sábado, 15 de fevereiro de 2025

“A MULHER DO LUSOPRESSE”: 20 ANOS DE HISTÓRIA NA COMUNIDADE• Por Adelaide VILELA (Fotos de David BOULINEAU e Franco RODRIGUEZ) A “Festa da Mulher do LusoPresse”,realizada na Casa dos Açores do Quebeque, jáacumulou uns belos 20 anos de história e dereconhecimento. Norberto Aguiar conscientede que a mulher tarda em ocupar o lugar quelhe é devido, na sociedade, criou um evento dedicado a elas acreditando na dimensão e noprivilégio que este acontecimento inédito viriaa alcançar. A mulher merece ser homenageada,é ela quem dá luz ao mundo, e de sobremaneiraconsegue o que deseja vencendo com destrezae valentia quaisquer desafios.  Norberto Aguiar sabia, de antemão, que a figura da mulher foradesconsiderada e mesmo desacreditada duranteséculos. Os direitos de liberdade da mulher tardaram em entrar no ciclo da igualdade, e é preciso acrescentar que apesar das lutas e das conquistas, muitas são apenas máquinas de procriação e donas de casa. Há que deixar claro que ainda hoje a luta pela igualdade de gênero éconstante em diversas sociedades. Quantas não ganham o direito de se instruir, e sem a liberdade de escolha não podem trabalhar nem ocuparlugar algum ao lado dos homens. Temos consciência de que as nossas seis oradoras e todasas outras que o jornal LusoPresse reconheceu nestes últimos 20 anos, são mulheres livresque se definem com seriedade e vantagem, aotrilharem caminhos ao lado dos homens, focadas em determinados critérios que assentamem padrões eficientes e competitivos. Ao longo do tempo ganharam espaço e passaram aassumir, dentro do seu plano de crescimento,um lugar importante na sociedade sem nuncaabandonarem o seu núcleo familiar. Tambémo criador deste evento se deu conta de que a luta por elas desenvolvida fez com que a mulherdeixasse de ser notada como a simples dona decasa e passasse a ganhar protagonismo. Cada uma das nossas seis preletoras apostou na suaformação, e conseguiu afirmar-se, mostrandoser grande prestadora de serviços à sociedade,por isso desempenhou e desempenha cargosimportantes em política, na armada, em finanças, no ensino e em grandes empresas. E foram grandes mulheres as que criteriosamente o Lusopresse escolheu e homenageou durante duas décadas, e outras merecem ainda ser reconhecidas. Durante os tempos difíceis em que a Covid19 encerrou a população em casa, caíram porterra as oportunidades para celebração ao vivo.Assim, neste quadro específico, o tempo foipropício para celebrar o Dia da Mulher. Foram entregues os Prémios Corte-Real, e apresentouse a conclusão do estudo: O estado e o futurodos meios de comunicação étnicos portuguesesno Quebeque, levado a cabo pelos professores doutores Luís Aguiar, Farrah Bérubé, CarlosTeixeira (ausente) e Amilie Chalifoux, licenciada. A festa da “Mulher do LusoPresse” realizouse na Casa dos Açores do Quebeque, num tempo em que o tempo não diz nada por falta de interesse, mas conta-nos tudo, conta com 20 anos de história, de reencontros e de reconhecimento de grandes damas do nosso burgo. Estivemos com atenção às palavras das convidadas e cada uma das palestrantes nos surpreendeu pela positiva. Teresa Aguiar, a jovem Alferes daArmada Portuguesa, a residir em Lisboa, commestrado em Ciências Desportivas, aconselhouos jovens, principalmente as mulheres, a integrarem o serviço militar. Na sua opinião, nas fileiras militares fazem falta as mulheres e, tal como o devem entender, as mulheres de fardasão tratadas por igual e muito respeitadas. Teresa Aguiar assume o seu posto e posição ao lado dos homens e conta seguir a vida militar. Do exército damos o braço e o abraço aAnabela Monteiro, uma menina que conhecemos na Comunidade Portuguesa de Montreal:viva, esperta e inteligente! Nós afirmamos sempre que a Anabela