sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

1- Em fins de 1968, conheci, em Paris, o Padre Mário Lajes, que, como eu, era um dos bolseiros residentes na "Casa de Portugal" da Cidade Universitária de Paris. É sobre a memória desse tempo que escreverei algumas linhas, apenas notas soltas, circunstanciais, lembrando episódios passados com o então jovem Padre tão erudito, mas tão despretensioso e comunicativo. E saliento estes seus atributos, em particular, porque foram, a meu ver, determinantes no ascendente, no papel central assumido no círculo de amigos que rapidamente iria traçar contornos naquela residência de estudantes, recriando uma espécie de fronteira intangível do nosso país, ali transposto por nós, uma geração de expatriados, uma geração nova, expectante e desejosa de mudanças.
Sabemos, todos, o trabalho que nas décadas seguintes preencheu a sua vida como sacerdote, professor, investigador, cidadão empenhado nas questões sociais, no mundo da cultura, capaz de conjugar a enorme multiplicidade de dons e qualidades em acções notáveis e em missões sempre marcadas pela generosidade. Esse futuro já então de algum modo se podia predizer…
O Padre Mário (como sempre, até hoje, lhe chamei) foi, de facto, aí, onde era mais natural e fraterna a aproximação entre “emigrados”, um dos principais suportes da pequena “comunidade” (mais uma, no infinito rol das comunidades portuguesas espalhadas, transitória ou duradouramente, pelo globo…) nascida, assim, de forma espontânea, sem precedência de qualquer manifesto propósito de agir no campo político ou social – em boa verdade, sem outra intenção inicial que não fosse a de um puro e simples convivência e entreajuda. Mas o convívio quotidiano logo deu lugar à amizade, à partilha de ideias, de experiências, de preocupações sociais, de planos e iniciativas, numa forma dinâmica de relacionamento, num grupo que as circunstâncias, de algum modo, fechavam ao exterior, reforçando-o no interior.
Muito por causa do Padre Mário e de outros sacerdotes, que, residindo ou não na “Cité”, connosco reuniam nos tempos livres, passamos a ser rotulados como “ católicos progressistas”… Na realidade, alguns eram e outros não eram católicos praticantes, e a maioria não tinha aquela forma de envolvimento político que a referência a "progressismo" fazia antever. Em todo o caso, acho que se pode ir ao ponto de afirmar que nos unia a crença nos valores do cristianismo e da democracia. Acho que as palavras e os conselhos do Padre Mário, sempre ponderados e nunca impostos dogmaticamente, muito contribuíram para aquele rótulo “fácil” ganhasse mais consistência e verdade…
A primeira fotografia do grupo foi tirada (quem o imaginaria?) à volta de enorme boneco de neve, no Parque Montsouris - do outro lado do Boulevard Jourdan, que é uma das fronteiras da "Cité”. Irresistível, pelo visto, assinalar a alegria de "gente do sul", contente com a queda do primeiro dos nórdicos nevões do inverno parisienses! E lá está, entre uma vintena de rostos sorridentes, o Padre Mário, que, se bem me lembro, foi dos que mais bolas de neve jogaram para os restantes retratados… A data: Novembro de 68. Éramos ainda, na quase totalidade, recém-chegados a Paris e, apesar disso, o “colectivo” já estava formado, com praticamente os mesmos componentes que o haviam de constituir, sem cisões nem conflitos, ao longo de dois anos académicos. O que, atribuo, sem dúvida, à capacidade de liderança não imposta, não declarada e nem sequer assumida, mas nem por isso menos influente, do núcleo central, onde se distinguia, não querendo distinguir-se, o Padre Mário. Cultura superior, simpatia, disponibilidade, bom conselho - tudo dado a todos, de uma forma discreta - transformaram-no num "líder" improvável, mas autêntico de um complexo muito heterogéneo de bolseiros (em grande parte, futuros académicos), especialistas nos mais variados domínios das ciências, letras e artes. A boa disposição e o sentido de humor não escolhiam domínio e abundavam… a começar pelo próprio Mário Lages. Na conversa que fluía, nas divagações de natureza intelectual, nas inquietações de ordem social ou moral ele era invariavelmente o mais importante dos interlocutores, mas os seus ensinamentos estendiam-se, também, a matérias mais comezinhas, como a indicação de livrarias onde os estudantes tinham bons descontos (para além dos livros a ler - devo-lhe a introdução do que viria a ser um dos meus autores favoritos, P.G. Wodehouse), dos filmes que valia a pena ver, ou a dos mais agradáveis (e económicos) restaurantes do "Quartier Latin" que, juntando muitas mesas, em comum, frequentávamos, … Ao fim-de-semana, não raras vezes, organizava passeios de "turismo cultural", por Paris e arredores - visitávamos catedrais, palácios, museus. Tudo se tornou mais fácil, à medida que alguns foram comprando carros e dando boleia aos outros. O Padre Mário decidiu-se por um"Austin mini". O que ninguém esperava era a sua transformação ao volante… Do ponderado e sereno Doutor Lages não se esperava que fosse um dos mais velozes e ousados, e também dos mais hábeis – hélas! – Automobilistas, daqueles que vertiginosamente serpenteavam pelas medonhos filas de transito da cidade. Mas era! Em numerosas ocasiões deixou à distância, quando não perdeu definitivamente, até ao destino final, quem o tentava seguir, conforme plano previamente bem delineado (et pour cause…) para as "excursões" dominicais" do grupo.
A rodagem do automóvel (coisa que os mais novos já nem sabem para que servia...) era quase sempre concluída numa viagem aos Países Baixos. Amesterdão ficava à distância ideal, por boa estrada. Assim fez o Padre Mário. À chegada, deparou com um local muito pitoresco, atravessado por um pequeno braço de água. Achou que não teria dificuldade em o situar e ali estacionou o “mini”, saindo logo, apressado, para ver a cidade a pé com os companheiros de jornada. É certo que foram atravessando mais e mais lugares pitorescos, muito semelhantes ao primeiro, mas não se preocuparam com o facto. Depois, na hora de voltar, é que surgiu o problema: em qual dos infindáveis canais de Amesterdão, aparentemente idênticos, estaria o "Mini"? A busca levou horas!
Esta sua faceta de "sábio distraído" foi uma das que depressa aprendemos a reconhecer. Não é defeito que se lhe aponte, mas pode causar algum incómodo…
Outro domínio onde foi, para muitos de nós, um verdadeiro mestre: a fotografia, incluindo a revelação da película, em "laboratório" . A "Cité" oferecia instalações, um e estúdio modesto mas funcional, que passamos a utilizar. E tão bem com ele aprendemos a arte, que muitas das provas, reveladas por mão de aprendizes, ainda hoje conservam a nitidez original. Até Nadir Afonso beneficiou do talento de “ Mário Lages– fotógrafo de arte”, que lhe compôs a iconografia para um belo livro de pinturas suas!
Inesquecível também o café arménio, que fazia de acordo com a fórmula tradicional, numa cafeteira étnica, de metal, base alargada, onde se deposita o pó, que um ligeiro agitar com colher deixa em suspenso para se bebido em simultâneo com o líquido, ao qual dá uma espessura exótica. Com os colegas de estudos arménios aprendera a aplicar a receita, na perfeição. E o café tornou-se imprescindível no final das refeições partilhadas na "Casa de Portugal".
No fim das manhãs de domingo, chamava-nos o campo de jogos que ficava justamente em frente da portaria da Casa. Era só sair e estávamos no estádio para umas saudáveis corridas. Também aí o Padre Mário era dos mais rápidos…
E aquele 14 de Julho de 1969, que se tornou o dia mais perigoso das nossas vidas em Paris? Relato, sinteticamente: estávamos em paz e sossego, como era nosso timbre, tomando um simples café numa esplanada do “Quartier Latin”, sem ver nem ouvir o que quer que fosse de suspeito, quando a polícia irrompeu do cimo da rua estreita, "varrendo" à bastonada as esplanadas de alto a baixo. Engrossou, num ápice, a multidão em fuga, em que nos vimos envolvidos, correndo - não por mero desporto, dessa vez, e não sem que alguns fossem vítimas da inexplicável e gratuita violência, de vitupérios racistas e da desordem geral, promovida, unilateralmente, pelas forças da ordem. Uma espécie de Maio 68, com os actores trocando de papel... Por sorte, os mais desafortunados sofreram apenas ligeiros hematomas na cabeça - ou "galos" na linguagem popular. Era Paris depois da “revolução” de Maio…
Na televisão, vimos, por exemplo, o homem marchar sobre a lua, Eddi Merkxs ganhar o “Tour”, o General De Gaulle fazer o seu último discurso, Amilcar Cabral e o General Spínola falarem, sempre separadamente, em monólogos, sobre a guerra da Guiné - Spínola impressionando os franceses com o seu monóculo… Mas não víamos demasiadamente a tv - não nos monopolizava, certamente. Depois do jantar na cantina, ou dos nossos jantares-convívio, a regra era ficarmos à conversa, não necessariamente sobre política, embora seguíssemos a situação em Portugal e na França, em particular. Ali, no centro da Europa, a que queríamos pertencer por bons motivos para além dos da geografia e da história antiga, procurávamos para além da valorização académica, a compreensão de sociedades, tão cheias de contradições e de impasses. Mas era mais tempo de reflexão, de espera, de preparação.
O regresso a Portugal significou a inevitável dispersão. Em 4 décadas, poucas foram as oportunidades de reencontro. Mas a amizade perdura. E esta é a hora de dizer ao Padre Mário que o primeiro ensinamento que nos ficou de Paris foi o seu modelo de relacionamento com os outros, para seguirmos a nossa caminhada procurando – não necessariamente conseguindo… - agir com o mesmo espírito tolerância, a mesma sensibilidade para os problemas de cada sociedade e de cada tempo. Bem-haja!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Isabel e Beatriz

O ano de 2010 fica dramaticamente assinalado em Espinho pelo desaparecimento de duas excepcionais dirigentes da função pública na Câmara Municipal: Isabel de Sousa e Beatriz Fernandes.
Falei já da Drª Beatriz, mas não ainda da DrªIsabel.
Relembro as duas, muitas vezes. Fazem-me falta como amigas, para além da falta que fazem na equipa que formávamos. Uma equipa de excelência, como disse publicamente desde o meu início de funções na Câmara, com total sinceridade, e sem me equivocar.
Por isso, posso olhar nostalgicamente o passado, ainda tão recente, com a certeza de que as coisas nunca mais serão as mesmas... Ambas são insubstituíveis!
As nossas reuniões de trabalho, à volta de uma mesa redonda, eram momentos esplêndidos de convívio, de partilha de ideias, de criatividade. Alguém lançava mais uma iniciativa, e logo, um ou uma de nós dava uma sugestão, e depois outra e outra... No fim, estavamos de acordo com o achado e já nem saberíamos precisar quem tinha dito o quê. Pouco importava! O importante era pôr o planeado em execução!
Não posso acreditar que metade desse todo já não exista, excepto na lembrança...

