domingo, 31 de agosto de 2014

MARTINEZ FICA!

Já soaram as 12 badaladas nesta noite de 31 de Agosto e J M continua cá (ainda há mercados abertos, mas não parece que nos levem o goleador...). Fantástico, este ano, com alma nova! Mais dois golos, depois daquele que abriu a contagem - o de Oliver, numa bela jogada começada no passe perfeito de Quaresma.

CAPITÃES "IN ITINERE"

Jogadores em trânsito,  imigrantes temporários, à espera do próximo contrato de trabalho,  num outro clube, num outro país, recebem com naturalidade a braçadeira de "capitães", que outrora era de verdadeiros símbolos eternos de um clube...
É assim um pouco por todo o lado. É o futebol como negócio, para além do futebol como desporto. São raros os jogadores da formação, os que  sentem o emblema como coisa sua, os que, mesmo que tenham vindo de longe,  estão onde querem ficar´.
Nós, adeptos fieis a vida inteira, não deixamos de admirar os que nos encantam com o seu talento, por uma breve época ou duas. Mas sabemos distinguir os que são verdadeiramente "nossos" e os outros.
 João Pinto, Jorge Costa, Victor Baía foram alguns dos grandes capitães do FCP, que é o meu clube e o deles também. Agora, esse título não tem o mesmo sentido. Se tivesse, claro que Quaresma era o nosso capitão. As palmas dos adeptos, que hoje saudaram tão vibrantemente a sua entrada em campo, não deixam margem para dúvidas. 



terça-feira, 26 de agosto de 2014

PORTO E ZENIT NA FRENTE

Ambos, felizmente, com justiça e sem dificuldade.
Felizmente, digo, porque o FCP é o meu clube e o Zenit, enquanto lá estiverem André Villas Boas e Hulk, é o meu 2º clube nesta "champions".
Que saudades de AVB...
Que bom foi ter um verdadeiro portista a treinar o Porto, com tanto talento, tanta simpatia, tanta qualidade técnica e humana!. Que bom foi termos ganho, com ele, tudo o que havia para ganhar.
ABV, o homem do grupo, como ele próprio se intitulou, em Londres.
 O que nunca quis impor a "equipa do homem", mas ser o "homem da equipa". É a diferença que vai do estilo de Co Adriaanse (que eu detestei do primeiro ao último momento) ao de AVB ( o meu paradigma de excelência). ABV está na nossa história e no nosso coração.
Mourinho é fantástico, mas está somente na nossa história, com aquela equipa, que foi a melhor do mundo (e que começara a ser construÍda com 3 reforços, ao tempo rigorosamente anónimos; Derlei, Nuno Valente e Paulo Ferreira

PASSA CULPAS...

Depois do mais do que previsível fracasso da selecção de futebol no mundial do Brasil, vem agora o presidente da FPF anunciar a criação de várias novas  estruturas para preparar o futuro... Uma delas é um gabinete de saúde e performance (não sei se retive o título correctamente, mas se não é este é coisa parecida).  Gabinete chefiado por Paulo Bento. Promete... mais fracassos, naturalmente

domingo, 24 de agosto de 2014

BENTO, ANTI- QUARESMA...

Não faço comparação com outros jogadores geniais, de ontem ou de hoje, como Futre,  Deco,  Hulk  ou Lucho Gonzalez, para só falar dos que representaram o FCP...
Quaresma é Quaresma!
Nem todos os génios são fáceis de dirigir.Talvez Quaresma não seja dos mais fáceis. É preciso saber, como Jesualdo sabia. É certamente um desafio que vale a pena - mas não é para qualquer um...
A Quaresma, como jogador, dou nota 20.
A Paulo Bento, o selecionador nacional, que foi incapaz de compreender Quaresma, e que levou para o Brasil uma "equipa cansada", que envergonhou o País, dou  nota zero.
A Lopetegui, vamos a ver...

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

FUTEBOL PORTUGUÊS. Referências...