é uma grande profissional,ágil e de espírito aberto, um dia ainda veremosocupar um cargo de relevo como mulher napolítica nesta sociedade canadiana. AnabelaMonteiro trabalha como assessora do deputadode Nelligan e líder da Oposição oficial na Assembleia Nacional, em Quebeque. Na sua alocução, no Dia da Mulher do LusoPresse, rendeutributo à mulher emigrante, e sobretudo aosseus pais. Anabela Monteiro confessa que aforma de vida que a sociedade proporciona àsfamílias não é muito diferente da época emque era menina. Sabemos que dos pais recebeuum cofre de possibilidades para que hoje sejauma grande mulher na vida e no amor. Outra mulher valiosa é a Paula Ferreira,presidente do Conselho de Administração daCasa dos Açores do Quebeque, cursou Recursos Humanos e saiu licenciada pela Universidade McGill. Como formadora ocupou oposto de diretora de Remuneração Executivae Recursos Humanos numa empresa de renome canadiana. Paula Ferreira é uma mulhercalma, possuidora de uma grande riqueza interior e melhor ainda: canaliza a energia positiva para o sítio certo, gosta de se entenderbem com todos e sabe organizar-se em tudoo que realiza. O amor pelos seus está patente,notou-se no sem número de fotos que pudemos ver enquanto nos dava a conhecer o quefoi a sua vida, como mulher emigrante, nestaprovíncia.Falamos agora da querida Jacinta Amâncio, outra mulher de grande valor que nuncaviveu por viver e nunca se viu vacilar. Chegoua Montreal, depois de Angola, formou-se emHistória e segundo nos contou, as Finançasfalaram mais alto. Logo, voltou aos bancosda escola e trouxe nova formação nesta área.Graças ao nível de qualidade demonstrada foidiretora da “Caixa Desjardins Portuguesa”.Assim sendo, com grande desempenho, favoreceu e defendeu os interesses dos portugueses. Jacinta foi simplesmente uma máquinade trabalho, uma mulher profissionalíssima ede uma gentileza como só ela sabe ser e estarna vida e no emprego. Alexandra Mendes foi a menina traquinaque nunca viu vagareza nos seus atos, pareceque nasceu numa manhã cheia de oportunidades. Deputada de Brossard-Saint-Lamberte Vice-Presidente do Parlamento do Canadá,foi outra das convidadas do “Dia Da Mulherdo LusoPresse”. É outra das mulheres dasquais nos orgulhamos. Ao ouvi-la discursarafirmando de que na política como em qualquer outro trabalho a mulher deve lutar paraque todos os desejos se concretizem e nuncaesperar que as coisas lhe venham ter às suasmãos, “A mulher é que as deve agarrar comvantagem e convicção”. Alexandra Mendesé, sim senhor, uma Grande Mulher! (Já recebeu, em outra ocasião, o Prémio Corte-RealLouvor) Tal como a jovem Alferes Teresa Aguiar,Manuela Aguiar veio de Portugal para participar no “Dia da Mulher do LusoPresse”. Anossa estimada Amiga regressou ao Canadácom a mesma alegria de sempre. É de salientarque ao dedicar-se ao povo emigrante comoSecretária de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas iniciou o Conselho dasComunidades, que seguramente seria umamais-valia, para os emigrantes e lusodescendentes caso soubessem tirar proveito. Durante a sua alocução, Manuela Aguiar, muito alegre e descontraída, contou-nos histórias inéditas esensacionais das muitas das suas visitas à diáspora portuguesa. A ex-Secretária de Estado eex-Vice Presidente da Assembleia da RepúblicaPortuguesa manda um recado ao Norberto Aguiar: “A Festa do Dia da Mulher é para semanter, principalmente, porque é um eventoinédito e visa render tributo à mulher”. Manuela Aguiar está aposentada, mas continua irrequieta. Ela pertence ao Conselho de Curadoresda Fundação Luso-Brasileira, ao ConselhoMonárquico, ao Círculo de Culturas LusófonasMaria Archer. É membro de diversas ONG’se Administradora não Executiva da SAD doFutebol Clube do Porto. Manuela Aguiar trouxe