sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

AS CORES DA LUSOFONIA Exposição de NORBERTO d'ABREU

Norberto d' Abreu é um nome que a Venezuela há muito identifica como seu. Sendo filho de portugueses, nascido em Caracas, lá fez a formação académica, mais tarde completada em Madrid, lá ganhou fama e prestígio, em décadas de trabalho reconhecido em inúmeras mostras individuais e coletivas, ao longo de um percurso artístico ascensional, em que mestria técnica, método e criatividade se combinam na perfeição. 
Portugal, que, ao longo dos tempos e ainda hoje, raramente vem sabendo valorizar os génios da emigração e reclamá-los para si, tem aqui, graças uma meritória iniciativa da Sociedade da Independência Nacional, a oportunidade de descobrir e admirar o seu talento..
E se a Arte não tem nacionalidade, enquanto linguagem universal, o Artista, esse, pode tê-la, afirmá-la, escolhe-la como tema e fonte de inspiração. Esta exposição, com o título "Cores da Lusofonia", é um exemplo da paixão de um Homem da Diáspora por Portugal, sua essência e trajetória universalista, e pelos povos que nela conviveram e nela permanecem, em partilha fraternal e igualitária da diversidade das culturas enraizadas no idioma comum.
Norberto d 'Abreu pinta a sua ideia de Lusofonia, enquanto entrelaçamento de afetos, girândola de memórias, de rostos, de gestos e sentimentos, fulgurantemente, captados no mágico colorido das suas obras. Consegue, assim, como que reescrever a história coletiva, centrado-a em protagonistas com quem nos leva a dialogar de forma inovadora, ele que é, antes de mais, um admirável retratista! E no enfoque minucioso de uma expressão artística singular retrata-se, também, na sua visão das pessoas, a um tempo realista e sensível, juntando ao dom da observação penetrante, rigorosa e objetiva, o de uma muito subjetiva e humana simpatia. 
A "Lusofonia"  apresenta-se, aqui, modelada nos traços e nos cambiantes de imagens de vultos tutelares e de gente anónima, que a falaram, convivialmente, primeiro no pequeno reino europeu, e, depois, a transportaram num movimento imparável de expansão mundial. Todos figurados de corpo e alma  e situados, subtil e luminosamente, na sua circunstância.
Norberto d' Abreu, o contador de histórias, convida-nos  a uma leitura aprofundada da narração visual.centrada em personagens e destinos. Para além da emoção estética, da beleza do quadro no seu todo, em que sobressai a face, o olhar, o porte, o traje, há, em volta, em cada milímetro de tela, uma infinita riqueza de detalhes, sublinhando sonhos, projetos, acontecimentos, encenados num fio de narrativa  que, não raro, ele deixa extravazar da moldura convencional, em que os cânones costumam encerrá-la. Porventura, uma maneira de nos dizer que a aventura da vida é para transcender convenções e para procurar ir sempre mais longe, em busca do impossível...
"As cores da Lusofonia" são, na verdade, uma crónica pictórica esplendorosa e vibrante dessa demanda, com o estilo e a assinatura inconfundíveis de Norberto d' Abreu