terça-feira, 26 de novembro de 2013

DE LOS ANGELES, EDMUNDO MACEDO


              O NOSSO BEETHOVEN FOI À SUÉCIA DAR RECITAL DE PIANO

 

Às tantas foi como se no centro do estádio houvesse um piano e Beethoven tocasse um excerto sublime.

 Às tantas foi como se pelo estádio sibilasse súbita ventania, tempestade de granizo, trovoada carregada de mil raios e coriscos, um pandemónio.

 Às tantas foi que por um estádio da Europa setentrional passara um artista impar, que inapelavelmente deixou em cada sueco um sueco maravilhado perante absoluta elegância futebolistica, perante insuperável destreza.

 Às tantas foi que Cristiano Ronaldo montara inesquecível clínica de futebol, em 19 de Novembro de 2013, na Friends Arena em Solna.

 E no fim  -- as contas feitas, caso arrumado, estádio a esvaziar, frio de iceberg, silêncio de túmulo, almas torturadas --  a indelével imagem de Cristiano Ronaldo de braço dado com cada sueco, acompanhando-os

calorosamente às suas casas, suando neles a lembrança indesejável do desaire mas repondo neles a recordação de uma peça desportiva de grande espectáculo  -- verdadeiramente uma peça difícil de tragar para suecos e afinal,  bem vistas as coisas, exibição preciosa, gratíssima até, pois nem sempre aparece por ali um Cristiano Ronaldo todo inclinado a oferecer o seu 'produto-para-sonhar', todo propenso a dar show!

 O nosso Beethoven acabara de tocar sonatas magistrais na Suécia e o eco da rara proeza tão cedo não deixará de repercutir vivamente por aquela parte oriental da península escandinava, suas cidades e vilas, suas colinas e vales. 

 Sonatas que o mundo inteiro escutou deliciado!
 

Não houve equívoco quando trouxeram ao mundo Cristiano Ronaldo-para-o-futebol! Do mesmo modo, ninguém se equivocou quando, por exemplo, trouxeram ao mundo Muhammad Ali-para-o-box, Michael Jordan-para-o-basquetebol, Rosa Mota-para-coleccionar-maratonas.

Quatro predestinados desafiando os rigores da perfeição! 
 
 Cristiano Ronaldo marcou três golos contra a Suécia que teriam merecido pinceladas de Vincent Van Gogh e na origem desse monumental hat-trick estiveram João Moutinho e Hugo Almeida   -- que souberam entregar aos pés mágicos e à velocidade supersónica de Ronaldo três passes medidos a quilómetros de distância, embora de precisão milimétrica e de qualidade invulgar.
 Foi tão reconfortante o sucesso alcançado na Suécia na complicada eliminatória para o Brasil que se poupam críticas à seleção das cinco quinas quanto àquela barreira do arco-da-velha  -- esburacada, aflitivamente descuidada, que Ibrahimovic aproveitou chamando-lhe um figo e "fuzilando" Rui Patrício sem piedade, sem venda branca nem estaca! 
 Foi tão convincente a vitória portuguesa arrancada em Solna que se perdoa à defesa portuguesa o  desnorte e o seu andar-à-deriva em frente á baliza nacional, à procura de posição e de resposta à marcação de um canto  -- que o nosso velho conhecido Ibrahimovic converteu "à José Águas" com primoroso toque de cabeça.  
 Até ao Brasil e, depois, no Brasil, Paulo Bento irá trabalhar intensamente e incessantemente com os categorizados componentes da seleção nacional. Irá ocupar-se, particularmente, de tudo, sem omitir nada.
 Até ao Brasil e depois no Brasil irá recordando os nossos futebolistas  -- sorriso franco, nada de dramas, coração nas mãos, pão pão, queijo queijo --  que no Brasil, qualquer que seja o nosso grupo, quaisquer que sejam os nossos compromissos, Portugal pode ganhar o campeonato do mundo.
 
Irá recordando os futebolistas portugueses de que lhes será legítimo alimentar todas as esperanças desde que nunca desprezem todas as realidades. 
 
21 de Novembro de 2013
Edmundo Macedo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 19 de Novembro de 2013 a selecção nacional de futebol foi à Suécia conquistar acesso ao Mundial de 2014 no Brasil
 
viveu horas tao refrescantes como a agua que brota das fontes de Sintra
 

 

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