meia dúzia de livros para Montreal, uma obra acabada de sair, com prefácio do digníssimo colaborador do jornal LusoPresse, DanielBastos, mas não aceitou fazer o lançamentodo livro, preferiu assistir à festa e oferecer oslivros. O livro intitula-se O CONSELHODAS COMUNIDADES PORTUGUESAS –Espaço de Utopia e Experimentação. Já lemosuma parte, é uma obra de relevo, representativa,e de maior interesse para as comunidades quegostem de história desenhada na memória.Para que possamos entender melhor a sociedade, Norberto Aguiar é preciso que sejapreservado o Dia da Mulher do LusoPresse.Lembramos-te a ti e a todos os que defendem a mulher que nem tudo foi conquistado,os direitos da mulher na questão salarial e outros aspetos, mesmo nas sociedades desenvolvidas, sobretudo no que respeita aos direitosde igualdade de género ainda não é conclusivo,sabemos que as falhas masculinas persistemséculos depois. No fim da sessão, as oradorastodas foram unânimes em afirmar que nenhuma mulher deve esperar que a sorte lhe venha ter às mãos, cada uma deve ter os seuspróprios recursos e não esperar por ninguém. VIVA A MULHER!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

INFORME SOBRE AS ATIVIDADES DO CÍRCULO MARIA ARCHER (2021/2022 Janeiro/março 2022 HOMENAGEM A MARIA ARCHER NA CIDADE DO PORTO, NO 40º ANO DA SUA MORTE A 23 de janeiro de 2022 completaram-se quarenta anos sobre a morte de Maria Archer, uma efeméride que foi comemorada, no Porto, pelo Círculo de Culturas Lusófonas Maria Archer, de janeiro a março, com uma programação de atividades focada nas múltiplas facetas da sua obra, e na sua vida, repartida no espaço da lusofonia, num constante cirandar entre realidades culturais de que se tornaria intérprete e mensageira privilegiada. Os eventos presenciais - uma Exposição de pintura de homenagem a Maria Archer, comissariada por Ester de Sousa e Sá, e o Ciclo de Colóquios, organizados por Maria Manuela Aguiar - foram realizados no Gabinete da Biodiversidade - Centro de Ciência Viva, de 22 de janeiro a 31 de março, com a ativa colaboração de Maria João Fonseca e dos funcionários do seu departamento. Os colóquios, subordinados ao tema "Maria Archer, Eu e Elas - mulheres que irromperam no mundo dos homens", sucederam-se, com periodicidade, em regra, quinzenal, ao longo do tempo de abertura ao público da Exposição de Homenagem a Maria Archer, e constituíram oportunidade de reflexão e debate sobre percursos de vida de mulheres portuguesas que foram precursoras em diferentes áreas e se tornaram modelos femininos de interagir, criativamente, no espaço público. O Colóquio Internacional "MARIA ARCHER E OUTRAS MULHERES DE REFERÊNCIA E DE (IR)REVERÊNCIA, uma parceria entre o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa e o Círculo Maria Archer, projetado de início, para a Galeria da Biodiversidade, decorreu exclusivamente "online", a 22 de fevereiro, e reuniu investigadores portugueses e estrangeiros dedicados ao estudo da obra de mulheres portuguesas que se destacaram no panorama das Letras e Artes e nos movimentos proto feministas e feministas, de finais do século XVIII aos nossos dias, com o seguinte programa: Mesa 1 | 10h30 -12h30 Moderação: Rosa Simas (Universidade dos Açores) • Maria Luísa Malato (FLUP - ILC), “Catarina de Lencastre e o tema da guerra no limiar do século XIX” •Cláudia Pazos- Alonso (Univ. Oxford - ILC), “Onde se lê ‘feminismo pioneiro’... leia-se Francisca Wood” • M Luiza Taborda (FLUP - ILC), “Ana Plácido e uma cela só para si” • Ana Costa Lopes (Univ. Católica-CEPCEP), “Elisa Curado: uma progressista em tempos de cólera” Mesa 2 | 14h30 - 16h00 Moderação: Maria de Lurdes Sampaio • Ana Paula Ferreira (Univ. Minnesota) - “Discurso imperialista e posicionamento anti-colonial: Maria Archer (1935-1963)”. • Ana Paula Coutinho (FLUP - ILC), “Maria Archer: deslocação e (in) conveniência” • Elisabeth Battista (UNAMAT) Da dominação à resistência: percurso de Maria Archer Mesa 3 | 16h30 - 18h00 Moderação: Cláudia Pazos-Alonso • Isabel Pires de Lima (FLUP - ILC), “Mulheres na Revolução: das Três Marias a Agustina” .