quinta-feira, 30 de junho de 2011

Como se engana Pacheco Pereira!...

Quadratura do círculo, há poucos minutos...
Pacheco Pereira peremptório: o Secretário de Estado das Comunidades serve para controlar a emigração; a emigração é o único domínio onde o controlo político do Estado é possivel(em matéria de votos, de associações...); o Secretário de Estado é o "homem do aparelho", o responsável pela emigração do partido.
Que ideia!!!
Pode ser e pode não ser!
Basta estudar o perfil dos que se sucederam nesse cargo desde 1974, onde se encontram nomes como os de Rui Machete, Sérvulo Correia, o Embaixador Paulo Enes, o Embaixador Mário Neves, Sousa de Macedo (Mesquitela). Ou mesmo José Vitorino ou Correia de Jesus, militantes do PSD, mas não oriundos do "secretariado da emigração" do PSD. (Nem pensei, em primeira linha, no meu caso, mas posso esclarecer que quando o Doutor Sá Carneiro me convidou para o cargo, em Janeiro de 1980, era INDEPENDENTE - filiei-me, então, voluntariamente no partido, que era o meu (por puro Sá-carneirismo, diga-se...), mas as minhas relações com o dito "secretariado da emigração" foram quase sempre más, e nunca passou pela cabeça de ninguém convidar-me para encabeçar semelhantes estruturas...

Mas o que mais me irritou nem foi essa apressada e falsa generalização - que pode até ser hoje mais próxima da realidade, correspondendo, porém, à maior "partidarização" do aparelho de Estado, da administração pública, à "profissionalização" dos jovens políticos, quando não dos menos jovens... (Creio que ele estava a pensar em José Lello e, agora, em José Cesário, que, de facto, eram, ou são, influentes na hierarquia do partido, nas estruturas da emigração).

O que mais me irritou foi a falsíssima visão das comunidades do estrangeiro como "coutada" dos partidos.
Não são!
Não precisam dos partidos políticos para nada!
Não precisam do Estado Português para nada!
Ao contrário do que acontece em Portugal, onde fundações, associações, iniciativas da chamada "sociedade civil", vivem na inteira dependência dos dinheiros do orçamento de Estado, lá fora tudo é obra das pessoas. Imponentes Beneficências, Gabinetes de Leitura, Hospitais de 1º mundo, clubes sociais ou desportivos de dimensão gigantesca... Se tivessem esperado o apoio do país de origem, nem um só existiria!... Nem uma cabaninha, nem um modesto posto médico, quanto mais o Clube Português de Caracas (com as suas piscinas olípicas, restaurantes de luxo, teatro, jardins, uma frequência de 2000 a 3000 sócios em cada fim-de-semana...) ou o Hospital Português de Recife (o maior, o mais moderno de todo o nordeste brasileiro - um, entre tantos fantásticos hospitais portugueses de norte a sul do Brasil)
Na sua maioria, os emigrantes são mais portugueses do que os portugueses do território, mas poucos se interessam pela política.
O discurso político passa-lhes quase completamente ao lado! A organização do PSD - que é o maior partido nos votos da emigração, sobretudo Fora da Europa - é ínfima: na África do Sul ou nos EUA, onde sempre consegue as melhores votações não tem organização nenhuma! No Canadá, onde está o PSD? No Rio há um núcleo pequeno, de onde é originário um dos deputados do círculo...
Nada de grandioso!

O mundo das comunidades é feito de um movimento associativo poderoso, que serve Portugal, pelo afecto e do qual Portugal pode ter a tentação de se servir mal. Mas é um mundo que tem todas as condições para ser completamente autónomo.

Poucos votam, como é mais do que sabido. E votam como querem. Sampaio foi eleito pela maioria dos seus votos. Cavaco também.
Fora da Europa, a maioria é PSD,
Na Europa, a maioria é socialista.
Quando há viragem , isso deve-se quase sempre mais às políticas do governo do que aos homens políticos do governo...

Quanto a Cesário:
Ele será um bom SECP, porque conhece as comunidades e as comunidades o conhecem. Ser ou não um homem importante das estruturas do PSD é coisa mais relevante dentro do que fora do país...

sábado, 25 de junho de 2011

Revolução protocolar

É o que eu chamo à decisão do Primeiro Ministro de viajar nos aviões em classe económica.
Como fiz, por dever de ofício, incontáveis viagens aéreas, para mim, esse meio de transporte é tão banal como outro qualquer, comboio, carro... E, por isso, poderia pensar que a revolução protocolar ficaria incompleta se não viesse a estender-se à 2ª classe do Alfa e do Intercidades ou à opção por viaturas oficiais pequenas, de baixo consumo.