A Drª Isabel já eu conhecia bem, antes mesmo de trabalharmos em conjunto. Considerava-a, e sabia que era considerada uma das mais competentes bibliotecárias do país, com um impressionante curriculum. Do ponto de vista técnico, pela estatura intelectual, e, até também, do ponto de vista do seu relacionamento social. O que lhe permitia, por exemplo, trazer a Espinho, para lançamento de livros, convívios ou debates, personalidades marcantes da nossa cultura dos diversos quadrantes políticos.
Era uma pessoa viva, comunicativa, dinâmica, que esses amigos admiravam, e a cujo chamamento respondiam positivamento. A Bibliteca ganhou com ela uma dimensão excepcional - e uma merecida autonomia. Uma "instituição dentro da instituição". O poder da qualidade - uma mais valia para todos, para a cidade!

Infelizmente, em Novembro de 2009, a doença irreversível começava a manifestar-se visivelmente. Nada que afectasse as suas capacidades intelectuais e a sua força anímica. Mas afectava, e cada vez mais, a capacidade de se locomover, de se exprimir.
Ao fim de poucos meses, deixou de poder trabalhar no dia-a-dia, mas não de acompanhar, interessadamente, a evolução do trabalho e de intervir nas grandes decisões do plano de acção. A Biblioteca era a sua segunda casa - a acção, o trabalho era um prazer, a ausência forçada representava um grande sofrimento.
Há, entre a Drª Isabel e a Drª Beatriz muitas semelhanças, apesar de serem personalidades completamente diferentes: o mesmo "gozo", júbilo, que tiravam do exercício da profissão, a mesma "vocação" perfeita para as tarefas que desempenhavam. E, também, a mesma atitude perante a adversidade, a doença... a mesma vontade de dar o máximo de vida à sua vida, de manter o contacto com os amigos, com o evoluir das situações da comunidade, do mundo exterior. A recusa de se encerrarem no desgosto, na fatalidade.

A Drª Isabel não podendo falar com a voz, falava com os meios da internet! Quase todos os dias, recebia as suas mensagens - por vezes reenvios de factos ou comentários divertidos. Responder-lhe, dialogar assim com ela, era a minha 1ª prioridade, em matéria de e-mail...
O último que recebi foi na véspera do seu falecimento.
Admirável. Inesquecível.

Doutora Beatriz - coragem para viver

A Drª Beatriz Matos Fernandes estava à frente do Arquivo Municipal de Espinho. Conheci-a apenas em Novembro do ano passado, mas muito rapidamenta se iria tornar uma grande colaboradora e uma amiga também.
Ainda não posso acreditar que não a veremos mais nas reuniões de dirigentes do pelouro da cultura, cheia de vida, de ideias, de entusiamo pelo trabalho. Gostava tanto do que fazia! E fazia-o tão bem!
Transmitir esse gosto, sobretudo aos jovens era para ela uma espécie de "missão". O serviço educativo do Arquivo tem a marca da sua vontade de transformar um ambiente de pastas e pepeis em estantes cinzentas numa aventura de pesquisa apaixonante de factos e histórias, de vislumbres do passado que aí se conserva à espera da nossa curiosidade.
Era, evidentemente, um caso sério de competência. E de simpatia! Sempre pronta a partilhar projectos, a ajudar,sempre voluntária de infindos gestos de boa vontade.
A preparação do centenário da República em Espinho foi uma primeira ocasião para me aperceber dessa sua faceta empreendedora e solidária.
A última apresentação pública das pesquisas que tinha entre mãos aconteceu em Junho, na Biblioteca Municipal: a divulgação de dados sobre a emigração portuguesa, a partir de Espinho, no começo da 1ª República, entre 1910-1913. Encantou a audiência! (esperamos, como estava previsto, editá-los em DVD, no início de 2011).
A última exposição que organizou, com imenso carinho, integrava-se igualmente no ciclo do "centenário": a reconstituição de uma sala de aula de 1910, que foi inaugurada a 5 de Outubro deste ano, no Forum de Arte e Cultura de Espinho.
De sua casa trouxe um esplendoroso busto da República - o mais belo que vi até hoje -um dicionário de português, editado precisamente em 1910 e vários outros objectos, que ajudavam a compor a atmosfera de época.
A "sala de aula" vai continuar aberta ao público enquanto o espaço estiver disponível, à disposição das escolas, em particular. Foram apenas retirados os seus pertences, por razões evidentes (porque ninguém quer arriscar a sua perda eventual) e substituidos. O busto da República será menos invulgar, o dicionário menos precioso, mas a concepção que foi a da Drª Beatriz e o propósito que partilhamos mantêm-se!
A imagem da Drª Beatriz, essa, permanece na nossa memória. O seu sorriso. A sua coragem de tentar o impossível - viver contra a doença. Viver com a alegria que transmitia aos outros. Viver intensamente, com projectos de futuro, de que se recusou a desistir. Sempre!
Por isso se compreenderá o choque que sentimos todos quando depois algumas semanas de "baixa", para tratamento - pouco mais de um mês - recebemos a notícia tão inesperada da seu passamento.
Sempre a vi como um exemplo de vitalidade e esperança. Uma lutadora. Uma resistente.
Merecia ganhar totalmente o combate por uma vida longa. A perda é uma perda enorme para a Cidade, para a Cultura espinhense.
De qualquer modo, o seu exemplo fica connosco. E também o seu trabalho, a renovação de métodos e de relacionamentos que introduziu no funcionamento do Arquivo, os projectos que delineou e vão ser prosseguidos. É tudo quanto podemos fazer, para que continue, de algum modo, bem presente no nosso quotidiano.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

1910 Portuguese Women out of the shadows

Finalmente pronto para seguir para tipografia o texto da intervenção feita na Universidade de Berkeley, California, em Março deste ano.
Na íntegra:
MARIA MANUELA AGUIAR
President of the General Assembly- Associação Mulher Migrante
Former Secretary of State for the Portuguese Communities
mariamanuelaaguiar@gmail.com

At the beginning of the XX century a group of feminist and republican women participated in a movement that made history in Portugal. In a country where there was no tradition of feminine participation in public life an elite of highly educated, courageous and strong-minded women suddenly came “out of the shadows”, with the support of republican leaders, in defense of democratic ideals and other causes, such as education for all, equal civil laws and universal suffrage.
Suffrage was a promise never fulfilled, actually, it became the cause of immediate dissent among the heads of the feminist movement, since some were more feminists than republicans, and others definitely more republicans than suffragists. Nonetheless, they all remained faithful to the new regime. Thus binging into question, if their natural moderation and innate republican complicity with their male partners – husbands, family, and friends - played against them?
In the end, they won their main battle albeit through future generations of women and they remain alive in the memory of the Republic today and forever.

