sábado, 29 de abril de 2017

HOJE O FCP PÔS EM CAMPO RUBEN NEVES

Rúben Neves é um jogador fenomenal! Foi a única coisa boa que nos deixou Lopetegui. Trouxe-o das "camadas jovens" do clube para o onze principal com 17 anos. O único "senão" de Ruben é que aos 17 anos mostrava uma tal maturidade, uma tal classe que parecia tornar difícil vir a ser ainda melhor do que já era... De facto, joga com o mesmo à vontade e desenvoltura qualquer que seja o adversário, qualquer que seja o estádio na alta roda do futebol. A sua visão e jogo e precisão de passe são fantásticas! Assim chegou a capitanear o FCP na Liga dos Campeões. Assim chegou à seleção nacional, com brilho e com entusiasmo. Nunca falhou. Estranhamente, com Nuno Espírito Santo perdeu o lugar na equipa. Para qualquer outro jovem da sua idade, a regressão teria sido quase inevitavelmente fatal. Resistir, como se vê que resistiu pela forma como jogou hoje, é mais uma prova de extraordinária precocidade. Claro que Ruben só entrou porque não havia Danilo disponível (muito embora os dois não sejam incompatíveis). Enfim, espero que num futuro próximo NES se vá (como é normal para um treinador, bom ou mau...) e Ruben fique, como capitão de um FCP renascido.

domingo, 16 de abril de 2017

HOMEM CERTO NO LUGAR CERTO. NO TEMPO ERRADO... (a propósito do Aeroporto Cristiano Ronaldo) 1 . O País continua a discutir, apaixonadamente, dentro e fora dos debates televisivos, numa espécie de multiplicação do programa "Prós e contras", o "batismo" deste aeroporto. Para além da própria denominação, um outro caso se levantou com a inauguração de um busto do patrono de muito duvidosa qualidade. Esta segunda controvérsia tornou-se mais importante porque se constituiu no melhor indício da ligeireza (para não dizer leviandade) com que o processo decorreu de princípio a fim - se é que chegou ao fim, visto ter sido suscitada a questão jurídica da legitimidade do Governo regional interferir em domínio que será (ou não!) do poder de Lisboa. O bronze foi produzido em escassos 15 dias e é de autoria de um generoso dador, desconhecido nos meios artísticos - exemplo de amadorismo, particularmente inadequado para prestigiar o mais profissional dos atletas, em cerimónia abrilhantada pela presença do Presidente da República e do Primeiro Ministro. Pressa, voluntarismo, incompetência. E, segundo alguns avisados comentadores, porventura, um gesto não assumido de rotura geracional na vida política da Região. Ou seja, o meio eficaz de precludir a possibilidade de um futuro Aeroporto Alberto João Jardim. E para a missão de descartar o Homem ao qual, substancialmente, se deve a modernização da Madeira e o avanço do projeto autonómico, quem melhor do que o madeirense mais popular do mundo? A razão porque esta hipótese parece plausível é o desacerto do "timing" da "alternativa Ronaldo". De facto, o jogador está apenas a alguns anos do termo da carreira. a alto nível, e, por isso, não se vislumbra motivo para não adiar, por quatro ou cinco anos, se tanto, um tributo que seria absolutamente oportuno e indiscutível no preciso momento da despedida dos relvados. Março de 2017 é, definitivamente, o tempo errado, para entronizar um " homem certo, no lugar certo". 2 - Lamento ter de criticar uma deliberação que, noutras circunstâncias, veria com agrado, pois sou uma declarada defensora das vantagens de "dar o nome às coisas" - desde aeroportos a instituições culturais e quaisquer outras, sempre que esse ato contribua para a preservação da memória dos feitos e das pessoas com que se construiu ou se constrói a história de um país, de uma região,de uma comunidade, de uma entidade, e com cujo exemplo se conduz essa história ao seu futuro. É justo, é edificante conferir, assim, visibilidade a laços de pertença, a personalidades que são fonte de inspiração para as novas gerações. Reclamar, deste modo, a herança dos nossos maiores, significa não só valoriza-los como valorizar-nos. 3 - Espinho tem, na minha opinião, sabido assumir inteligentemente este desiderato. A singularidade de haver substituído, desde o início do século passado, nomes por números de ruas, não o prejudica, antes pelo contrário: é um aproveitamento hábil do seu traçado geométrico, converteu-se em símbolo de modernidade e permite valorizar as várias excepções mantidas ou introduzidas na sua toponímia. Três excelentes liceus, que são orgulho da cidade, têm como patronos vultos que a enriqueceram enormemente, em diferentes domínios. O mesmo se diga das galerias de arte do FACE, do auditório da sala de cinema do Multimeios, ou da Biblioteca Municipal... Salientarei, em especial, o processo de dação do nome do escritor e pedagogo José Marmelo e Siva à Biblioteca Municipal, porque foi aquele que mais de perto acompanhei, em 2011, enquanto vereadora da Cultura. Marmelo e Silva adotara Espinho para viver e trabalhar, ao longo de décadas e, sendo, reconhecidamente um dos cultores mais originais e mais exigentes da língua portuguesa na busca conseguida da perfeição, constituía uma escolha evidente, na hora certa em que se abria ao público a Biblioteca na sua nova e magnífica sede. A escolha veio a ser a de todo o Executivo municipal, por unanimidade (e aclamação!), sem sombra de aproveitamento partidário ou individual e não sem antes ter sido longamente ponderada. Foi até criada uma comissão para dar parecer - um verdadeiro comitè de "sages", que se pronunciou e dirigiu ao Executivo várias recomendações, entre elas as relevantespropostas de dar às duas salas de leitura,os nomes de Sophia de Mello Beyner e de Edgar Carneiro. Mais e melhor só se conseguiria pela via de um referendo, que é como se sabe, meio dispendioso e, por essa e outras razões, raramente usado entre nós