• Márcia Oliveira (Univ. Minho/CEHUM), “Womanart: Mulheres, Artes, Ditadura” • Deolinda Adão (Univ. Berkeley), “A audácia de escrever: uma abordagem da produção literária feminina” Comissão Organizadora: Maria Manuela Aguiar, Nassalete Miranda (CMA), Marinela de Freitas e Lurdes Gonçalves (ILC) EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE HOMENAGEM A MARIA ARCHER CICLO DE COLÒQUIOS "MULHERES QUE IRROMPERAM NO MUNDO DOS HOMENS" Sessão de Abertura, sábado, dia 22 de janeiro 1º Colóquio - 16.00 - 17.00 Moderação: Nassalete Miranda (CMA) Conferencista Deolinda Adão (Universidade da Califórnia, Berkeley): “Sussurros de vozes no silêncio – o caso de Maria Archer” Exposição de Pintura, 17.00-18.00 Apresentação: Ester de Sousa e Sá Artistas plásticos: Aquilino, Balbina Mendes, Cláudia Costa, Constância Néry, Do Carmo Vieira, Elizabeth Leite, Ester de Sousa e Sá, Gabriela Carrascalão, Mafalda Rocha, Maria André, Norberto de Abreu, Sílvia Vale. Todos os pintores foram convidados a falar da sua relação com Maria Archer, tal como a expressam nas telas. 2º Colóquio - 2 de fevereiro, 16.00.17.30 Apresentação Mafalda Roriz Graça Guedes - Presidente da Associação "Mulher Migrante", a primeira mulher a fazer o doutoramento em Ciências do Desporto e a tornar-se professora catedrática nesse domínio, em Portugal, depois de ter sido campeã nacional e jogadora da Seleção Portuguesa de Voleibol. A apresentação foi feita por Mafalda Roriz, uma das jovens que orientou num domínio outrora coutada masculina. 3º Colóquio, 16 de fevereiro 16.00.17.30 Comunicação de Nassalete Miranda sobre "Agustina na terceira pessoa" Agustina Bessa Luís na sua veste de primeira Diretora de um grande jornal nacional, o Primeiro de Janeiro, nas palavras de Nassalete Miranda, que seria, por uma década, sua sucessora nesse cargo, e é, atualmente, Diretora do Jornal "As Artes entre as Letras". 4º Colóquio, 9 de março, 17.00-18.30 Por altura do "Dia Internacional da Mulher", em parceria com a Associação de Antigos Alunos do Liceu Rainha Santa Isabel, uma homenagem às primeiras mulheres eleitas democraticamente para o Parlamento, em 1975, na pessoa de Amélia de Azevedo, Deputada Constituinte: "Amélia Cavaleiro de Azevedo, uma democrata antes e depois de Abril". Intervenções de Maximina Girão e Nassalete Miranda. Testemunhos de Aurora Pereira, Levi Guerra, Rui Amaral e Amândio de Azevedo. A finalizar, José Carlos de Azevedo declamou um poema de Sophia, que, tal como Amélia de Azevedo, foi Deputada Constituinte pelo Círculo do Porto. 5º Colóquio, 16 de março, 16.00.17.00 Numa comunicação com o título "Maria Archer e Maria Lamas, o percurso de duas mulheres lutadoras" ,Ilda Figueiredo, Presidente da Direção do Conselho Português para a Paz, recordou as duas ilustres contemporâneas, na constante defesa da liberdade e da igualdade, que as levou ao exílio, destacando Maria Lamas como a primeira jornalista profissional no seu país. 6º Colóquio, 16 de março, 17.15.18.30 "Tributo a Ruth Escobar, a portuense que ajudou a mudar o Brasil" Sobre Ruth Escobar, atriz, produtora, diretora artística, grande renovadora do teatro no Brasil, e primeira mulher eleita deputada a uma Assembleia Legislativa Estadual (no Estado de São Paulo), falaram um homem do teatro, José Caldas, um crítico de cinema, Danyel Guerra e a primeira mulher Vice-Presidente da Assembleia da República, Maria Manuela Aguiar.. Sessão de Encerramento, 31 de março, 