1 - FEMINIST MOVEMENTS IN THE BEGINNING OF THE XX CENTURY
From the mid –eighteen hundreds feminist movements had been rapidly developing in Europe, mostly focused on suffrage. Portugal was no exception. However, the first initiatives that started before the end the XIX century were restricted to a limited circle of gender equality believers and did not grow in numbers until 1907-1908, when Portugal was perched on the verge of a regime change, and, even then, by direct interference of republican prominent leaders – all males, of course. This particularity would, in my opinion, bring a set of unique features that would affect the development of historical feminism in Portugal, mostly because it was supposed to become an asset to the republican cause, as well as to the cause of the emancipation of women. If not for that reason, the country did not seem to have much in its favor to be singled out for accomplishments in this special field. As was the case in other southern European societies there was no tradition of women actively playing a role in public life. We are aware, of course, that throughout the centuries our historians singled out a few outstanding women, monarchs, heads of state or acting as such, very influential and powerful Queens of Portugal, ruling side by side with their husbands or offspring, unexpected fighters in heroic battles in faraway lands of the empire – spread out over the half of the world assigned by the Pope to the Portuguese - and a few remarkable writers, poets, artists, and even leaders or participants of mass upraises, one who is still quite present in Portuguese collective memory is the legendary Maria da Fonte, who inspired one the hymns of the Republic, which is still sung at official ceremonies . They women were accepted and admired by their contemporaries, but as exceptions - our own "iron ladies".
Nonetheless, European ideas, tendencies, and social movements, sooner or later, would have an impact among us and later rather than sooner "feminism" began to infiltrate Portugal. By 1902, a leading intellectual and feminist Carolina Michaelis de Vasconcelos - German born, Portuguese by marriage, and the first woman to belong to the Academy of Sciences and to become professor of the University of Coimbra - wrote that there were no women organizations at all in the country and that from her point of view, that of someone born and brought up abroad, women’s political participation was unthinkable, since it was seen as unnatural by Portuguese standards (1). At the time, French or British feminists were already promoting huge marches of protest against discrimination through the avenues of Paris or London. In 1903, Mrs. Pankhurst was engaged in setting up the "Women Social and Political Union". In 1910, the so called "suffragettes", her potent and radical movement, organized a march that extended for several miles along the streets of London on the way to parliament, the very day a proposal for feminine suffrage was defeated. Over 200 MP'S had supported it - many, but not enough... In the same circumstances, every time an electoral law denied them the right to vote, Portuguese women put all their indignation in a carefully and beautifully written paper or asked for an audience to express their disillusion to a sympathetic but ineffective high dignitary - the President of the Republic himself, or the Prime Minister, or the Speaker of the House... (2).
In this domain, accomplishments, or lack there of, have more to do with a cultural gap “north-south” than with the nature of the regime. Stable Nordic monarchies like Denmark, Norway and Sweden, did not need to envisage a change of system in order to improve women's status and they did set an example of good laws and good practices much earlier than the two revolutionary Republics, France and Portugal, and many other countries in the world...(3). In Denmark, women were on the way to get the right to vote at local level (1908) even if they had to wait until 1915 to equal unrestricted vote in all elections and until 1921 to access to all careers, army excepted. In Norway, Camilia Collet was a pioneer activist, since 1884, followed, in the beginning of the new century, by Gina Kroeg, founder of the "Union for Working Women". Norwegian women advanced step by step, first as full members of School Councils (1889), Social Security Councils (1890), and Municipal Councils (1901). In 1907 they were recognized as citizens with the right to vote at local and at national level. In 1911 the first Norwegian woman was elected to parliament. By 1912 most of the careers in the public sector were open to women. In Sweden clever support of the "cause" in the literary domain and religious ideals of fraternity seem to have played a more important role than legal arguments or the involvement of political personalities, mainly through the thesis and action of Frederika Bremer, contemporary of feminist writers like Ibsen or Ellen Key and herself an acknowledged writer, literary critic and a great speaker and campaigner as well. Sweden was the last northern country to approve legislation on women’s vote and eligibility for the parliament in 1919, three years later than Island. Finland had been the earliest. In 1906 an electoral law was passed and in 1907 the first female parliamentarian was elected. Southern Europe pursued the trend much later. In fact, in that geographical and cultural area only Spain was ahead of Portugal.(4)

WOMEN OUT OF THE SHADOWS
FEMINISM IN PORTUGAL - A brief chronology
Predictably, taking into account the predominant mentality in regards to women's participation in politics, the feminist movement never obtained much visibility and wide-spread recognition. Even present-day historians tend to under estimate its influence in the birth of the new era. The History of Portuguese women is still in pending, unwritten to the full extent of its value as Elina Guimarães, the last survivor of that dazzling generation, appropriately asserted. (5 ) But the facts are there, available for research... Women were there as the living proof that the women of the republic were capable of living up to the social and cultural revolutionary ideals of gender equality, along with the principles of a new order in State and society. In fact, Portuguese feminism was never a vast mass movement, and although it gradually grew with a significant number of strong-willed, well-learned women, it was not to be as successful as it should have been. There were several reasons, none had to do with their capacity to make things work out better, perhaps in other time, other place… When you assess their culture or political “savoir faire” as expressed in so many speeches, and writings, you find no “gap” at all, looking at feminist leaders all over Europe... Among them, before and after the revolution, there are illustrious medical doctors, like Adelaide Cabete or Carolina Ângelo, writers like Ana de Castro Osório, Sara Beirão or Maria Lamas, teachers like Maria Veleda, Clara Correia Alves or Alice Pestana, journalists like Albertina Paraíso or Virgínia Quaresma, lawyers like Regina Quintanilha or Elina Guimarães (then a young law graduate).
A distinguished elite, in the company of a minority of few thousands of female citizens, unfortunately more and more divided, like republican politicians themselves, yet not for the same reasons - rather because some of the feminists, as the revolution went on and left them behind, took it better than others. Regrettably, they had a late appearance in the course of action for Women’s rights, they occupied their political and civic space for more or less 20 years and then their lessons or patterns of civic intervention were practically forgotten and lost, after the collapse of the Republic and the advent of a long and misogynous dictatorship, never to regain the same human dimension and radiance.
We will briefly look into these two decades- from 1906/7 to 1926.Initiatives undertaken at the end of the XIX century, interesting as they were, as the first “Feminist Congress” in 1892, or the first feminine newspaper (A Fronda) in 1897. Both having such limited impact that Carolina Michaelis in her essays on feminine enterprises does not take them into due consideration. In 1904, a few brave women did participate in the first "Congress of Freethinking" ( Congresso do Livre Pensamento) - names that would be part of the history of the Republic, like Adelaide Cabete and Maria Veleda, among others. Congresses, huge political meetings, as well as daily activities in republican centers played an important role in mobilizing public support that made the impossible revolution possible. Women suddenly became partners accepted and welcomed, sharing the intense and clever effort of republican propaganda distributed by such means. Many of them got drawn in the daily life of Mason organizations, in journalism, in associations providing all kinds of social help to children and needy girls or women, including educational and vocational training. By the turn of the century, republican centers and clubs were being set up all over the country, to promote social and cultural activities, publishing newspapers and leaflets, in an attempt to spread the Republican Party line, the promises of an era of freedom, prosperity, democracy and equal participation for all. Women gained access to such clubs, mainly in Lisbon and other minor cosmopolitan urban areas. It was the proper way to prepare them for future leadership and political commitment, even if, as we cannot ignore, they were given the opportunity to work for the victory of the republican cause rather than for the advance of their suffragist agenda, as they would soon find out.... In 1908, influential personalities, like Ana de Castro Osório and Adelaide Cabete were invited by António José de Almeida and other major members of the party to join the Portuguese Republican Party (PRP) in an organization of their own, the "Republican League of Portuguese Women". In 1909, the "League” became a formal structure of the party.In 1911, the denial of the suffrage in the legislation approved in March and April, grounded discontent that would lead to the coming apart of the "League". Mrs. Osório and Dr. Carolina Ângelo set up the "Association on Feminine Propaganda" (Associação de Propaganda Feminista") that became a member of the "International Women Suffrage Alliance". In 1913, a new electoral law unequivocally excluded female citizens. In 1914, another founder of the "League", Dr. Cabete formed the "National Council of Portuguese Women” (Conselho National das Mulheres Portuguesas), that was admitted to the International Council of Women, another international suffragist organization.(6)
In 1918, the electoral Law-decree, of March 30, did not open suffrage to women, and the same happened in 1919 (Decrees of March 1 and April 11). By then, no notable founding member remained in the League. They went their separate ways, divided by their different priorities. From 1914 to 1918, they were once again reunited in defense of Portugal participating in World War I. The Committee "Pro Pátria" was founded in 1914 and the “Portuguese Women Cruzade” (Cruzada das Mulheres Portuguesas) in 1916, headed by Ana de Castro Osório. It was her last civic crusade, a last display of great dynamism and courage not only in the diffusion of opinions but also in the direct help of wounded soldiers through “Committees” of nurses, regulated and supported by the government (7).
In 1924, the I Congress on Feminism and Education (I Congresso Feminista e da Educação) was held. President Teixeira Lopes and future (soon to be) President Bernardino Machado were both in attendance. In 1928, already under dictatorship, without any kind of official support, a second and last Congress took place.
The right to vote came 3 years later, ironically by the hand of Salazar, the quintessence of antifeminism - a restricted vote as proposed and defeated many a time during the 16 agitated years of the first Republic. (8)

2 - A TOUCH OF LONG LASTING MODERNISM

Portuguese feminists gained very important battles, like education for women, co-education, more or less egalitarian civil laws, family laws and divorce, more opportunity for professional work, involvement in politics, in journalism, in sciences and arts. They obtained the moral certainty of their remarkable contribution for the change of customs, mentalities, and laws on the line of democracy... However, they were never full citizens in the new Republic, as they never acquired the right to vote. None of them would ever have the option of running for parliament, like Mrs. Pankhurst, or of being elected as a Member of Parliament as Lady Astor was, in England, soon after the end of the WWI... But on the 8th of March 1988, more than eight decades after the commencement of their long struggle for emancipation and of the setting up of the "Group of Women' Studies" (joining Cabete, Osório and followers) a tribute was paid to them in the House. Some of them were, at last, "given the floor” through the voices of women of our generation. The proposal had been made by poet Natália Correia, then a Member of Parliament, someone you could compare to the best of the 1910 generation.(10)
Let me repeat some of the citations chosen for that memorable occasion, as the words sound surprisingly meaningful, significant and up to date, even if something gets lost in my translation… We, nowadays, would not put it differently, and their terms point out to many challenges still to be met.

ANGELINA VIDAL
"For us the emancipation of women is the founding stone of public morality. We recognize there were many difficulties to reach such an ideal, but we cannot forget that all the great ideals of what is fair or beautiful or lawful, worked out through sacrifices and merit of successive generations, were at one time considered utopias. And in two other very interesting remarks she concluded: “We cannot separate our emancipation from men’s emancipation”. Freedom does not tolerate any kind of slavery, only freed women may bring into being free, strong, moral and healthy societies (11)
Most certainly, Emmeline Pankhurst who once said "if civilization is to advance at all, it must be through the help of women, freed of their political shackles, women with full power to work their will in society" would agree.