Mas a questão é simbólica, não é financeira. (Alguém consegue imaginar Sócrates a assentar os seus fatos Armani na económica de uma aeronave?).

Quando era membro do Governo, em modestos lugares de Secretária de Estado, tinha uma espécie de livre trânsito da CP e sabia perfeitamente que a TAP não cobrava o custo da viagem aos governantes (pelo menos aos do Ministério dos Negócios Estrangeiros). Mas parecia-me bem, e utilizava a Executiva, que raras vezes ia cheia. Nessas condições, sentia-me apenas a ocupar um assento que, de outro modo, ficaria simplesmente vazio.
Mais tarde, na Assembleia, já não era esse o caso - apesar do enorme volume de deslocações, não havia qualquer acordo que visasse privilegiar a TAP (companhias estrangeiras eram correntemente escolhidas), não se negociava com esta companhia de bandeira sem intermediários, não se beneficiava, consequentemente, de um estatuto mais favorável do que o do passageiro ocasional (as milhas são outra história, mas o certo é que premeiam os passageiros frequentes, pessoas ou empresas).

Porque sempre procurei poupar dinheiros públicos, sempre examinei as tarifas em que estava emitido o bilhete (se calhar, um tique feminino...). Por isso, sei um pormenor que não vi ainda referido por ninguém: qualquer das classes, 1ª, executiva ou económica, comporta uma multiplicidade de tarifas. E há tarifas de económica mais onerosas do que as de executiva...

Não vejo nada de mal em recorrer a transportes colectivos. Sou uma adepta de metros e comboios, em qualquer país do mundo, incluindo Portugal, Espinho, Porto, Lisboa...
A história regista um Presidente da República que se deslocava para o Palácio presidencial de carro electrico (Manuel de Arriaga?).

Não pertecendo a esta linha da frente da política nacional, não qualifico para simbolizar coisissima nenhuma com os meios em que me faço transportar, mas recordo-me que, uma vez, não sei já bem porquê (avaria mecãnica no veículo oficial? irritação com o atraso do motorista?)tomei um autocarro de Benfica para Alcântara, a caminho do Palácio das Necessidades - em frente à Pastelaria Evian. Por acaso, na paragem seguinte da Av. do Uruguai, ali perto da Livraria Ulmeiro, entrou pela porta dentro o Pedro Cid. Ficou atónito. Disse-me que nunca tinha visto um Secretário de Estado viajando, tranquilamente, de autocarro para o local de trabalho. Tudo pode acontecer...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

MAIS AZUL PARA VILLAS BOAS!

Sim, ele é portista como nós, os que o somos para sempre. Mas é também um profissional, que tem um destino a cumprir. A proposta do Chelsea surgiu, irrecusável. Face a ela, não era legítimo exigir que ele continuasse no Dragão. E a sua partida não vai, sequer, previsivelmente, prejudicar os objectivos do nosso clube na próxima época... A equipa aí está intacta, tão bem construída por ele (hopefully...assim se consiga manter o colectivo, com poucas e selectivas transacções sensacionais).
À frente fica agora um técnico reconhecidamente competente, que era nº 2 de Villas Boas - uma promessa de continuidade de sucessos (uma solução rápida e inteligente à Pinto da Costa).
Ninguém exige a "champions", com ou sem André: "apenas" o campeonato, a dobradinha, um excelente percurso europeu... Coisas ao alcance de Vitor Pereira.
Oportunidade para o FCP revelar ao mundo um novo grande treinador português, mais 15 milhões de clausula de rescisão nos cofres.
Boa sorte para Villas Boas!
Por mim, vou torcer por ele, sempre! (em não estando em causa o Porto, é evidente).
Mourinho, que é também um génio, mas não é portista, nem se preocupa em jogar um futebol necessariamente apaixonante, fica, daqui em diante, um lugar abaixo.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O 10 de junho e a véspera

Nos últimos 31 anos, poucas vezes passei em território português o dia nacional. A prioridade espontânea, sentida, vivida, era estar nas comunidades do estrangeiro, respondendo a convites, quer quando ocupava cargos que o exigiam por dever de ofício, quer quando o fazia como pura e simples "voluntária", por boas razões afectivas. O dia tem outra força, outra expressão e outro encanto nesse imenso Portugal!