17.00 - 18.30 No último colóquio, foram oradoras Isabel Henriques de Jesus (CICS. Nova /Faces de Eva) "De olhos bem abertos - Nótulas sobre Maria Archer, Eu e Elas", e Olga Archer (sobrinha neta de Maria Archer) "Recordar Maria Archer". Uma mensagem de Blanche de Bonneval (antiga perita das Nações Unidas, PNUD), de quem a homenageada foi precetora e amiga, terminou os trabalhos, numa nota muito afetiva. Seguiu-se um último convívio com artistas participantes na Exposição, no luminoso espaço arquitetónico, que foi casa de infância de Sophia de Mello Breyner e é hoje o Museu de Ciências Naturais, onde a Universidade do Porto acolheu as comemorações em memória de Maria Archer. 2021 1 - Ciclo de colóquios "Do Vaivém de gente ficam as histórias" CICLO DE COLÓQUIOS MIGRAÇÕES - DO VAIVÉM DE VIDAS FICARAM HISTÓRIAS" O "Círculo Maria Archer", em parceria com a "Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade" (AMM), promove um ciclo de três colóquios sobre a temática das migrações portuguesas, vistas através da Literatura. É um convite à leitura coletiva da obra ímpar de Júlia Nery e à reflexão sobre questões que foram, igualmente, centrais no percurso e na escrita de Maria Archer, na sua visão do mundo lusófono e do espaço que as mulheres nele ocupam, ou devem e podem ocupar. No ciclo de colóquios, por zoom, sobre os livros “Ei-los que partem”, “Pouca terra… pouca terra” e “Da Índia, com Amor”, se começa por abordar a problemática da chamada "nova emigração" - a partida de jovens profissionais altamente qualificados, a perda de "talentos" - , para lançar, seguidamente, um olhar retrospetivo sobre a emigração tradicional - que, ao longo de séculos, despovoou o mundo rural, no continente e nas ilhas do Atlântico - e sobre o fenómeno da Expansão, determinante do êxodo sem fim, que deu origem às comunidades de cultura portuguesa e à “Diáspora". Todas as sessões contam com a participação da Autora JÚLIA NÉRY e constituem, assim, momentos privilegiados de diálogo com ela. Programa dos Colóquios Sábado, 24 de abril, 17.00 -18.00 “EI-LOS QUE PARTEM” Apresentação de Aida Baptista, seguida de debate moderado por Maria Manuela Aguiar Sábado, 22 de maio, às 17.00-18.00 “POUCA TERRA...POUCA TERRA” Apresentação de José Manuel da Costa Esteves, seguida de debate moderado por Graça Guedes Moderadora: Graça Sousa Guedes Sábado, 12 de junho, às 17.00 - 18.00 “DA ÍNDIA COM AMOR” Apresentação de Aida Baptista, seguida de debate moderado por Ivone Ferreira Com esta iniciativa, o "Círculo Maria Archer", coordenado por Maria Manuela Aguiar, se associa às comemorações do 25º aniversário de vida ativa da AMM, presidida por Graça Guedes, e presta homenagem à sua fundadora, Rita Gomes 2 -CICLO DE COLÓQUIOS !"ERA UMA VEZ..." O Círculo de Culturas Lusófonas Maria Archer organizou online um ciclo de colóquios sobre o conto infantil, enquadrado na temática "Literatura e Migrações", em que procurou divulgar obras de autores da Lusofonia, de dentro e de fora de Portugal. Assim homenageou Maria Archer, na sua faceta de grande contadora de histórias (como sabemos pelo testemunha de sobrinhos e primos), e através de uma ou outra incursão no campo da literatura infantil e juvenil - como tantos outros escritores e jornalistas, em que se incluem Ana de Castro Osório, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, Érico Veríssimo, Luís Sepúlveda, Rosa Montero ou Vargas Llosa. Programa dos Colóquios sábado, 17 de julho, 17.00-18.00 O REI DA FLORESTA de Adela Figueiroa Panisse Moderadora Ester de Sousa e Sá Adela Panisse, nascida no Lugo, professora universitária, escritora e poetisa, apresentou uma das suas muitas publicações dedicadas aos netos. Uma história contada - e cantada - com talento e espontaneidade, que animou os