quinta-feira, 5 de outubro de 2023

ESPINHO CIDADE - O CINQUENTENÁRIO

ESPINHO CIDADE O CINQUENTENÁRIO O que distingue Espinho das outras terras? A singularidade de Espinho é absoluta, desde o seu início até aos dias de hoje. Nasceu, cresceu e evoluiu fazendo história e abrindo-se ao futuro com uma mescla de fantásticas particularidades, a combinação de facetas contrastantes num todo único. A pequena comunidade piscatória conviveu com a indústria conserveira e com o turismo balnear mais vanguardista, num mágico enclave cosmopolita, entre Gaia e da Feira, onde se erguia, em finais de oitocentos, uma urbe moderníssima de traçado geométrico, original face aos cânones tradicionais de um país antigo. A sua vertiginosa ascensão à fama fica a dever-se, por um lado, ao comboio, que a Espinho acessível a visitantes do interior de Espanha e do próprio país, por outro, (e sobretudo), à visão de ilustres fundadores, que souberam sonhar alto e realizar pragmaticamente, ao quererem e conseguirem rivalizar com as maiores estâncias estivais da Europa. Espinho já tornara verdadeira cidade muito antes de ser reconhecida como tal, por tudo o que oferecia a residentes e a forasteiros, o seu mar de grandes vagas, as suas esplanadas e avenidas, o seu comercio florescente, a vivência internacional, as casas de espetáculos, o jogo, a hotelaria, os recintos desportivos, a animação do seu dia e da sua noite. A minha memória de Espinho (nestes 50 anos)? Nas minhas memórias deste último meio século, já não havia o Café Chinês, nem a preponderância alegre de “nuestros hermanos”, e, depois, deixou de haver o vaivém da Avenida, entre as palmeiras gigantes, e as esplanadas de café, o magnífico Cine Teatro São Pedro, o bonito cinema do Casino, de cujas varandas, nos intervalos, olhávamos o oceano, o comboio a atravessar a cidade e a mostrá-la, ao vivo, como incomparável cartaz turístico. A proximidade de toda a cidade com o mar, perdeu-se, para sempre, exceto nas centenas de metros de enterramento da linha férrea, e o Hospital também, com as suas múltiplas valências e reconhecida qualidade. Com tudo isso, que se chamou progresso, com as suas consequências - as boas e as menos boas - a terra mantém intacta a sua identidade e o seu encanto! Somos, o que é, cada vez mais, cidade e comunidade, coisa tão rara!. Somos cidade com a dimensão ideal, cujo centro podemos percorrer a pé, encontrando amigos, encontrando tudo o que precisamos, num comércio local que, como é se tornou já “slogan”,um “centro comercial ao ar livre”. A Biblioteca, o jardim. o Multimeios, a Câmara, os CTT, os bancos, os restaurantes e cafés, o mar e a piscina, a estação de comboio, ficam a alguns, poucos, minutos de distância. O espetacular Fórum de Arte e Cultura de Espinho, com as elegantes galerias de Arte e o Museu, fica a uns escassos 15 minutos a pé, e é por muitos considerado já relativamente, distante… E somos comunidade, autêntica comunidade, com um associativismo excecionalmente pujante, que lnos dá projeção cultural (na música, e da dança, com acento nos aspetos da formação, nas Artes, nos festivais), e não menor projeção desportiva, com os nossos clubes e tantos campeões, E, igualmente, com a forte vertente da solidariedade e da beneficência, com os “media”, sua imprensa, o ensino, a Escola Profissional, os Liceus (como ainda gosto de os designar…), a Universidade Sénior. Todas as cidades deviam ser assim. Viver em Espinho é um privilégio! Como vê Espinho nos próximos 50 anos? Espinho, a meu ver, pela sua dimensão humana e pela sua vivência comunitária, é já uma cidade do futuro. Essencial é não as perder, uma e outra, e progredir com elas. Governo local e “sociedade civil” souberam, em tempo matricial, pensar um projeto de cidade, ajustado às potencialidades do lugar, e dar-lhe corpo e alma. Em tempo de prodigiosos avanços tecnológicos é essencial continuar o legado, saber valorizar caraterísticas únicas, com um novo élan de criatividade. Sem fazer futurologia, direi apenas que gostaria que Espinho se tornasse; uma sociedade mais igualitária, mais aberta à metade feminina, mais intergeracional. Há que fixar os jovens com oportunidades profissionais e atividades lúdicas, hoje em défice. Há que apostar no turismo e nas residências séniores, (para portugueses, para estrangeiros) - aposta viável numa estância marítima, plana e geométrica, tão agradável e tão facilmente convivial. Esta comemoração simbólica acontece num momento em que à frente dos destinos da Câmara está, pela primeira vez, um Executivo de maioria feminina e presidido por uma Mulher. É mais um motivo para acreditar que os próximos 50 anos começam bem! Qual a sua memória do Dia da Elevação a Cidade? Lembro-me muito bem desse dia! Por pura coincidência, passeava com minha mãe, a ver montras da Rua 19, no preciso momento em que o cortejo oficial, encabeçado pelo Primeiro Ministro Marcelo Caetano atravessava a rua, ladeado por uma comitiva de notáveis, mas também por uma verdadeira multidão.

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