MARIA VELEDA
"We want a new world, without discrimination based on race, caste, without discouraging laws, without slavery of any kind, without mistrust between sexes... men and women united to reach the same scope, to share the same possessions, rights and ideals" (...) women have to walk side by side with men, calm, spirited and self-possessed”. She defends education and the need of professional training for women and equal participation - topics still in our agenda. And she calls attention to the fact that lack of direct participation may induce evil forms of compensation: "If a woman can't elect she may conspire, she has done so in different ages, or fought with arms in their hands like those sturdy peasants who followed Maria da Fonte". 12)

ALICE PESTANA
Pestana (her pseudonym “Caiel”) is considered more a pacifist than a conventional feminist, but in fact I think she was both. President of the "Portuguese League for Peace", since 1889, a synthesis of her thought was presented in the parliamentarian session to which we refer: “The Portuguese Nation must give women modern learning, mobilize them to get interest in social reality they now think about much more with their heart than with adequate comprehension, instruction and intellectual capacity”. She is above all a “peace fighter” engaged in a “war against war”: “We ask for the creation of Committees for the cause if peace in each country, so that in the XX century we may live in harmony, meaning peace, freedom, and justice”. Nonetheless, she makes an exception, not seen as a contradiction, for what she designates the battle for a noble cause, stating that women, “have been on the side of justice, democracy and peace throughout the ages, even when written History does not mention it. In classical armies she usually finds no place, but in “guerilla”, resistance or liberation armies, in mass movements she is present.” She, specifically, refers to mass movements as those contributing to the independency and the foundation of national identity in Portugal.(13 )

ANA DE CASTRO OSÓRIO
She was next in the list of speakers, through the voice of another late XX century MP. Mrs. Osório was the most famous of the feminists of her time and also the one who seems to have been the first to fear the incapacity of the Republic to carry out the promise of feminine suffrage, as she said: “If a Republic excludes us from its civic laws, we cannot consider ours the country where we have no rights, where we don’t have a voice to protest”. Suffrage is her priority, a target always pursued and never attained, yet she does not minimize progress where it really happened, as in social and cultural spheres – education, more family rights, opportunities of revealing unexpected competence in social and civic activities, or in professional work. She stresses that things were already moving fast: “One who would defend the idea of feminine subjection or inferiority in a public statement would be compared to those who would have the Ill conceived courage to defend slavery".
“To be feminist does not scare anyone today, because the advancements brought by feminism are so many and so revealing of the high principles that guide intelligent women, that opponents do not dare speak against it - even if they wanted to - because their opinion would be considered outrageous”. Many a time she addresses “true feminism” as such: “to be feminist is a duty of all parents". It has to do with "the aim of educating women in a practical and useful way", to turn them into “sensible and able human beings free from dependence, that denies human dignity”. According to her, true feminism is to be shared by men and women. It is not to be seen simply as part of the social problems of class struggle or poverty. The rights of poor or wealthy women, commoners or aristocrats are to be taken in the same level of importance. On the other side, states Mrs. Osório, true feminism is not “a defense of the egotism of one sex against the other”. It is about altruism and women’s will to take their share in collective life, to improve the situation for all, for a better society. And as a true democrat, as well, she adds: “Good and practical ideas as they come from private initiative should be supported and followed by governments that respect public opinion”. (14)

CAROLINA BEATRIZ ÂNGELO
Last in the short list of the 1988 MP's in that historical session, Dr. Ângelo was specially remembered by her celebrated solitary act of voting, as a woman citizen, in the earliest election after the proclamation of the Republic - in the May 28 1911. She became the first southern European woman to exercise the right to vote. It was news all over Europe! In fact, she skillfully took advantage of the text of the electoral law that admitted to suffrage all citizens who were over 21, “heads of a family” and literate. As a 33 years old widow, the mother of a child, and a doctor by profession, she formally satisfied all the conditions required to vote. Nevertheless, being woman, her registration was denied by the authorities, because no electoral laws in the country had ever mentioned sex, either to include or exclude one, but women had always being implicitly barred. She went to court and won her case against the authorities. The Judge, who by the way, was a liberal republican and the father of Ana de Castro Osório (a true “feminist”, by his own daughter’s definition) decided in her favor. If the legislator intended to leave out the feminine sex, it should say so, unambiguously, ruled the Judge… In 1913, that is exactly what the law-makers did. Women had to wait for over 20 years to be integrated in a limited circle of officially registered participants in elections. (15).
We cited the favorable press Dr. Ângelo´s suffrage immediately obtained, at national and international level. We should also refer to the enthusiastic standing ovation she got from all men who had the privilege of witnessing the historical moment of her ballot vote. In the Portuguese Parliament in 1988 her daring act was once again given a round of applause.
Not only the few women we cited but also others, who were at their side a hundred years ago, are very similar to our contemporaries, as if they could be our sisters rather than our grand-mothers… I think the main explanation for this kind of “anachronism” is the fact that theirs was a more "feminine" feminism, by contrast with other concepts of their time as well as our own, at least in Portugal. A feminism inspired by the concept of gender equilibrium and cooperation, of "gender parity", as it is presently called, rather than "gender war", refusing rage or hate between sexes and preaching acceptance and tolerance between them. The uttered opinion of Ana de Castro Osório : "We never witnessed violent fights as in foreign countries where the feminist question turned out to be a true sex war.”
Gender parity is still what Portuguese legislators are seeking, in our Constitution and in our laws, along with the majority of women and men engaged in the fight for equality, even if some of them may disagree with the existing regulation imposing the “quota system”.(16 ) The reasons why they seem ahead of their times are certainly due to their own merit, to their own awareness of the social problems involved and the best possible solutions, but it is also partly explained by their position in family and society. They were a select small group of educated women linked by ideological as well as family ties with the republican movement. They came suddenly "out of the shadows" by their own free will, but with the help and complicity of men, with whom they shared beliefs and aims, destiny, global political projects for a future in which they had a role to play. They were ready to engage in the same revolution, to accept the same duties, to undergo the same risks as their fellow men. They believed that a Republic would mean general progress and would treat them as equal citizens with full civil, family and political rights. They were part of the cosmopolitan assertive leadership emerging in the Republican Party, conspiring side by side with parents, husbands, brothers and friends. In 1910 no Portuguese feminist could foresee that the laws on suffrage would remain unchanged. Their long fighting had started in full hope and amiable complicity with men, seen as allies not foes. For them laws concerning women’s rights were far behind social practices, because at least in their own upper class of cultured people they were treated as equals. The Republic, they felt sure, would instantly fill the space between law and life. We know how wrong they were…

3 - A FEMINIST AND REPUBLICAN MOVEMENT

A feminist and republican movement - as it was "two in one" in 1910. It makes a distinction when you differentiate the Portuguese example from others, even if ties between feminists groups with political parties existed elsewhere. In Portugal, the advent of the Republic was truly seen by the suffragists as a “prerequisite” for the achievement of their goal. On behalf of the Republic many of them would, in fact, in later years confirm a no-nonsense approach to politics, including the sacrifice of the vital issue of women's right to vote. They gave up equal suffrage, limiting their claim to a small circle of highly educated ladies... These exceptional women kind of “ladylike way of behaving” inside the political world, carefully staying away from foreign examples of extremism in their individual outward show in public life, and sometimes their manner of demanding equality and justice probably played against them. (16). Very often it does not pay off to be too much ahead of one’s times! Theirs was or is, as I see it, the right attitude for the new century, but then and there it was premature... Now we can afford reconciliation and harmony - or “synthesis”. A century ago it was time for “antithesis”, for unbending and hard opposition.
Lack of harshness was, on my opinion, only one of the main reasons for their (partial) failure: a kind of contradiction between their consistent and often brilliant writings or speeches, even if they were more or less temperate, and their way of political intervention, too "soft" to have the necessary impact. Another cause was dissent among them: dispute on what concerns priorities, the priority of many of them being education, employment and massive civic intervention initially and suffrage later – obviously, a very convenient order of precedence for the republican leaders. The movement did spit into several smaller circles because some of them were republicans above all - like Maria Veleda, the unconditional supporter of Afonso Costa and his radical Democratic Party - and others were more feminists than republicans, like Cabete and Osório, who never gave up the fundamental battle for suffrage, along with other more consensual issues, like education. Education was, as they all agreed upon, an indispensable basis of the emancipation of women. Radical, revolutionary or law abiding feminists, and even a more conservative non feminist wing, shared that conviction. (17) Education for women - a very limited number, of course - was already under way before the Republic was established, but from them on the focus was on the relevance of equal public instruction for both sexes, from primary to high school and to university, and it became an irreversible process that lasted during the period of the so called “New State". (18) . The trend that started in 1910, with the help of the feminist movements may be considered as the most important contribution of the Republic to the emancipation of women.
The refusal of universal suffrage was a major disillusion for the feminists. In a way, their suffragist campaign started hand in hand with their male associates, and they gave up the aim of immediate and full equality to help strengthening the new regime, until it could be self confident enough to be able to satisfy their demands. Unlike suffragists in England and almost everywhere, they seemed as afraid as men proved to be of the consequences of universal suffrage. It is well known that "leftist" parties feared the "conservative" vote of women - and the conservative parties, sure to gain by their voting, were simply against it... In Portugal, ruling republicans also rejected conservative male vote, artificially reducing the electoral universe to a very small percentage of the adult population… The hostile rural catholic and monarchist vote was largely reduced by the prerequisites of alphabetization and tax contribution.(19) Electoral laws introduced a few changes, but never eliminated these two very useful discriminations. Republican women were themselves, aware of the risk of endangering the future of the regime by adopting a system a liberal and open voting system. That explains their approval of the manipulation and cutback of the electoral universe. They never asked for the ballot vote for all women - just for the much reduced number of those who were educated, and considered as more republican than the others.... That is why they went as far as accepting unequal vote, according to sex.
Looking back , we must conclude that Republics, like France and Portugal, delayed fair treatment of female citizens for as long as they could and so many of the countries where women first obtained equal civil and political rights were - and remain! - Constitutional democratic monarchies. In Portugal, really, feminists had no alternative but to trust republicans, because there was no place for them in any of the monarchist parties, as the very few monarchists who were in favor of women's emancipation acknowledged. (20) The truth is, there was no proper place for them in the Republican public institutions, either... They worked hard for the revolution, they remained faithful to the republican principles, and I believe, their participation inside public institutions could have made a difference.
The incapacity of the republican politicians and parties to fairly engage women was a sign of the inevitable decline of the regime, lost by dissension and instability, centralist and authoritarian urges, and growing lack of public support. This is past History…
Feminist thoughts and ideals, as the parliamentarians of 1988 wanted to stress, are very much alive. The feminists of the Republic, their hopes and dreams, did have more future than present - the opposite of the regime... Many Portuguese of my generation still look at them as inspiring and amazing fighters, so gentle and strong, setting good examples and making us think that in 1910 we, too, would have been republicans and feminists. In 2010, we are simply democrats, and feminists, "true feminists", according to Osorio’s definition.
Maria Manuela Aguiar