participantes a fazerem perguntas e comentários, num animado debate 2ª-feira, 25 de julho, 17.00-18.00 A PRIMEIRA VEZ QUE VI NEVE de Manuela Marujo Moderadora Aida Baptista No Dia Internacional dos Avós, a autora falou do seu livro, como sendo um retorno ao mundo das crianças inspirado na sua infância. Manuela Marujo é professora emérita da Universidade de Toronto, onde dirigiu o Departamento de Espanhol e Português, e uma figura marcante na comunidade portuguesa de Toronto e no universo da nossa Diáspora, co- fundadora dos movimentos internacionais designados por "A vez e a voz das Mulheres" e "A voz dos Avós". Com ela pudemos abordar o significado da sua narrativa, a motivação que a levou a escrevê-la, e, também, a sua visão e experiência de diálogo intergeracional num contexto migratório. 6ª feira, 24 de setembro VIAGEM À RODA DE ÁFRICA de Maria Archer Apresentação Maria Manuela Aguiar Maria Archer esteve no centro do debate, com uma obra do seu início de percurso literário, na meia década de trinta. O que levou uma escritora e jornalista já famosa pela qualidade da sua prosa, realismo das suas personagens, pendor para o observação etnográfica e ousadia na defesa de causas fracturantes, a empreender uma digressão no universo encantatório das Letras para crianças? Partindo da leitura do que chamou um "romance de aventuras infantis" e dos motivos que a levaram a concebê-lo, escritores dos nossos dias relataram as suas próprias experiências nesse campo. 3º-feira, 16 de novembro, 17.00 -18.00 BELMIRO, O RATO DA BIBLIOTECA, de José Vaz Moderadora Ester de Sousa e Sá Neste e no colóquio seguinte, dois dos autores de publicações para os mais pequenos, que têm sido participantes assíduos nas iniciativas do CMA , aceitaram o desafio de fazerem a apresentação recíproca das suas obras. José Vaz, historiador, contista e autor de numerosos livros infantis incluídos no Plano Nacional de Leitura, deu-nos a conhecer o seu inteligente, curioso e muito humano rato Belmiro. com comentários de Ester de Sá e de muitos animadores de um longo debate. 6ª-feira, 3 de dezembro, 17.00-18.00 O GANSO PATOLA DO CABO AFRICANO de Ester de Sousa e Sá Apresentação de José Vaz Ester de Sousa e Sá, trouxe a debate a sua trilogia bilíngue juvenil (português/inglês) sobre um ganso patola africano em demanda de outras paragens. Esta fábula, saída da pena de uma emigrante em três países do sul de África, que foi apreciada pelo seu interesse literário, e, também didático, deu azo a um vivo debate sobre situações reais das nossas migrações 3 - Ciclo de colóquios "AS LETRAS NA DIÁSPORA" Portugal é uma nação extra-territorial, que se expandiu, com a partida de milhões de homens e mulheres, em novos espaços culturais lusófonos. Vamos ao encontro dos escritores da Diáspora, ou da sua memória viva.
MULHERES ENTRE MUNDOS 1 – Mulheres entre mundos é o título de uma coleção de narrativas de vida e fotobiografias que será lançada na Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva na tarde do próximo dia 1 de fevereiro. Uma iniciativa da Associação Mulher Migrante (AMM), que, desde 2023, tem a sua sede em Espinho, e já antes, aqui fizera parte importante do seu trajeto, a começar por um primeiro encontro mundial de emigrantes portuguesas, em 1995. Por sinal, o maior que até hoje se realizou no país – e já lá vão, exatamente, trinta anos. Há alguns meses, eu própria levei esse projeto editorial a debate na Assembleia-Geral da AMM, onde foi, sem surpresa, aprovado por consenso. Na verdade, a ideia nem era particularmente original na agenda da associação, que há anos se ocupa na compilação de histórias de vidas no feminino, e tem, nesse campo, um considerável registo bibliográfico. Contudo, na maioria dos casos, não foi muito além da recolha