Hoje, num programa desportivo, o Dr Dias Ferreira salientava a importância  de "referências portuguesas" nos nossos clubes de futebol.
Não vejo as coisas assim.  Acho importantíssimo que haja "referências", sejam elas de que nacionalidade forem... O meu FCP tem, felizmente, na sua história, grandes  jogadores estrangeiros, que são verdadeiros símbolos dos valores e afetos de que se faz a sua identidade.
Por isso, para mim, o fator "nacionalidade" só releva no que respeita à seleção. E, na seleção, cidadãos de origem e naturalizados são perfeitamente iguais.

sábado, 2 de agosto de 2014

1974 1976 A GRANDE MIGRAÇÃO DE RETORNO

 1 -  Retorno é um substantivo que tomou para nós, desde 1974, um
sentido particular, que o confina a uma determinada migração: a que se
seguiu ao fim das guerras de independência na Africa lusófona,
determinada pela força das circunstâncias, cheia de dramas individuais
dentro do drama coletivo da descolonização. Uma imensa vaga
migratória, única e irrepetível no quadro de séculos de expatriação,
em que o regresso a casa fazia parte do projeto inicial, mas não se
concretizava as mais das vezes. Não houve nunca efeito demográfico
comparável após a perda de outras colónias, no ocaso de outros
impérios portugueses - o do Oriente, que se desagregou, devagar, na
era Filipina, o do Brasil, para onde, depois da independência, os
fluxos de saída se mantiveram imparáveis, ou, em fins do século XX, o
fenómeno especialíssimo de Macau, território logo depois convertido
numa das "sedes" culturais e económicas da CPLP, a instituição cujo
alcance a China parece compreender melhor do que Portugal ou qualquer
outro Estado...
De tudo isto se falou num debate que a Associação de Estudos Mulher
Migrante promoveu, em parceria com a Câmara de Gaia, no Arquivo
Municipal Sophia de Mello Breyner, a 3 de julho. A iniciativa
integrou-se num ciclo de colóquios sobre a revolução de Abril e quatro
décadas de migrações portuguesas e  teve como principal orador o Dr
Amândio de Azevedo, antigo Secretário de Estado para os Retornados a
partir de Janeiro de 1976, quando substituiu nessa pasta Vasco Graça
Moura..
 Amândio de Azevedo, que começou a sua militância cívica nos anos 60,
no grupo de católicos portuenses ideologicamente próximos do Bispo do
Porto, viria a ser um dos "pais " da democracia nascente em 1974. Os
altos cargos que desempenhou ao longo de mais de 30 anos (entre
outros, Deputado da Constituinte, Vice Presidente da AR, Ministro,
Embaixador da CEE no Brasil), terão deixado na sombra essa primeira
missão governamental que durou um semestre, o tempo certo para pensar
e executar uma estratégia nova, que mudou o destino de dezenas e
dezenas de milhares de famílias e o ritmo de desenvolvimento de muitas
terras, sobretudo em zonas do interior, contrariando o que seria
expectável em período de tão grande turbulência e incerteza. O seu
mandato breve foi o momento de viragem de uma política generosa, mas
puramente assistencialista e centrada em Lisboa, para uma dinâmica de
inclusão social e económica, pela criação de oportunidades de
empreendimento e emprego nas diversas regiões do país

.Diz-se que o modelo português de integração de quase um milhão de
pessoas, que nada traziam consigo, para além da sua vida para viver, é
exemplar. E, de facto, é-o, a nível europeu e universal. Uma boa razão
para analisar a forma como foi implementado…
 2 -–  O modo como os governos se moveram face à grande vaga do
retorno , mesmo no quadro das comemorações do 25 de Abril não tem, a
meu ver, tido a centralidade que justifica.