Espinho, June 2010
---------------------------------------------------------------------------------


Notes
(1) In “ O Primeiro de Janeiro”, 11 de Setembro, 1902
(2) João Esteves, “Mulheres e Republicanismo (1908-1928), Colecção “O Fio de Ariana”, Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Lisboa, 2008, p. 9-22)
(3)See for detailed comments one of the best books written in Portuguese on the situation of women around the world “As Mulheres no Mundo” by Maria Lamas.
(4) There was a tremendous gap “north-south” on what concerns legislation and access to seats in Parliament, as a simple chronology clearly reveals: Spain 1924,1927; Portugal 1931,1935; France 1944, 1946; Italy,1945, 1946; Malta 1947,1947; Greece,1952, 1952
In Maria Reynolds de Sousa “A Concessão do Voto às Portuguesas”, colecção “O Fio de Ariana”, Comissão para a Igualdade e os Direitos das Mulheres, Lisboa 2006, p. 81-89
(5) In 1926 lawyer Elina Guimarães and writer Maria Lamas, were in their twenties. They, along with a few others, held the fight during Salazar’s regime and lived long enough to spend their last years in democracy. Public tribute to the highest degree was then paid to them.
(6) The NCPW , resisted for years, under the "Estado Novo" or "New State", along with the paper "Alma Feminina", where many of the texts and some of the reports on international congresses made by Adelaide Cabete were published . The “Council” was extinguished by Salazar's government in 1947, its last president being Maria Lamas.
(7) To Ana de Castro Osório the campaign was an opportunity for many Portuguese women: “women prisoners of stereotypes, deprived of ideals, aims and initiatives will now be in contact with the grand, romantic and valiant soul of the people, alive in our soldiers. In “Em tempo de Guerra, aos soldados e mulheres do meu país”, Lisboa, Editores Ventura e companhia, 1918, p 22.
(8)Maria Reynolds de Sousa, cit , p. 37.
(9) In “Diário da Assembleia da República”, Sessão Plenária, 8 de Março de 1988.
(10) Op cit, p. 2081-2082.
(11) Op cit, p. 2082-2084
(12) Op cit p. 2084-2085
(13)Op cit, p. 2085-2088. Mrs Osório's book "As Mulheres Portuguesas", published in 1905 is considered the first book written in favor of a feminist movement, as it would develop in the immediate future.
(14) Op cit, p. 2088. See letter from Dr Ângelo on the immediate effect of her ballot vote in « A Capital », 29 de Maio de 1911.
(15) In “Iniciativas para a Igualdade de Género”, Coordenação Maria Manuela Aguiar, Edição “Mulher Migrante, Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade”, 2006, p. 90-97
(16) Two statements by Cabete on education and on feminism show what we are trying to convey, that is, the blending of high principles with a certain kind of conventionality:
“It is necessary that the educated men takes care of the education of his companion, that the freed man takes her as a freed woman”.
“Feminism is not what it’s supposed to be by so many people – women eager to mimic men by smoking, by using white collars and ties and other ridiculous imitations.”
(17) Among the anti feminists, Maria Amália Vaz de Carvalho was one of the voices “pro” education for girls and one of the high schools in Lisbon is named after her.
(18) It enables us to be, right now, at the top of the ranking, worldwide, where percentages of women graduates in almost any area, from law to medical studies are well over 60%.
(19) The program of the Republican Party by the end of the XIX century, was definitely in favor of universal suffrage as well as a constituency system throughout the country - in the name of real decentralization of power. None was to be accomplished... Portugal had at the time a population of 5 million people and only one million could read and write, among them not much more than 300.000 women. According to successive laws only about 700.000 in the total population could register to vote...
(20) Dom Antonio da Costa, one of the few monarchist to support the rights of women, praises the program of the Republican party for the defense of equality of gender in a famous book published in 1892 : “A Mulher em


(este texto substitui o anterior, com revisão da Profª Deolinda Adão - a grande organizadora da iniciativa da Universidade de Berkeley - a quem muito agradeço!)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Rostos da República" em Paris

A exposição que o FACE, em Espinho, mostrou pela primeira vez, a 5 de Outubro, tem uma 2ª versão, com o seu belo catálogo (bem) traduzido para francês, que continua a fazer caminho em França, à volta de Paris. Com um sucesso superior ao que tem tido entre nós - merecido, diga-se! - e que devia deixar orgulhosos os espinhenses.
Depois da inauguração na "Maison des Arts" de Brunoy, segui-se o "Palais des Arts" de Puteaux, e Champigny (Associação Portuguesa).
Em Janeiro, estará, na Étoile, no centro-centro de Paris!
Pormenores para breve. Promessa de uma boa surpresa!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A simultaneidade dos eventos...

Nos últimos 6 meses apenas consegui visitar Lisboa duas ou três vezes e sempre por razões "profissionais", sem tempo para contactar amigos e ainda menos para ir a um teatro, cinema, exposição... Fui e vim, às vezes no mesmo dia!
Pior ainda: também raramente tenho ocasião de ir ao Porto - exceptuando para a frequência do "Dragão", nas noites de sábado e domingo, de 15 em 15 dias, quando não de 30 em 3o...
Esta semana, a 16 e 17, há na capital um interessante seminário sobre imigração. Acho que não vou estar lá, como bem gostaria! É certo que a Associação " Mulher Migrante" fica muito bem representada pela Rita Gomes - mas nada obstava a que participassemos ambas (salvo a minha agenda, evidentemente).
Reuniões na Câmara, convívios e jantares de Natal quase quotidianos...
E tudo se acumula na 6ª feira (17), findo o "horário de trabalho": às 20,00, o jantar de natal da Universidade Sénior (que é sempre um "happening" imperdível, prolongado pela noite fora); às 21.30 a inauguração de uma exposição sobre as mulheres sarauís, seguido de um colóquio, no Centro Multimeios; a partir das 22.00, Assembleia Municipal, para um dos debates mais importantes do ano...
E há ainda, para umas centenas de privilegiados (que não para mim, desta vez!), o previsivelmente magnífico concerto de Natal da Academia de Música de Espinho.
Estar, sucessivamente, nos 3 primeiros eventos (embora não o tempo todo...) só será possível numa cidade como esta, onde as coisas acontecem em locais que, até a pé, distam poucos minutos uns dos outros.
Lisboa, neste dia, com esta programação, nem pensar!...

Sá Carneiro - na minha memória...

(Transcrito do Blogguiar de Novembro 2010)