e divulgação de pequenas sínteses biográficas, e por isso, reconfigurar o programa, através de uma coleção, representa um salto qualitativo, com a publicação de livros individuais, testemunhos muito mais completos de feitos e vivências de mulheres na sociedade portuguesa, na sua transição do espaço privado para o público, dentro e fora de fronteiras, . Como sabemos, ao longo do século XX, muitas mulheres foram, gradualmente, saindo do estreito círculo familiar, onde a ideologia da ditadura e o atraso de mentalidades e costumes tradicionalmente as confinavam, para competir, de igual para igual (embora geralmente ainda sem armas iguais…), no plano cultural, profissional, cívico e político... Todas elas têm coisas importantes e mobilizadoras para contar (todas, sem exceção), e é preciso que o façam. Todavia, à partida, falar de si, destacando percursos, decisões, obstáculos vencidos para a realização pessoal, no círculo da família e no exterior, não é coisa fácil, em especial para as mulheres que se sentem herdeiras de uma tradição de silenciamento e recato (como diz o tão misógino ditado popular “onde canta galo não canta galinha” …). Além disso, publicar um livro pode a muitas parecer uma meta inatingível.... Com a Coleção, o que se pretende é facilitar, muito pragmaticamente, essa tarefa. Antes de mais, sugerindo o recurso a imagens (que, segundo a sabedoria popular, valem por mil palavras…). Ou seja, optar por uma fotobiografia, em vez de uma mais custosa narração escrita. Podem, assim, começar como quem organiza um álbum de retratos, legendando as imagens, desfiando memórias, ligando ocorrências, em comentários mais ou menos extensos. Depois, a AMM oferece-lhes a inclusão numa linha editorial, com uma bela e expressiva capa concebida pelo Dr. Tiago Castro. Às autoras cabe a livre escolha da gráfica que executará o trabalho – a associação não se dedica a esse tipo de mediação, não procura oportunidades negócio ou de lucro, não cobra qualquer comissão. Assegura, sim, informações, e, através do seu Conselho Editorial, o acompanhamento do processo de elaboração do livro, e da sua divulgação, com o objetivo de revelar vidas significantes de mulheres, com especial enfoque nas que cruzaram fronteiras, tanto geográficas como culturais. Neste campo, nunca serão demais as iniciativas, que, hoje em dia, se estão, felizmente, a multiplicar, em estudos académicos e em projetos editoriais, sinal do crescente interesse por uma literatura de natureza intimista, biográfica ou autobiográfica. 2 –A meu ver, esta é, certamente, uma as formas de combater a mais persistente das discriminações de género, a que podemos chamar "discriminação por invisibilidade", (em alguns casos, não só pela espontânea secundarização de um dos sexos, mas por deliberado apagamento da história individual). O estatuto das mulheres, ao menos nas ditas "democracias ocidentais", tem inegavelmente progredido, ao abrigo de Constituições e de leis baseadas no princípio da igualdade - na família, no trabalho, na política, na sociedade - com uma maior autonomia e influência, sem que, contudo, o peso do seu efetivo contributo seja plenamente reconhecido, em todo e qualquer domínio.. Foi sempre assim, e hoje é apenas um pouco menos assim... Lembramos as romancistas ou as compositoras musicais, cujas obras foram assinadas por maridos ou irmãos, ou posteriormente “esquecidas” (o caso de Maria Archer, escritora “deliberadamente apagada da história”, segundo Maria Teresa Horta, não é caso único…), as cientistas, cujas descobertas foram atribuídas a colegas (alguns dos quais, na vez delas, até arrecadaram prémios Nobel...), as pioneiras do cinema (como realizadoras, produtoras, guionistas, técnicas, inventoras)…Um rol infinito de mulheres que se viram