terça-feira, 29 de março de 2011

Portugal é Portugal

Ontem, subitamente, tornei-me fã de DILMA .
Excelente, a Presidenta Dilma, no diálogo com Miguel Sousa Tavares. Nunca o imaginei a entrevistar uma assumida feminista, com o ar de quem está encantado. Mas quem não estava?
A Presidente impressiona. Usa a palavra certa, de uma forma contida e assertiva. A sua maneira de estar é perfeita - nem demais, nem de menos. Uma imagem do espírito e da força de um Brasil no feminino.
Gostei muito em especial desta frase sobre as relações luso brasileiras:
"Não acho que Portugal seja a Europa. Portugal é Portugal".
Que modo tão inteligente de nos singularizar, identificando-nos!

domingo, 27 de março de 2011

"Quem interviu no meu despedimento?"

A interrogação é do douto Carlos Queiroz, na entrevista exclusiva concedida à TVI24, que acabou há poucos minutos.
INTERVIU? O homem precisa de voltar à escola primária!

A entrevista não teve graça nenhuma, mas eu resisti, de princípio ao fim. Fiquei a saber, por exemplo, que se sentiu pertubado no seu "momento de glória" (a decisão que o iliba no caso doping) pelas palavras de Pepe, lançando agora a nova acusação de que ele foi "instrumentalizado".
Queiroz meteu os pés pelas mãos - para usar uma daquelas expressões populares em que ele se exprime, habitualmente - e até chegou a reconhecer que a opinião de Pepe pode ser "verdadeira" (ou seja, que ele disse o que pensa). Não pode é ser "expressa".
Não pode ser expressa? Mas em que democracia vive este senhor?
Não pode ser expressa, porque não é "profissional". E serão "profissionais" os insultos xenófobos que ele dirigiu ao luso-brasileiro Pepe, gozando até com as cores da bandeira do BRASIL?

sexta-feira, 25 de março de 2011

Queiroz : Por que no te callas?

Queiroz acabou. É um "has been". Ninguém por cá o vai querer nunca mais. É um produto invendável... De todos os erros de Madaíl, ele, com a sua arrogância, a disfarçar mal o medo de "ir a jogo", encarnou o mais monumenal de todos.
Falhou o "mundial" mais por essa falta de coragem e de "fair-play" do que pelos resultados e comprometeu o futuro no "europeu", de uma forma miserável, num clima persecutório de alguns, e de desânimo geral. Parente próximo do caos absoluto.
Desbaratou as potencialidades de um grupo talentoso, que emergiu, imediatamente, com a sua mera substituição por um treinador muito mais jovem, com curriculum bem mais modesto, mas com capacidades profissionais e, sobretudo, humanas, infinitamente superiores. Nem foi preciso Mourinho. Bastou Bento. Bastou Bento para mostrar onde estava o mal da selecção (Queiroz) e o bom (jogadores, libertos do ambiente kafkiano da era queirosiana).
O que Pepe disse, no seu apelo a que os deixe tranquilos com o novo e tranquilo responsável pela selecção, foram coisas úteis no contexto, mas que não constituem segredo ou novidade para ninguém.
O que Queiroz respondeu também não é surpresa, porque dele esperamos sempre o pior...
Foi vergonhoso!
Um ataque xenófobo a um luso-brasileiro - ridicularizando-o, a imitar sotaque e particularidades de expressão - coisa absolutamente inadmissível, que, num país civilizado lhe devia merecer processo e sanção. Óbvio! Se a atitude racista de meros adeptos, quando, por exemplo, atiram bananas a um jogador negro, o merece (evidentemente!), o que se dirá de um professor, de um ex-seleccionador que desce a estas profundezas de ódio anti-brasileiro?
Segue-se a referência, igualmente odiosa, a um episódio muito antigo e muito infeliz da vida de Pepe, um descontrolo emocional (do qual ninguém está livre). Uma agressão SEM QUAISQUER CONSEQUÊNCIAS para o agredido, mas que Queiroz refere como pontapear "selvaticamente" a cabeça do adversário. Na verdade, a cabeça do adversário ficou de boa saúde (ao contrário do que aconteceu em agressões deliberadas, a sangue frio, como aquelas de que foram vítimas, por exempolo, Pedro Mendes ou Petr Ceh, que só por sorte estão vivos. Ou Anderson, no Porto - SLB, ou Derlei, num amigável(?) Boavista-Porto, que ficaram muitos, muitos meses fora dos relvados. Ou Nani, recentemente.
Selvático é, também, o ataque de Queiroz à moral e ao equilíbrio emocional de Pepe, que espero, possa resistir, com a força que lhe deve dar o facto de saber que falou verdade, em linguagem simples e respeitosa. Exactamente o oposto do que pode dizer-se de Queiroz...
O homem sem qualidade e sem clase, que devia ter sido demitido pela FPF, não nos tortuosos e extemporâneos processos, que lhe moveram "ex post" mundial, mas muito antes, quando, segundo a boa imprensa, agrediu, a sangue frio, em público. num aeroporto, um jornalista cujo único crime era o de o ter criticado, ao abrigo da liberdade de expressão.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sobre o (Des)Conserto