O Homem, como político e como líder partidário nunca foi consensual. Teve invariavelmente consigo a imensa maioria da "arraia miúda" do seu partido, mas nunca a maioria dos chamados "notáveis".
Comecei por fazer parte da imensa maioria da gente anónima que se revia no seu pensamento e na sua maneira de estar na política. Lia os seus escritos, as suas intervenções na Assembleia Nacional, desde 1969, os "Vistos" do Expresso, nas vésperas da revolução - e admirava-o, crescentemente.
Depois de 74, via-o na tv, ou, de longe, nos comícios. (Uma só vez estive perto dele, a poucos metros, em Espinho. A minha Mãe avançou, como é seu costume, por entre a multidão, e foi felicita-lo. Eu não ousei...)
Conheci-o pessoalmente apenas quando já era Primeiro-Ministro.
Telefonou-me para o Serviço do Provedor de Justiça e perguntou-me se podia encontrar-me com ele, no seu gabinete da Gomes Teixeira, às 17.00. Disse que sim, sem hesitação, adiando, logo de seguida, uma reunião marcada para essa hora. Sabia mais ou menos ao que ía, porque os jornais davam o meu nome como provável no governo AD, ainda em formação no que aos Secretários de Estado respeita - só não sabia em que pasta.
Sentia-me inquieta, porque, apesar de uma estreia de excelente memória (subjectivamente falando) no governo de Mota Pinto, não queria repetir a experiência (ou melhor, com "mixed feelings", queria e não queria...). E tinha, sobretudo, receio de não gostar da pessoa de Francisco Sá Carneiro: o meu "heroi" como figura pública - "mítico", se preferirem o termo, mas,como diria a personagem de telenovela, "mítico no bom sentido"...
Poderia a falta de empatia ou simpatia pelo homem concreto destruir a imagem arrebatadora da figura pública?
Receava que sim. Pelo telefone, numa breve troca de palavras pareceu-me seco, distante (eu detesto telefones, sobretudo se do outro lado não está alguém muito familiar...).
Cheguei à hora exacta, como é evidente. E, coisa rara em Portugal, fui imediatamente recebida - "a las cinco in punto de la tarde"!. Não ter de esperar nem um minuto, surpreendeu-me.
A porta abriu-se e ele veio em direcção à entrada e recebeu-me, com um sorriso. Os olhos claros brilhavam, acompanhavam o sorriso. Um momento mágico: o Homem, com todo o seu charme, com todo o seu carisma. Era ele mesmo, tão interessante como o seu pensamento. Absolutamente! Por isso, desde esse primeiro minuto, lhe falei como quem o conhece há muito tempo, como costumava falar, com uma familiaridade antiga, em mundos àparte da política, com Barbosa de Melo, Mota Pinto ou Rui Machete. E também ele me tratava desse modo "descontraído" . Da minha parte, não havia preocupação de medir as palavras, a boa disposição e o humor cobririam qualquer irreverência - atitude que, entre nós, portugueses, é coisa quase sempre perigosa, porque, primeiramente, nos levam à letra e, depois, por isso, não nos levam a sério...
A impressão ali, era a contrária: Sá Carneiro estava visivelmente divertido, respondia no mesmo tom, mais moderado, embora... Tive também a impressão de que estava amplamente informado sobre o meu entusiástico "sácarneirismo". Nunca averiguei quem lhe contou essas histórias - há vários canais possíveis, dado que eu não fazia segredo das minhas opções. Parti do princípio de que estav ciente de que eu era uma "fã" incondicional e confirmei o facto pela palavra, em vários momentos da conversa - recordo que, logo no início, disse qualquer coisa como: "do PSD quase só conheço dissidentes. Os meus amigos saíram todos do partido, os de Coimbra e os de Lisboa" (ele ria-se, mas o certo é que referiu, de imediato, contactos recentes havidos com Mota Pinto).
Assim começava, no início de Janeiro de 1980, o ano mais feliz da minha vida.
Não terei estado em mais do que duas ou três vezes no seu gabinete, e numa dezena de cerimónias públicas. Mas quantas vezes me telefonou, sobretudo no princípio, enquanto teve a clara percepção de que me sentia insegura!
Ligava directamente e, às vezes, enganava-se no número e falava com as minhas secretárias - que logo me passavam a chamada, emocionadíssimas.
Nenhum outro político, ao nível de 1º ministro, actua assim... Não têm tempo a perder com a segunda linha dos seus governos...
Será um pormenor, mas, na minha opinião, muito mais significativo do que parece à primeira vista. É assim que se faz o espírito de equipa, é assim que se cria motivação, é assim que se consegue coesão e eficácia...
Interessava-se pelos problemas concretos, queria vê-los bem resolvidos, depressa e bem. Quando me telefonava era sempre para uma abordagem pragmática das questões, ou para me me dizer uma palavra simpática de encorajamento...
Talvez por isso tudo correu tão bem para mim - e, certamente, para a maioria dos seus Ministros e Secretários de Estado (não todos, alguns, poucos, não teriam com ele um lugar no governo seguinte e sem ele tiveram...).
Para esse meu ano inesquecível, que terminou a 4 de Dezembro, muito contribuiu o facto de um entendimento perfeito, tanto entre Sá Carneiro e Freitas do Amaral, como, no que especialmente me respeita, com Sá Carneiro e Freitas do Amaral, o meu Ministro...
Publicada por Maria Manuela Aguiar

comentários:

Maria Manuela Aguiar disse...

Um amigo que fiz nesses 11 meses inesquecíveis foi António Patrício Gouveia (o chefe de gabinete de Sá Carneiro). Era um jovem muito inteligente e muito bem preparado - nem de outro modo alguém como Sá Carneiro o teria escolhido para uma missão tão crucial... - e, além disso, simpático, simples, divertido!
Com ele, sobretudo nas primeiras semanas, falava pelo telefone quase todos os dias - sempre que tinha um problema ou uma dúvida ou um projecto interessante a discutir. Ajudou-me imenso. Não era diplomata, mas conhecia a "casa" perfeitamente... Teve sempre todo o tempo do mundo para mim, para as minhas questões, para as minhas propostas. Espero que o resto do governo lhe tenha dado um pouco menos de trabalho... Pagou o "preço" de eu confiar tanto nele e na sua opinião.
Ainda hoje me custa a acreditar que também tenha desaparecido naquele 4 de Dezembro. Sempre o vi seguro de si, acutilante, sorridente. Feliz!
Considerava-o o futuro, o Sá Carneiro da geração seguinte. Se quisesse... Mas nem sequer sei se quereria, se teria paciência para a vida partidáris. O partido foi coisa de que nunca falamos!

5 de Novembro de 2010 16:28
Maria Manuela Aguiar disse...
Com o resto do gabinete do 1º Ministro as relações não foram do mesmo tipo. De Pedro Santana Lopes, por exemplo, não me lembro. A Conceição Monteiro parecia-me menos comunicativa do que a outra secretária, a Nicha Moreira Rato - que era uma simpatia!. De qualquer modo, as minhas "mensagens" para Sá Carneiro passavam mais por Patrício Gouveia do que por elas. Só mais tarde, no Parlamento, viria a conhecê-las, ambas, mais de perto.

5 de Novembro de 2010 16:36
Maria Manuela Aguiar disse...
Com o próprio Sá Carneiro o relacionamente foi sempre fácil. Sempre achei que ali estava quem me compreendia!
E desde o princípio, como disse, tive a impressão que ele sabia bem que estava a conhecer uma das mais incondicionais "fãs", à face da terra...
Foi sempre a quinta essência da afabilidade.
Quando me dirigi a ele como "Senhor Primeiro Ministro", disse-me de imediato: "Não me trate por Primeiro Ministro!"
E eu, com o mesmo à vontade com que cruzava argumentos com os meus professores de Coimbra, respondi-lhe:
"Desculpe-me, mas eu tenho de o tratar assim , porque sempre sonhei com o dia em que fosse Primeiro Ministro de Portugal!"
E mantive a posição: sempre o tratei pelo título!

5 de Novembro de 2010 16:51
Maria Manuela Aguiar disse...
Em matéria de títulos oficiais, aconteceu-me coisa bem pior, no dia em que tomei posse do meu 1º governo, que foi o Governo do Prof. Mota Pinto, em 1978-79.
Era então Secretária de Estado do Trabalho. A cena passa-se na Praça de Londres. Entrei no carro que me estava destinado. Não guardo memória, nem da marca nem da cor, só do motorista, um homem pequeno, rosado, cerimonioso, que me perguntou, abrindo a porta traseira, com uma vénia: "Como é que Vossa Excelência deseja ser tratada? Por Senhor Secretário de Estado ou por Senhora Doutora?
"Senhora Doutora" - respondi sem sombra de hesitação, horrorizada com a alternativa!!!

5 de Novembro de 2010 17:03
Maria Manuela Aguiar disse...
Tenho muitas coisas a registar sobre esse 1º governo, que considero absolutamente decisivo para a democracia em Portugal, porque foi um governo de viragem, o primeiro de tendência não socialista. Ou seja, o primeiro de alternância, após 1974...
Mas isso fica para depois.

5 de Novembro de 2010 17:08
Maria Manuela Aguiar disse...
Voltando ao dia em que conheci Sá Carneiro:
A "convocatória" para o encontro fora tão súbita, que não tive tempo de ir a casa mudar de fato. E estava, como de costume, muito mal vestida, com um velho casaco de fazenda grossa, gola larga, desactualizada, xadrês preto e branco. Um horror!
A Branca Amaral, minha colega de gabinete na Provedoria da Justiça, muito frequentadora de meios políticos, irmã de Rui Pena e cunhada de Rui Machete, chamou-me a atenção para o facto.
E acrescentou que o Dr. Sá Carneiro era um homem muito observador, que não deixaria de reparar no casacão "demodé".
Solução encontrada por ela: emprestou-me o seu elegante casaco de peles!
Só um "senão": ela era mais pequena do que eu e isso notava-se um pouco no comprimento das mangas... Mas não demais!
E assim marchei, insegura por muitas e variadas razões, para a Rua Gomes Teixeira.

5 de Novembro de 2010 17:22
Maria Manuela Aguiar disse...
Antes de formular o convite para aquela particular Secretaria de Estado, Sá Carneiro perguntou-me se falava francês e inglês.
Não pude negar que sim, que falava...
Muito me lembrei dessa prudente cautela em governos posteriores, nos quais a mesma pasta foi ocupada por homens incapazes de dizer uma frase completa em qualquer dessas línguas...

5 de Novembro de 2010 17:26
Maria Manuela Aguiar disse...
A conversa decorreu sob o signo do insólito. Aquele Primeiro Ministro, com todo o seu carisma, não deixava ninguém indiferente: o interlocutor ou ficava intimidado ou eufórico.
Eu pertencia a esta segunda categoria.
As respostas que lhe fui dando não tiveram nada de convencional.
Quando me perguntou:"O que lhe parece ser Secretária de Estado da Emigração?" a reacção instintiva e franca foi esta: "Eu no Ministério dos Negócios Estrangeiros? Nem pensar! Ando sempre mal vestida e mal penteada."
Ele ria e eu ria. Ambos estavamos muito divertidos e o diálogo fluia.
O pior foi quando o Dr. Sá Carneiro chamou o Professor Freitas do Amaral, MNE, para vir participar na conversa. Eu já não conseguia mudar de estilo e imaginava que o cerimonioso líder do CDS estaria a pensar que o outro partido convidava estranhas criaturas para integrar o Executivo e que uma delas estaria a seu lado no Palácio das Necessidades. Não sei se era ou não o que ele achava - nunca procurei indagar. Nesse dia, ele também sorria imenso. O certo é que nos viríamos aentender maravilhosamente, sem a mais pequena sombra de divergência, durante 11 meses empolgantes...