A primeira observação: independentemente das críticas que possam
fazer-se à descolonização, - que é neste domínio o aspeto mais vezes
abordado -  há que reconhecer o empenho dos executivos, que se
sucediam, na tarefa ciclópica de acolher  todos os nacionais que
chegavam em turbilhão, num vai-vém de pontes aéreas … Aqueles eram
tempos em que havia um capital de solidariedade humana, que hoje
parece andar perdido nos corredores do poder…
Nos primeiros meses de 1976 não se alterou a dominante solidária, mas
deu -se uma rápida e muito bem planeada transição para uma política de
mobilidade geográfica e motivação empresarial ou mais latamente
ocupacional Fora do campo de ação destas medidas estavam muitos com as
suas situações já resolvidas -   funcionários públicos reintegrados
nos serviços do Estado e aqueles que se haviam espalhado pelo país,
encontrando, sem recorrer a apoios estatais, o seu caminho. Em Lisboa
concentravam-se, então, os outros, os sem emprego, os que ocupavam
quartos de hotéis e faziam as refeições quotidianas com vouchers para
restaurantes a cargo dos governos. Mês após mês. Um guetto dourado,
muitísimo dispendioso para o erário público –  que nem por isso
deixava de ser um guetto…

O abandono deste esquema foi feito rapidamente, em diálogo com os
cidadãos, e com ganhos para eles e para o Estado

Terminou com a ocupação hoteleira, com um realojamento mais precário,
mas em condições dignas, em edifícios públicos (como antigos quartéis,
antigos sanatórios) ou em casas pré-fabricadas, como as que a Noruega
oferecera para o efeito.

 Foi atribuído subsídio de desemprego, que cada um geria conforme
entendesse, em qualquer ponto do país. (Creio que a descentralização
da assistência, completada por ajudas das autarquias locais foi parte
fundamental do sucesso, tão glosado depois)... Foi, ao mesmo tempo,
criado um Fundo financeiro, inicialmente composto por um donativo de
um milhão de contos do governo dos EUA, destinado a constituir o
“capital próprio”, com que estes portugueses se podiam candidatar a
empréstimos bancários para projetos de investimento.
 Foram inúmeros os que resultaram. Souberam, na sua maioria, viver a
viragem das políticas. Saíram do guetto, da situação de dependência:
Um retorno dentro do
retorno…O primeiro foi um  mero exílio, o segundo uma escolha livre e
cidadã de pertença, de participação, de retoma do lugar que era seu em
Portugal

