segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A Univ de Berkeley na Bienal - Deolinda e o grupo de estudantes da Califórnia

 Espinho -  26 de junho, 2013

Agradeço à Dra. Manuela Aguiar que se disponibilizou para ajudar a organizar este evento no âmbito da bienal de "Arte no Feminino", a Dr. Leonor Fonseca, Vereadora da Cultura da Camara Municipal de Espinho ambas membros da comissão de Honra da 2ª Bienal Mulheres d'Artes, que pôs em prática esse pedido e em poucos dias organizou este evento no qual nos honra participar. Agradeço também as artistas aqui presentes que em realidade presentam os milhares de mulheres portuguesas produtoras de arte, nas mais variadíssimas vertentes e com diversas representações.
Há séculos que mulheres produzem arte, embora o reconhecimento dessa produção e relativamente recente. Quase desde o inicio da humanidade muita da tarefa feminina exigia que elas quotidianamente desenvolvessem de uma forma ou outra uma actividade artística. Desde as maquilhagens e mascaras primitivas, ate aos complexos penteados e ornamentações de vestuário. Já para não falar de utensílios e roupas domesticas. As nossas rendeiras, bordadeiras, tecedeiras, e demais artesas são perfeitos exemplos de artistas anónimas que por séculos tem contribuído para o embelezamento do dia a dia, das suas famílias e da sua sociedade em geral.

Passaram seculos de anonimato ate que a produção artística feminina começasse a ser reconhecida com tal, ou seja como produção artística e começasse a ser inserida no Canon Universal.  A mulher que produz arte, seja em que vertente for, e em primeira instância apenas isso - uma artista. A particularidade do seu género, e apenas isso uma particularidade. Assim, e com muita alegria que participamos na segunda bienal de Mulheres d'Artes, em que se apresenta arte unida entre si pela particularidade de ter sido produzida por mulheres.

Esta produção artística de mulheres, para além da sua vertente universalista, está frequentemente marcada pela feminilidade e pela dialéctica feminina, que pode por vezes incluir a forma como a mulher dialoga com as condições sociais associadas a sua posição na sociedade, e particularmente neste caso dentro dos condicionamentos impostos a mulher dentro da tradição paternalista da cultura portuguesa. A produção artística e sempre uma apoderarão de agencia, um processo de autorrepresentação e uma afirmação do eu, seja este privado ou colectivo. Esta apropriação, este acto construtivo e sempre uma audácia, um acto heroico, uma emancipação, enfim uma autoconstrução, um auto parto. Ser mulher artista, e muito mais que ser simplesmente mulher ou simplesmente artista. E ser o veiculo que altera os parâmetros de feminilidade vigentes e que insere a mulher na esfera do Universal e transporta a sua produção artística milenar desde a escuridão do espaço domestico para a visibilidade da esfera publica. Esta bienal que aqui se realiza por segunda vez em Espinho, e evidencia inequívoca de que a arte produzida por mulheres esta permanentemente e inequivocamente inserida na esfera publica, bem a luz dos sois que dão brilho ao universo artístico e dão mais brilho e beleza as nossas vidas e a humanidade.

Obrigada

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