segunda-feira, 10 de abril de 2017

DECO O MÁGICO VOLTA AO PORTO

DECO - O MÁGICO VOLTA AO PORTO 1 - Se este ano o FCP interromper a sua continuada hibernação de títulos, terá de reconhecer que o deve, em larga medida, a Anderson Luís de Sousa, ou DECO, como ficou eternizado na história do desporto. De facto, Deco continua a espalhar magia, agora já não sobre os relvados, mas, digamos, de fora para dentro do campo. Por sua mão, chegou ao Porto, no "mercado de inverno", Francisco (Tiquinho) Soares. E, com Soares, em pleno inverno, começou, mais cedo, a primavera portista! Diz o ditado popular que "uma andorinha não faz a primavera"... Mas poderá um homem, num jogo tão essencialmente coletivo como é o futebol, fazer a diferença? Em determinadas circunstâncias, pode, e aí está Tiquinho para o provar. O FCP, esta época, tal como nas precedentes, tardava em se afirmar, apesar de ter, aparentemente (quase) tudo o que era preciso para o sucesso: um "monstro sagrado" na baliza; uma dupla de centrais que o próprio presidente Pinto da Costa elogia superlativamente (num clube habituado a ter os melhores centrais do mundo de Aloísio a Jorge Costa, de Ricardo Carvalho a Pepe, sem falar de outros, através dos tempos), uma sólida defesa, em suma; uma superabundância de bons médios (a ponto de raramente sair do banco o que me parece o mais talentoso e promissor de todos, Rúben Neves); e, à frente, uma plêiade de jovens, justamente incensados pela elevada qualidade técnica, que, note-se, subiu, repentinamente, quando Nuno Espírito Santo (NES) se lembrou de convocar Brahimi, que por ali andava esquecido ou proscrito. Todavia, sabido que as vitórias resultam da diferença entre os golos que se marcam e os que se evitam, e dado que o FCP de NES defendia com a devida eficácia, mas não marcava, com a devida regularidade, o percurso era feito de altos e baixos, numa competição que exige regularidade global. Assim, o título, que foge há três longos anos, parecia muito improvável. 2 - Não era difícil detetar a maior lacuna do plantel, difícil era achar o homem com perfil para preencher o vazio deixado por Jackson Martinez, hoje no Guangzhou Evergrande de Scolari, em boa posição para ser campeão da China. NES acreditava piamente no promissor André Silva (que é, realmente, muito promissor) e, para as suas faltas, foi comprar ao estrangeiro, impressionado, talvez, antes de mais, pela dimensão física, o colosso belga Depoitre, (por seis milhões de euros), despachando, sem hesitação, as alternativas ao seu dispor, Aboubakar, estrela que cintila, agora, lá longe, no Besiktas da Turquia, e Marega, que tal como Hernâni, brilha, aqui bem perto, em Guimarães. Ora, justamente em Guimarães, vindo do Nacional da Madeira, estava Tiquinho Soares, tesouro oculto, cujo potencial só Deco soube adivinhar... Nem o Rudolfo Reis, que tanto gosto de ouvir, domingo à noite, no "Play off", acreditava nas capacidades do reforço de inverno... Com o desassombro e o humor muito portuense que o caraterizam, colocava o Tiquinho na classe futebolística do operariado menos qualificado - e, depois que ele se impôs, no onze do Dragão, os" compagnons de route" daquele programa não o deixam esquecer o erro inicial de avaliação... (Rudolfo, o mítico capitão portista, que nunca envergou outra camisola além da do clube do coração - feito, hoje em dia, praticamente impossível de igualar, pois a lei do mercado, que passou a reger os negócios do futebol, depressa o teria expatriado para um qualquer campeonato milionário). 