quarta-feira, 16 de outubro de 2019

JOSÉ TAVARES

José Tavares é um dos maiores pintores de Espinho e todos ganhamos em o reconhecer - antes de mais a terra a as gentes que nas telas transformou em obras-de-arte. O mesmo se diga do País, mas é bem evidente nesse precioso legado que o seu Portugal começava nesta cidade de mar sem fim e da dura faina da pesca, em pequenos barcos coloridos, onde se aventuram homens de rostos marcados pelo sol e pelo sal das bátega - um tema recorrente, fonte de inspiração, de emoção estética, e, também, de solidariedade humana, eu diria até de intervenção social. É um pintor de todos, mas, em primeiro lugar, dos mais humildes,dos pescadores, dos pequenos artífices, dos velhos, dos pobres, dos injustiçados numa sociedade dividida entre extremos de privilégio e de carência, que assim denunciava...A sua arte faz-se desses contrastes, pode contar histórias, em quadros de um realismo absoluto, tal como abrir-se ao sonho e à formosura idílica das coisas da natureza e das pessoas. Há nela puros poemas de luz e de cor, assim como há denúncia das injustiças e dos injustiçados, uma verdadeira afirmação de cidadania,de uma consciência social que se exprime na força das imagens. Por demasiado tempo José Tavares permaneceu um quase desconhecido, embora muito talentoso artista. Talvez por opção própria, por não querer assumir - se como tal, levado pela simplicidade e discrição, que eram traços tão simpáticos da sua maneira de estar face aos outros. Um homem extremamente amável e expansivo, mas avesso a toda a forma de exibicionismo. Um voluntário "low-profile". E, por isso, não percorreu, como poderia, (e deveria ter acontecido) uma trajectória ascensional, num sem número de mostras e exposições, por todo o País e pelo estrangeiro, a dar-lhe merecidos sucesso e renome. Todavia, a vocação, essa, sim, moveu-o, desde a juventude, a encontrar nas Artes Plásticas uma forma de realização e de comunicação de sentimentos, à qual se deve um legado enorme, qualitativo e quantitativo. que permaneceu num circuito fechado de colecções particulares. Vocação de criança, de jovem, pois começou por fazer o curso preparatório de Belas artes na escola Industrial Faria Guimarães (hoje Escola Soares dos Reis), mas não teve, lamentavelmente, condições para concluir os estudos, e cedo encontrou numa tipografia industrial o primeiro emprego.. Nesse domínio se estabeleceria, mais tarde, e, quer pela via profissional. quer pelo envolvimento na comunidade espinhense, muitos e muito diversos foram os trabalhos em que o seu virtuosismo se afirmou - em capas de livros, na concepção de cabeçalhos de jornais, em graciosos desenhos para crianças, em cartões de boas festas... O espólio de José Tavares é, pois, imensamente variado, heterogéneo. Apenas a busca da verdade e da harmonia são constantes em tudo o que saiu de suas mãos. A pintura, por muitos anos, até que se reformou, ocupava apenas as horas vagas, mas foi sempre a resposta ao chamamento antigo. foi, de facto, a vocação cumprida!

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