despojadas da autoria da sua obra, em praticamente todos os tempos e lugares… uma propositada e sistemática intenção de ocultação do feminino? Um dos exemplos mais escandalosos é o da cineasta Alice Guy Laché, que "inventou" a ficção no cinema (antes, meramente "documental"), o "cronofone", para a sincronização do som (na Gaumont), efeitos especiais e colorização, para além de dirigir e produzir mais de um milhar de filmes. Algumas décadas depois, ainda no seu tempo de vida, no século passado, viu-se riscada dos registos da Gaumont e, em larga medida, da história do cinema. É particularmente oportuno destacar a sua reação, porque foi precisamente através de uma autobiografia, que Alice Guy procurou recuperar o seu fantástico património de realizações, a autoria de muitos dos seus filmes, que andava imputada a nomes masculinos. Mulheres mais ou menos famosas, partilham, afinal, as agruras da misoginia: não só desigualdade de oportunidades (o aspeto que é mais referido) mas, também, a desigualdade de reconhecimento no presente (por exemplo, mediante a subvalorização das profissões e tarefas predominantemente femininas...), e o risco do esquecimento no futuro, na história que se vai reescrevendo…. O projeto editorial "Mulheres entre Mundos" tem o propósito de combater semelhantes assimetrias, ao dar a palavra e ao pôr o foco o género sub-representado no espaço público e na memória coletiva. Existe para servir a causa da igualdade, está aberto a todas as mulheres - qualquer que seja a sua formação, curriculum, ou atividade e sejam ou não associadas da AMM – para nos dizerem, conjugando livremente a escrita e a imagem, como chegaram aonde chegaram. É uma aposta não tanto no valor literário do relato, como no inerente interesse humano de todas as aventuras de vida, e na esperança de que cada nova edição possa motivar mais e mais mulheres a saírem do anonimato, a revelarem a diversidade a valia do seu aporte à sociedade. 3 - A coleção é inaugurada com a fotobiografia de Graça Guedes (“Histórias da minha vida”), e, a meu ver, como já em várias ocasiões salientei, não poderia começar melhor. Por múltiplas razões, uma das quais é a de nos levar à intimidade de alguém que se notabilizou, primeiramente, no desporto – área em que, não só entre nós, como um pouco por todo o lado, se tem mostrado mais difícil alcançar a igualdade dos sexos, quer no dirigismo, quer no que respeita ao estatuto das desportistas. A autora possui, neste domínio, um currículo de impressionante pioneirismo no plano académico - foi a primeira mulher doutorada em ciências do desporto e professora catedrática em Portugal, depois de ter sido, como atleta e como treinadora, campeã nacional de voleibol. E, ainda por cima, é uma mulher de Espinho. Espinho, em matéria de recente participação cívica e política das mulheres, não deixa de nos surpreender. Na política está, como é sabido, muito acima da média nacional, (com paridade no Executivo, e a presidência feminina da Câmara e da Assembleia). O que talvez não seja tão notório é a importância da presença feminina a nível institucional, no voluntariado, no associativismo, no que se costuma designar por “forças vivas” da comunidade. Há atualmente, no concelho, 22 mulheres a presidir à direção de associações de todo o tipo, sobretudo nas áreas da solidariedade e da cultura, e, também, da proteção dos animais (uma das minhas causas afetivas...). Confesso que, ao partir para um primeiro levantamento, por pura curiosidade, não esperava tanto. Mais uma alínea para a longa lista das percepções desfasadas da realidade, a reforçar a evidência da menor notoriedade das mulheres nos cargos que exercem! Essas verdadeiras “mulheres entre mundos” são ainda pouco visíveis no mundo novo onde já singram...