3 - Deco disse, numa pequena entrevista, que Soares não era um novo Derlei, nem jogava na mesma posição, mas tinha características de Derlei. Bem visto!... Tem muito mais de Derlei do que, por exemplo, do ídolo que, na canção de Rui Veloso, com letra de Carlos Té, realiza os nossos impossíveis desejos - “voar como o Jardel sobre os centrais". De facto, Jardel dominava o jogo, em poucos metros de terreno, entre os centrais, e precisava de um Drulovic (no FCP) ou de um João Vieira Pinto (no SCP) para receber a bola em posição de voar para o remate imparável... E que saudades de tantas obras-primas de finalização! Soares promete satisfazer a nossa sede de golos, num futebol moderno, de vaivém entre espaços ofensivos e defensivos. É, como Derlei, viajante do campo inteiro - joga e faz jogar, embora agradeça e aproveite a precisão de passe dos companheiros. Um fenómeno, combinando força, técnica, visão, veia goleadora e, também, porte físico, para satisfazer quem valoriza nos atletas a altura e a corpulência (únicos predicados em que Depoitre poderá rivalizar com ele). Até Luís Freitas Lobo, superior autoridade doutrinal neste domínio, o refere como " o fator que muda tudo". E, em linguagem mais poética, vai ao ponto de falar do "novo mundo azul de Soares". Ao lê-lo, com prazer e com esperança no futuro, recordei o passado, o antigo "mundo azul de Deco", que foi, a meu ver, o melhor nº 10 nos anais do futebol portista (e do português, igualmente...), o cérebro das suas equipas, o grande mestre do desenho de um futebol que aliava a arte à eficácia! Ele poderá, de agora em diante, usar essa mesma inteligência e mestria na descoberta de novos talentos. Espero que Soares tenha sido, para o FCP, o primeiro de muitos…

domingo, 9 de abril de 2017

9 de abril na BATALHA

Há cerca de 30 anos (em 1989 ou 1990?), neste dia estava eu a discursar na solene cerimónia da Batalha, lembrando séculos de defesa da independência de um país, que é o mais antigo da Europa, dentro das fronteiras atuais. Em si, num território tão pequeno e com um vizinho tão poderoso é um grande feito, e nunca poderemos agradecer suficientemente aos que perderam a vida para que fosse possível - até hoje. O inesperado convite para a minha intervenção - a primeira de uma Mulher - partiu do General Altino de Magalhães, que era, suponho, a autoridade máxima na Liga dos Combatentes. Presente o Ministro da Defesa Fernando Nogueira, meu colega de Coimbra, numa sessão solene, no incomparável enquadramento do mais belo monumento gótico português. Guardo as melhores recordações do General - um "gentleman", de um garbo e serenidade britânicas, mas com um sorriso bem sulista, Conheci-o no Instituto de Defesa Nacional. Era ele o Diretor do IDN e eu fui vários anos conferencista do curso de Defesa nacional (falando sobre emigração, naturalmente).