5 de Novembro de 2010 17:45
Maria Manuela Aguiar disse...
Acabei a conversa a dizer a Sá Carneiro que Secretária de Estado da Emigração não queria ser, mas que por ele faria qualquer outra coisa, por exemplo, colar o seu retrato nas paredes ou ir, de balde e pá, pintar a sigla AD nas ruas...

5 de Novembro de 2010 17:49
Maria Manuela Aguiar disse...
Deu-me um curto prazo de 24 horas para repensar e dar a resposta definitiva.
O 1º conselho pedi-o ao meu anterior primeiro ministro e amigo de sempre, o Prof. Mota Pinto ( que foi quem me levou para a política...).
Foi a favor.
Depois jantei num restaurante de Alvalade com a Branca e o Rui Machete, cujo 1º cargo governamental fora, precisamente, a emigração.
Igualmente a favor.
No dia seguinte dei o meu "sim" ao Primeiro Ministro. Pelo telefone, conforme o combinado.
Contei-lhe que tinha sido muito influenciada pelas conversas com Mota Pinto e Rui Machete. Ele atalhou, bem ao estilo da reunião do dia anterior:
"Ah, sim? Pensava que tinha sido eu a convencê-la!"
Ao que respondi logo, e convictamente:
"E claro que foi! Aceito "intuito personae". O mais possível! Mas acho que não vou ser capaz de dar conta da missão... Não me responsabilizo pelo resultado".
"Responsabilizo-me eu!" - disse Sá Carneiro.
Creio bem que ele entendeu perfeitamente a parte de humor e a parte de verdade que havia na minha apreciação subjectiva de capacidades. Essa terá sido uma das razões para me dar, por sua iniciativa, tanto apoio nas primeiras semanas - até sentir que eu estava completamente integrada e feliz na equipa do MNE...

5 de Novembro de 2010 17:55

Maria Manuela Aguiar disse...

Esse foi o 1º encontro com Sá Carneiro. O último seria 11 meses depois, já em Dezembro de 1980, no Hotel Sheraton, em Lisboa.
Uma magna reunião de dirigentes partidários da AD, de autarcas, de responsáveis pela campanha do General Soares Carneiro. Centenas! Salão cheio!
O General vinha na companhia do Prof. Mota Pinto (dos Açores?)e o avião chegou com um atraso enorme, mais de uma hora, talvez mesmo duas... Foi o nosso anfitrião Sá Carneiro que preencheu todo esse longo tempo extra. História atrás de história, muitos episódios das lutas pela "civilização" do regime, dos confrontos com militares, maxime, com o Presidente da República... Incluindo aquele do registo dos encontros com o PR em Belém, que, naturalmente depois de relatado ali, perante tanta gente, se tornou do domínio público, embora nem sempre fiel ao relato de que me lembro. Disse-nos Sà Carneiro que, quando o PR se dispunha já a aceitar a existência de actas, após as reuniões entre os dois, ele lhe respondeu: "Agora, Senhor Presidente, nem com acta nem sem acta!"
Foi com pena que vimos, por fim, entrar na sala o General, visto que isso significava o fim daquele longo e esplêndido monólogo, em que ele parecia falar directamente só para cada um de nós, com enorme familiaridade e à vontade. Não sabíamos que, para a maioria de nós, era também uma despedida...
Finda a cerimónia, vi Sá carneiro a caminho da porta de saída e não me aproximei - achava que,apesar do seu ar bem disposto, deveria estar muito cansado e não quis ser mais uma pessoa a retê-lo, com o meu cumprimento. A meu lado, estava o Zé Gama, deputado da Emigração do CDS (e, já então, meu grande amigo). Tal como eu, pensava que devíamos "poupar" o nosso 1º Ministro, não engrossando a fila de cumprimentos.
Mas Sá Carneiro, que parecia ver tudo, descortinou-nos no canto onde aguardavamos a vez de sair, e atravessou,rápido, uns metros de sala, na diogonal, para nos vir, ele próprio, saudar, com aquelas palavras de estímulo que sempre lhe ouvi. Foi mesmo uma despedida!

11 de Dezembro de 2010 2.15

Maria Manuela Aguiar disse...

É por isso que estranho as versões de que Sá Carneiro se mostrava tenso e enervado, à vista dos olhares dos jornalistas, nesses últimos dias de campanha, como escreve, por exemplo, Avilez e creio que também Pinheiro. Nunca o vi assim! Mesmo na sua intervenção final - a que já não foi para o ar, e eu achava, ao tempo, que poderia ter ido... e que agora conhecemos - mostra-o sereno, a usar palavras duras. Bem ao seu estilo!
Embora Avilez seja mais interessante do que Pinheiro, escreva um português mais fluído e atractivo (e tenha ganho um merecido prémio com uma reportagem sobre uns dias de campanha eleitoral com SC e Snu no Portugal profundo) creio que imaginam "estados de alma" - o que está àquem do rosto de um lutador, que gostava da luta, independentemente do resultado, embora lutasse sempre para ganhar...
11 de Dezembro de 2010 2.25

(Transcrito do BLOGGUIAR de Dez 2010)


Um artigo que tem quase três décadas. Mais exactamente, data do 1º aniversário da sua morte. Um tempo em que ainda havia Sacarneiristas e anti-Sacarneiristas.

Hoje fala-se do "mito" que esconde a verdade humana (e, de algum modo, também a política...) de Sá Carneiro. E ao mito aderem até os mais implacáveis dos seus antigos críticos - em especial os seus detractores dentro do PSD.

Por isso deixei, por muito tempo, de falar e escrever sobre ele. Nunca de o lembrar no meu dia a dia. A sua fotografia ficou sempre no meu gabinete nos 3 Executivos seguintes a que pertenci... Continua na parede do meu escritório privado, naturalmente. Em Espinho e em Lisboa.

Infelizmente, por razões de família, não pude estar lá, na missa e, depois, na Universidade Católica, na homenagem conjunta a Sá Carneiro e a Amaro da Costa, promovida pelos Institutos que levam os seus nomes. Comprei a imprensa que lhe (ou lhes) dedicava suplementos. Passei a noite diante da tv, fazendo "zapping" entre programas que, melhor ou pior, o (ou os) recordavam.

O melhor era mesmo vê-lo e ouvi-lo, como, em tantos casos, aconteceu em directo há mais de 30 anos... A meu ver, a televisão suplantou a imprensa. Porque ele próprio lá esteve, nos grandes comícios da nossa esperança, ou no parlamento, ou em comunicações e debates. Sorrindo para nós com aqueles olhos que viam mais longe, inexcedívelmente carismático entre multidões fascinadas de seguidores, sereníssimo como Primeiro Ministro do Portugal.

Muito mais "true to life" do que os comentários escritos - quase todos desajustados, desfazados de um tempo cada vez mais distante e incompreendido, assim como da essência da sua personalidade e do seu pensamento e, consequentemente, do significado da sua participação cívica e política. Sobretudo, mais interessados nas "estórias", nas peripécias, nos traços de temperamento, nos "faits divers" , na vida privada, na faceta mundana do que na coerência das suas ideias e do seu projecto para o país. Querem, eles, sim, construir um "mito" (de preferência, colocando-lhe "pés de barro", que na realidade, do ponto de vista político, não tinha, nem tem...). É incrível que cedam à tentação de menorizar o conteúdo das suas intervenções públicas, dos seus abundantes escritos e discursos, do fio condutor da sua acção, privilegiando o "blá-blá" social e a pura intriga partidária (que não deve ser varrida para debaixo de um tapete, mas que teve a importância que teve - não tanta assim, porque o trajectória de Sá Carneiro foi imparável apesar desses acidentes de percurso). Enfim, quero com isto dizer: há nos relatos que se multiplicam, muita coisa acessória que submerge o essencial. Não são escritos de historiadores, de politólogos - são ensaios de jornalistas e outros "amadores" em terreno alheio. Nota-se... As grandes biografias de Sá Carneiro, o político, o Homem de Estado, o construtor da democracia portuguesa, estão por fazer... Nem mesmo os seus companheiros de projecto, o quiseram fazer, como em relação a Kennedy começou por ser brilhantemente levado a cabo por Arthur M. Schlesinger Jr. com o seu "A Thousend Days - John F. Kennedy in the White House".(dois anos apenas o assassinato de JFK). Dos nossos, até ver, não se poderá fazer um comentário semelhante, por ex,. ao "The Guardian": "Very much more than a gossipy bid for best-seller... a book of real distinction".

(É certo que ainda não consegui comprar o livro de J Miguel Júdice -"O meu Sá Carneiro" e acredito e espero que possa colmatar esta imensa lacuna...).

De facto, do governo de Sá Carneiro mais não há ainda do que alguns escritos ou apontamentos sobre políticas sectoriais, de um ou outro dos seus ministros, e as superficiais referências, "en passant" em publicações onde se fala mais da sua primeira e da sua segunda mulher do que do Vice-Primeiro Ministro ou do Ministro das Finanças ...

Apesar de tudo, um pouco mais glosada é a sua intervenção cívica e política no período da chamada "ala liberal" - talvez apenas porque não tinha, então, a concorrência de temas da vida privada...