Uma entrevista di jornal "DEFESA DE ESPINHO"

Tem-lhe encantado mais a verve do maestro António Victorino D’ Almeida
ou os seus dotes musicais (ao piano) no ciclo “Café (des)conserto” (em curso
no Centro Multimeios)?

Acho que o músico genial - não só um virtuoso pianista, mas um grande maestro e compositor – tem o seu lugar de vanguarda na vida cultural portuguesa do nosso tempo. E não podemos deixar de reconhecer , antes do mais esta qualidade, que só por si, tornaria histórica a sua continuada presença em Espinho. Em concerto. O (Des)concerto, porém, só é possível, graças à outra faceta, que acresce e o torna tão versátil, tão fascinante para todos os públicos, mais ou menos eruditos: a de comunicador, tendo a seu crédito uma assombrosa vivacidade, uma vastíssima cultura geral e não só musical, mais a sua imaginação e a sua “verve”. Com ele no palco, tudo é imprevisto e espontâneo e temos a certeza, não só de viver momentos de emoção artística, como outros de puro humor e diversão. E, para além disso, a certeza de aprender, porque também é o perfeito professor.
Quando o título (Des)conserto me ocorreu (não esqueço que foi por acaso, ao descer, numa bela manhã de Outono, a Rua 19), pensei imediatamente no Maestro. Ou ele, ou nada! Apenas o achado de um trocadilho, sem mais consequências…


2 – Argumentando ser o música como pela
palavra”, a Câmara Municipal perspectivou na antecâmara didadas (seis) sessões
(nas primeiras quintas-feiras do corrente semestre) que o ciclo “Café
(des)conserto” iria “certamente” marcar a vida cultural da cidade, “com a
vivência de momentos inesquecíveis”… Assim foi (com o grupo coral da
Academia de Música de Espinho sob a batuta do maestro Fausto Neves, a
pianista Olga Prates e a cantora Nádia Sousa. E assim será nas noites de 7
de Abril, 5 de Maio e 2 Junho? Com puro café-concerto…

A aposta na “vivência de momentos inesquecíveis” foi certamente ganha nestes 3 primeiros (Des)consertos, como sabem os que podem dizer “eu estive lá!”
O que vão ser os próximos? Mais e mais surpresas, a animar a vida cultural de Espinho, e a recordar memórias de outros génios musicais que por aqui passaram ou aqui viveram. Cada sessão pode ter um “leit-motiv”, uma temática, mas será sempre, acima de tudo, improviso “(des)consertante”. O Maestro é ele próprio e cria as mais prodigiosas circunstâncias… Mas os participantes podem ser parte do improviso e do seu destino. Já aconteceu: um pequeno comentário sugestivo basta para provocar uma explosão de graça e uma mudança da rota do programa. Aqui fica o convite.

(publicado a 17 de Março)