A véspera do 10 de Junho é um dia comparativamente banal, para todos nós, mas, é, por acaso, aquele em que nasci no ano distante de 1942. Pelo que comecei por dizer se torna evidente que raras foram, ao longo das 3 décadas mais recentes, as ocasiões de passar este dia em casa, com a família.
O facto nunca agradou à família, mas a mim não me incomodava excessivamente. Preocupava-me, sim, que isso fosse de conhecimento público, porque se há coisa que me constrange é ver-me no centro de uma festa de aniversário, fora das peredes estreitas de minha casa... Nem sequer nunca admiti jantar em restaurantes nesse dia, mesmo que apenas com pais, avós, tios e primos à volta da mesa...

Por isso, os meus colaboradores no Governo ou na Ar estavam rigorosamente proibidos de revelar à entidade anfitriã do 10 de Junho em países dos 5 continentes, que eu fazia anos na véspera. Quando a véspera era um domingo, lá fora, esse era mesmo o dia da festa nacional...
E eu em perfeita segurança, tranquilamente, porque quem sabia mantinha o compromisso do segredo!

Outros tempos, antes da net e do facebook.

Em 2011, em Espinho, não consegui obter o mesmo resultado. O dia 9 era uma quinta-feira e às quintas há muitas vezes concertos no Multimeios. Assim aconteceu ontem (confesso, que, à cautela, ainda tentei que o concerto se realizasse no feriado, mas Sofia Guedes já tinha compromissos nessa noite!) Quem trabalha directamente comigo recebeu as mesmíssimas instruções. Não foi suficiente. Acho que o facebook revelou a coincidência. Quando ouvi os acordes do "happy birthday" percebi o que me esperava...
Mas, devo dizer que, depois de acontecer, foi muito simpático.

E, antes, o concerto foi memorável!!!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

CONCERTO DE FAUSTO NEVES - HOJE NO MULTIMEIOS ÁS 21.30

Reviver Espinho do compositor e pianista Fausto Neves, num ambiente de café concerto que lhe foi familiar...
Lembrar Espinho na sua época de ouro, que pode ir ranascendo...

Ao piano um grande pianista, Fausto Neves.
Canta Sofia Guedes, maravilhosamente.

Estão todos convidados!

E, seguidamente, há o lançamento do CD PRAIA DE ESPINHO, para levarmos para casa, connosco, o som da música, que acabamos de ouvir ... e as boas memórias!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um percurso breve de "inexperiência" a mestria...

Não é só na política que os nossos críticos bem pensantes se enganam muitas vezes - com dificuldade em aceitar o que é novo ou diferente. Há um recentíssimo exemplo no mundo do futebol.
Villas Boas, é claro!
Quem não se lembra do que dele diziam os sábios da matéria, nos media todos, da imprensa à TV?
E o que é que dizem actualmente, passados uns escassos 10 meses?

Pedro Passos Coelho - quando as aparências não iludem

Acho que Pedro Passos Coelho é o que transparece: um homem bom, bem intencionado, que cultiva a simplicidade, em desfavor do exibicionismo da sua inteligência e da sua cultura, e acredita que, na política, mesmo em tempos tão difíceis, é possível dizer a verdade sem perder a corrida do poder.
Ele é, como eu gosto de dizer, um político "estilo nórdico", o menos "latino" que jamais se viu em Portugal. É contido, é discreto, é sereno e - o que não é dispiciendo...- é sério. Não quer parecer melhor do que, de facto, se sente (antes pelo contrário, por pura modéstia).
Os comentaristas políticos, de ambos os sexos, na maioria, ao invés de Passos Coelho, tem "egos" medonhos e não conseguem entender a sua maneira de ser. Para eles, é politicamente "contra natura". Chamam-lhe outras coisas: juventude, ingenuidade... um comentarista do "Público" de hoje chega ao snobíssimo excesso de falar da "candura inexperiente" do nosso futuro Primeiro Ministro.
Não concordo nada!
Penso que estamos perante um fenómeno de inexperiência "nacional" da nossa "intelectualidade" face ao modo de ser e de fazer política de Passos Coelho, que eu, pessoalmente, aprecio tanto. E, como é evidente, muito povo anónimo também.
Agora, vamos ver quem tem razão...