(Aliás, tomemos o ex. das reportagens do 4 de Dezembro: quantos dos intervenientes da jornada televisiva foram ao ponto de citar Sá Carneiro, com as suas próprias palavras? O mais comum foi lembrarem a sua própria relação pessoal com Sá Carneiro - mais adequada a um ambiente de tertúlia ou a um simples blogue do que a análise que pretende ser de políticos ou politólogos sobre um fenómeno da cena política portuguesa - com algumas excepções, como a de Freitas do Amaral).

Schlesinger, ou Sorensen, dão-nos o quadro de trabalho de todo um gabinete, as temáticas principais, os conflitos diplomáticos, as campanhas cívicas, a luta pela igualdade racial numa América em transformação - não os problemas conjugais de Jack e Jacqueline...

Com toda a franqueza: o que me interessa é Sá Carneiro, o Político - não particularmente a sua vida de família, ou o seu quadro clínico em 1975/76 ou mesmo em 1980 - salvo na estrita medida em que ditou o seu afastamento paísou em que nos dá a imagem do homem que supera a adversidade. ( é ridículo ver, no livro de Pinheiro, detalhada a lista das prescrições de medicamentos que tomava, em vez da lista das medidas discutidas e aprovadas nos seus Conselhos de Ministros!).

Como muitos dos Portugueses que vieram a aderir ao PPd/PSD, comecei a acompanhar o percurso de Sá Carneiro em 1969, desde o momento daquele primeiro discurso, em Matosinhos. A minha adesão foi imediata. Como reformista que era e sou, achei interessante a experiência da Ala Liberal, na tentativa aventurosa de abrir o regime por dentro. Não sei se acreditei no sucesso da tentativa, em si, mas sei que acreditei sempre nos seus protagonistas e na importância de pedagogia democrática da sua intervenção. Por isso, conhecia muito bem e admirava muito Francisco Sá Carneiro, como político. Achava-o um modelo de coerência e, obviamente, muito mais previsível do que agora os seus "biógrafos" pretendem apresentá-lo... Estive invariavelmente de acordo com ele. Dizia, e mantenho, que nele o que mais apreciava eram os defeitos que os inimigos lhe apontavam, ainda mais do que as qualidades que todos lhe reconheciam...

(As questões da vida privada, quando surgiram, no fim dos anos 70, nunca me interessaram particularmente - fui ouvindo os boatos sobre separação e novo romance, sem lhes dar especial atenção. Quando houve confirmação do seu relacionamente com Snu, não tive nada a objectar - pelo contrário, pois a sua conduta regeu-se pela verdade e pela seriedade. Estou à vontade para o afirmar, justamente na qualidade de divorciada de um colega de curso, a quem, em circunstâncias parecidas, facilitei, de imediato o divórcio para que ele casasse com quem queria).

Não o conheci pessoalmente até ao momento em que me convidou para o seu Governo, em Janeiro de 1980. Momento inesquecível de encontro com a personalidade do mundo político que mais me fascinava!

Nada para mim foi mais significativo do que fazer parte da sua equipa governativa, na Secretaria de Estado da Emigração - do meu ponto de vista o melhor Governo que houve em Portugal no século passado - não havendo neste século nada de comparável. Sei que estou praticamente sozinha nesta minha convicção - à curta duração dessa experiência não atibuo relevância. É uma avaliação qualitativa, não quantitativa. Hei-de explicar as razões que a fundamentam.

Para já uma palavra sobre o "MITO":

Se falam do mito nascido depois da sua morte, por causa da sua morte trágica, retirem dessa lista todos os inúmeros Sacarneiristas que o seguiram desde antes da fundação do PPD! O que pensava do Dr. Sá Carneiro vivo é precisamente o que penso dele depois de 4-12-1980... Estou com tantos portugueses, da minha geração, que o "descobriram" em vida e o consideravam um líder único e insubstituível - tendo a perfeita consciência de que ele marcaria, como nenhum outro, a História do sec. XX.



Comentários

Maria Manuela Aguiar disse...

Em suma, como deixei claro, prefiro biografias de políticos mais centradas no pensamento e na acção política.
Na vida pessoal eles são mais iguais a toda a gente... Daí que nada melhor para diminuir o Homem de Estado do que o "devolver" à esfera da vida privada! Como tantos tentam, agora, sobretudo neste 30º aniversário da sua morte...
Admito que a vida privada seja objecto de interesse - desde que se distingam os planos e sejam claras as intenções. Mas a mim, interessa-me muito mais o Político. As razões da política!
Quanto ao resto, acho que não nos cabe julgar as razões do coração.
O ideal é que, também no plano sentimental, haja seriedade e compostura (e Sá Carneiro não nos desiludiu em nenhum desses aspectos).
Isto não significa ter de tomar partido, ter de encontrar culpas e culpados na relação conjugal.
Nunca conheci Isabel Sá Carneiro e com Snu não troquei mais do que palavras de circunstância. Para dizer a verdade, creio que se houvesse tido ocasião de conviver com uma e outra, maiores seriam as afinidades com Isabel do que com Snu - porque é do Porto e bem portuense, porque suponho que tem muitas das qualidades que Agustina atribui à figura feminina de "Os meninos de ouro". (não reconheço é Sá Carneiro no figura masculina central dessa obra menor de uma escritora incomparável...).

Devo, porém, acrescentar que não conseguiria imaginar, em Sá Carneiro, duplicidade e hipocrisia. Ainda que no âmbito exterior à política, o não assumir a coerência neste domínio privado seria, no seu caso, "contra natura" - e por isso teria dificuldade em aceitar o facto.
Na primeira recepção oficial para a qual fui convocada fiquei muito surpreendida com os dizeres do convite dirigido pelo "Primeiro Ministro Francisco Sá Carneiro e Senhora". Senhora? Como não estava por dentro dos compromissos alcançados entre PR e Governo, e da corajosa imposição de Sá Carneiro, não me passou pela cabeça que a "Senhora Sá Carneiro" fosse Snu. E não compreendia que o 1º Ministro tivesse chamado a mulher, Isabel, só para satisfazer a ortodoxia protocolar (e que ela tivesse vindo...). Sentia-me desiludida pelo inesperado oportunismo da "cedência". Era um comportamento eminentemente anti- sacarneirista!

Quando entrei no Palácio de Sintra deparei com dois casais a receber conjuntamente os convidados: Sá Carneiro e Snu, Freitas do Amaral e Mª José. Muito sorridentes, elas deslumbrantemente vestidas (era ainda o tempo das recepções de saias compridos!).
Uff! Que alívio! Afinal não havia ponta de duplicidade - só um sã cumplicidade entre os dois principais responsáveis pelo governo. Sá Carneiro igual a si próprio!

9 de Dezembro de 2010 18.18...
Maria Manuela Aguiar disse...

O frio que passei nesse sumptuoso banquete no Palácio da Vila em Sintra! Era inverno rigoroso. Tinha perguntado ao jovem diplomata do protocolo de Estado se o palácio era aquecido e ele respondeu que sim. Por isso optei por um vestido de chiffon azul com desenhos pretos, sem mangas, fresco e vaporoso (comprado dias antes na Boutique Ayer). Erro crasso! A temperatura era glacial. Aqui e ali apenas apenas uns pífios aquecedores que destoavam no ambiente palaciano e não aqueciam coisa nenhuma...
Já não me lembro quem era o visitante estrangeiro ali homenageado. Para recordação ficaram a surpresa daquela recepção pelos dois casais, o requinte de todo o "décor", excepto os anacrónicos aquecedores, e a sensação de desconforto por falta de agasalho...

10 de Dezembro de 2010 22.10
Maria Manuela Aguiar disse...

Uma só vez estive à conversa com o casal durante largos minutos. Foi durante a visita do Presidente Carter. Na altura ainda não me tinha apercebido do "incidente" protocolar que impedira Snu de acompanhar a Senhora Carter numa excursão em Lisboa - todas essas questões me escapavam, porque, para além de não serem da minha conta, andava metade do tempo em terra estrangeira, de comunidade em comunidade portuguesa. Após um almoço, os convidados circulavam no salão de um dos palácios (já não sei qual - talvez o da Ajuda...) e, de repente, ao fazer um movimento circular, quase choquei com eles.
Muito me espantei por os ver sem "entourage", falando um com o outro, longe do concorrido local onde estavam os Carter!
E aí fiquei eu, a contar-lhes as histórias de uma recente visita à Venezuela, envolta nas guerras costumeiras com o Conselho da Revolução, na pessoa do Conselheiro Victor Alves, que nós então chamávamos o "Ministro da Emigração do Senhor Presidente", denunciando a "diplomacia paralela" que FS Carneiro tenazmente combatia - e nós com ele no Ministério do Negócios Estrangeiros. "O MNE do Senhor Presidente" era evidentemente Melo Antunes...)
Curiosamente, na publicação em que se faz o balanço do Governo AD, antes das eleições de Outubro, afirma-se que "O Governo recuperou para a sua esfera o domínio do Negócios Estrangeiros e o da Emigração e Comunidades Portuguesas" (cito de memória, até encontrar o livrinho inconfundível na capa com as cores da AD sobre fundo branco, que está bem guardado, mas não sei exactamente aonde).
Na perpectiva do Primeiro Ministro, e de todo o Executivo, não foi pequeno feito...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Em vez do Blogguiar...

Por meras razões "técnicas", mudança de título, com a simples supressão de um "g".
Na verdade, não estava a conseguir publicar comentários - por misteriosas razões são todos considerados "spam" pelo "sistema".
Vamos a ver se este funciona...