"MIGRAÇÕES. QUE PERSPETIVAS?" Abertura do colóquio

Vamos, em conjunto, na verdadeira capital da emigração portuguesa, que é Paris, refletir sobre a realidade recente deste fenómeno estrutural na vida do nosso país
 É significativo que o possamos fazer na sala Bourjac da Sorbonne - é sinal de que uma universidade de renome universal há muitos séculos, se tornou já a um espaço aberto às segundas gerações de portugueses, e não só como estudantes, mas também como professores e diretores de departamentos. Com  todo o gosto o sublinhámos: é este o caso da organizadora do colóquio e dirigente da AEMM, Porf Doutora Isabelle Oliveira , e também da Doutora Custódia Domingues, que com ela colaborou. Para ambas, os nossos
agradecimentos!.
O título escolhido pela Profª Isabelle Oliveira para a jornada de trabalho que aqui nos reune termina com um ponto de interrogação - lança-nos perguntas, para as quais queremos encontrar respostas: Que
perspetivas para a emigração portuguesa?
 É a antecipação do futuro num ciclo de colóquios da Associação de Estudo Mulher Migrante, que começa no tempo passado, na revolução do 25 de Abril, percorrendo quatro décadas de grandes mudanças, de democratização da vida política no País, com projeção nas políticas de emigração, no relacionamento dos poderes públicos com os cidadãos e as instituições da "Diáspora".
 O nosso objetivo principal é ouvir o que têm a dizer os muitos participantes nestas jornadas sobre as migrações contemporâneas, assim como, em particular, sobre a evolução do papel das mulheres nos
movimentos de expatriação  e de retorno e no movimento associativo:. Partimos da história e da memória de sucessivas gerações para chegarmos ao momento atual, às linhas de continuidade ou de rotura, que se antevêem.
 Se em anteriores encontros  acentuámos diversos momentos desta trajetória, hoje, aqui, vamos, sobretudo, convidar a uma avaliação da dimensão atual do fenómeno migratório, sua composição, em termos de género, de qualificação, de projetos, de situação profissional, de  propensão associativa (as novas formas que vai configurando) assim como da evolução das relações entre os emigrantes e as sociedades de origem e
de residência.
Demos ao ciclo de debates o título de "4 décadas de migrações em Liberdade", e estamos a desenvolve-lo em parceria com a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e várias instituições da sociedade
civil, dentro e fora do país. O primeiro ato foi em Março, no Palácio das Necessidades,  com intervenção de abertura do Secretário de Estado Dr José Cesário, que assim nos deu mais uma prova no seu empenho  em
promover a igualdade de género na emigração, condição de uma liberdade realmente vivida no quotidiano das comunidades..
Seguiram-se outros colóquios em duas escolas secundárias de Espinho, e, em fins de abril, na Universidade de Berkeley (Califórnia), pela mão da Prof Doutora Deolinda Adão; em Junho, na Universidade Aberta de Lisboa/ CEMRI,  organizado pela Prof Doutora Ana Paula Beja Horta, que hoje está de novo connosco para a partilha das suas experiências e estudos.  E mais iremos realizar, até ao termo de 2014...
Na minha intervenção no 1º painel terei ocasião de falar sobre os mecanismos institucionais para a execução das políticas de emigração e, em especial, de um órgão que marca o princípio de uma era de diálogo e de relacionamento democrático entre governo e representantes das comunidades, como é o CCP.
Agora farei apenas uma chamada de atenção para a natureza essencialmente interministerial das políticas neste domínio - pois a resolução dos problemas dos migrantes passa por todos os pelouros e ao Secretário de Estado compete, para além da ação direta em determinados setores - caso do acompanhamento dos movimentos migratórios, dos condicionalismos concretos oferecidos no estrangeiro aos nacionais, da  vida associativa, do apoio consular,  informativo, cultural e social ou da participação em organizações internacionais sobre migrações  -  também  uma ação constante de sensibilização dos colegas de governo para as especificidades da situação dos emigrantes nas mais diversas áreas.
E eu sei, por experiência própria, que esta última tarefa é a mais difícil.. .Quantas vezes outros governantes falam dos assuntos impropriamente, sem o ouvir ou consultar, como deviam... Todos estamos lembrados daquela infeliz exortação de um novíssimo Secretário de Estado da Juventude a que os jovens portugueses deixem a sua "zona de conforto" e se expatriem... Nunca ouviriam coisa semelhante da boca de nenhum SECP e muito menos do Dr José Cesário, que tanto se preocupa em dar informações corretas, quer ao País sobre o número avassalador dos que saem, quer  aos candidatos à emigração sobre a absoluta necessidade de nenhum deixar o país, sem procurar saber o que o espera, e com o que pode contar...
Os números, são de facto avassaladores e falam, por si, expressivamente, de falta de oportunidades e de horizontes de esperança dentro da fronteiras..
É uma realidade tremenda! Portugal, ao longo destes 40 anos deu aos portugueses o direito de emigrar e de regressar, mas ainda não lhes deu o "direito a não emigrar"!.
E, ao mesmo tempo a que  vê partir uma imensidão de portugueses (de todas as idades, mulheres e homens muito ou pouco qualificados...), como forma de resolver problemas de desemprego e de pobreza, não consegue dotar-se dos meios institucionais que já teve  e veio a desmantelar, na década de 90, quando, prematuramente, se ufanou de ter deixado de ser país de emigração, poucos depois da adesão à CEE...
Um outro aspeto que me preocupa é a anunciada junção dos serviços de emigração e imigração. Não porque a ideia não seja teoricamente interessante, mas porque em Portugal receio que sirva para
subvalorizar a componente da emigração portuguesa - a que está mais longe, a que se ignora com mais facilidade...
São algumas das questões que sugiro para debate
óquio