segunda-feira, 2 de maio de 2016

O PARADIGMA DO BOSTON PORTUGUESE FESTIVAL

A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO SÉCULO XXI - DA DIVERSIDADE Á CONVERGÊNCIA O paradigma do Boston Portuguese festival (Síntese da comunicação ao colóquio Luso Galaico (Eurocidades Monção/Salvaterra) - 9 de Abril) 1 - A emigração portuguesa é um fenómeno antigo e persistente, embora continuado em fluxos que crescem e decrescem num constante fechar e abrir de novos ciclos. No presente, a crise financeira europeia e mundial, as políticas de austeridade da UE, e, no caso de Portugal, as imposições dos credores externos repercutiram tão negativamente nos níveis de emprego e nas remunerações do trabalho que desencadearam, a partir de 2010, uma grave crise económica e um êxodo migratório só comparável ao dos anos 60 do século passado Fala-se de "nova emigração", com um enfoque numa realidade efetivamente diversa da tradicional - uma fuga de cérebros, de jovens altamente qualificados, com uma significativa proporção da saída autónoma de mulheres, muito embora este segmento mais visível e mais preocupante seja ainda minoritário dentro dos números globais . 2 - As caraterísticas da "nova emigração" são a sua grande heterogeneidade, a tendência para um menor desequelíbrio de género e a maior dispersão em todos os continente, se bem que a Europa permaneça como destino largamente predominante. E, também maior a imprevisibilidade no que respeita às intenções de regresso dos jovens portugueses mais qualificados, à sua mobilidade internacional, e perspetivas de integração na esfera do associativismo, em que se estrutura a "Diáspora", nas comunidades portuguesas do estrangeiro - comunidades orgânicas, coesas e dinâmicas, autênticos espaços de extra-territorialidade da cultura nacional, transmitida de geração em geração. 3 - Estará a presença portuguesa neste mundo institucional ameaçada tanto pelo desinteresse da "nova emigração" como pelo das segundas e terceiras gerações de emigrantes? Estarão as grandes instituições da "Diáspora" condenadas ao declínio num mundo em que a facilidade de comunicação tornou mais próximas todas as terras e, de algum modo, veio desvalorizar as singularidades identitárias? Como atrair à vivência em comunidade a portugueses tão distantes nas suas experiências profissionais e nos seus interesses culturais? A fórmula do "Portuguese Boston Festival", ensaiada nos EUA, na primeira década do século XXI, pode ser uma resposta, com a virtualidade de se adaptar a diferentes circunstâncias. É, essencialmente, um apelo à afirmação da presença cultural portuguesa, em que cada um, cada coletividade, cada cidadão, dá o melhor de si, numa iniciativa anual, numa organização comum, feita de todas as organizações, um "encontro de mundos" - o tradicional e popular, o académico e científico, o artístico, o desportivo e lúdico, o empresarial. Todos unidos à volta de uma távola redonda, por uma causa, a cultura portuguesa, ou, mais latamente, as culturas da lusofonia.

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