos Adão “língua portuguesa como língua de herança” As escolas comunitárias como suporte da herança portuguesa e da identidade luso-americana Cônsul-Geral Manuela Bairos Projecto escolar: entrevista dos alunos aos avós sobre as suas histórias de emigração Período de interação com professores e diretores das Escolas comunitárias Presidente da Mulher Migrante, Dra Manuela Aguiar O papel da comunidade (dos professores e alunos e das famílias) na defesa do património da língua de herança e da cultura portuguesa. 11.30 – 12.45 A Culinária portuguesa como Herança Tema para reflexão: Papel da culinária portuguesa como afirmação da identidade e cultura portuguesa. Partilha de experiências sobre sucesso de culinária portuguesa como instrumento de afirmação da nossa cultura: restaurantes, pastelarias, clubes, catering de comida portuguesa Projeto de memória: recolha de receitas portuguesas que tenham sido transpostas para os restaurantes, clubes e lares portugueses, incluindo aquelas que se tenham afirmado no país de acolhimento (Leitão da Bairrada, crepes de Aveiro, bacalhau, bitoque, pão de ló, alcatra açoriana, pastel de nata, malassadas, o pão português, etc). Partilha de testemunhos: Manny Carvalho (Bairrada Restaurant – Leitão da Bairrada), Anthony Gonçalves (Kanopi Rest White Plains – Nova Cozinha Portuguesa), Monica Oliveira (doces de Aveiro), Fernando Viegas (Academia do Bacalhau - Bacalhau). Todos os participantes são convidados a trazer uma receita que a família tenha trazido de Portugal e que seja importante para a preservação da sua memória familiar de origem. Objetivo: executar um livro com estas “receitas com memória” 13.00 – 14.00 ALMOÇO (almoço buffet ligeiro oferecido, terá lugar no local do encontro. Câmara Municipal de Mineola) (TARDE) Observação prévia A reflexão a realizar nestes quatro painéis em torno do tema "Identidade Luso-Americana como Herança Portuguesa", terá também em vista identificar a eventual existência de especificidades de género na afirmação da identidade de origem portuguesa, na afirmação profissional, no associativismo ou na participação cívica e política entre a nossa comunidade imigrante. Em certos momentos, será estimulada a consciencialização sobre o papel das famílias, dos pais e dos avós na preservação e passagem dessa memória cultural e identitária às novas gerações, sem perder de vista a questão do género que ainda parece pertinente numa comunidade tradicional com tarefas e papeis diferenciados dentro das famílias. Identidade Luso-Americana como Herança Portuguesa Convidada de Honra: Dra Manuela Aguiar Apresentação da convidada de honra e do programa da tarde pela Cônsul-Geral 14.30 – 15.00 - Intervenção de abertura pela convidada de honra, Dra Manuela Aguiar 15.00 – 15.45 Identidade de origem portuguesa Moderador: Paulo Pereira Tema para reflexão: o que significa ser americano de origem portuguesa numa perspetiva de identidade pessoal, de afirmação profissional e de pertença a uma comunidade de origem portuguesa. Como é encarada essa identidade nos meios americanos e como que ideai tem os americanos de outras comunidades sobre Portugal e sobre os Portugueses. Partilha de testemunhos de pessoas bem integradas nos meios americanos, designadamente já nascidas nos Estados Unidos. Todos serão convidados a dar o seu testemunho, em língua inglesa se essa for a sua preferência. Testemunhos: Palmira S Cataliotti, Ana Rodrigues, Marco Silva 16.00 – 16.45 Participação cívica e associativismo Tema para reflexão: associativismo e participação cívica nas Comunidade Portuguesas: o papel do associativismo na formação da consciência e identidade portuguesa, na preservação das tradições portuguesas (língua portuguesa, música/Fado, ranchos folclóricos, filarmónicas, futebol, culinária, artesanato, música e celebração dos eventos maiores da cultura e tradição portuguesa) Reflexão sobre a evolução futura dos clubes portugueses na passagem do testemunho para as novas gerações. Expetativas sobre o papel de Portugal designadamente através dos Consulados em apoio às atividades dos Clubes. Testemunhos iniciais: Agostinho Saraiva (Ossining); Bruno Machado (líder associativo e conselheiro das comunidades portuguesas); Silvia Curado (PAPS), Convidados especiais: todos os presidentes e ex-presidentes de clubes portugueses, ou membros de direção ou indivíduos que se tenham empenhado ainda que de forma mais informal em promover o associativismo e a participação cívica junto das comunidades portuguesas. Em particular o papel das mulheres na liderança de Clubes Portugueses (Isabel Melo, Amélia Gonçalves-Jamaica, Ilda Fontoura- Jamaica, Anália Beato- New Rochelle, Cristina Santos-Yonkers, Bela Ferreira-Tarrytown, Maria Carvalho-Tarrytown, (alguns convites aguardam confirmação) 17.00 – 17.45 Afirmação profissional Tema para reflexão: dificuldades ou vantagens encontradas no percurso de um luso-americano desde a sua formação escolar e académica até à sua afirmação nos meios profissionais Recomendações para os novos emigrantes, para as novas gerações Moderadora: Dra Manuela Aguiar Testemunhos de todos quantos desejem partilhar a sua experiência Testemunhos iniciais: Laurinda Ferreira, Tony Castro, Marlene Lobato (tbc), Adelino Pastilha 18.00 – 18.45 Participação na vida pública e política Tema para reflexão: como surgiu a opção pela vida pública ou política (família, escola, mentores, etc)? O que isso significou para quem tem origens estrangeiras ainda recentes? Importância destas opções para a comunidade portuguesa e como “role models” para a juventude; como partir de um background português e procurar apoio noutras comunidades étnicas, que desafios, dificuldades e oportunidades?; Recomendações sobre sensibilização das nossas comunidades para serem cada vez mais ativas na participação na vida pública e política, através do voto e forma de apoio a candidatos luso-americanos Moderadora: Dra Maria João Ávila Testemunhos: Rosa Rebimbas; Paulo Pereira; Maria Araujo Khan ; Jack Martins; Janice Duarte JANTAR 19.00 Jantar no Mineola Portuguese Center