Recordar tempos idos... Falar do presente, também. E até, de quando em vez, arriscar vatícínios. Em vários domínios e não só no da política...
sábado, 8 de janeiro de 2022
PEDRO RUPIO CCP Europa
Reproduzo com total concordância!
Opinião: Uma « Democracia » com 4 deputados para 5 milhões de portugueses
Em breve, os 5 milhões de portugueses e lusodescendentes residentes no estrangeiro estarão
envolvidos nas próximas eleições legislativas tendo em conta o elevado número de eleitores inscritos
nos círculos da emigração.
Assim, os portugueses da Diáspora darão também o seu contributo na democracia nacional.
Ou talvez não.
Isso porque, independentemente do número de votantes, os portugueses da emigração somente irão
eleger 4 deputados. Podemos ser mil a votar ou um milhão, o resultado será o mesmo: 4 deputados
eleitos pela emigração sobre um total de 230. Assim o fixa a Lei.
E citando o exemplo do círculo da Europa, já é possível antecipar o resultado habitual relativamente
aos partidos vencedores, a não ser que haja uma surpresa de peso. Desde 1976, ano em que se
começou a eleger dois deputados por esse círculo, decorreram 15 eleições legislativas e por 14 vezes
(só houve uma exceção em 1999), o resultado foi sempre o mesmo: um deputado eleito pelo PS, outro
pelo PSD. E assim será o “suspense” em futuros atos eleitorais legislativos enquanto não se elegerá
mais deputados nos círculos da emigração. É esta a nossa democracia.
Uma democracia que determina que 172.699 portugueses elegeram 9 deputados no distrito de Faro em
2019, ao mesmo tempo que 158.252 portugueses residentes no estrangeiro1
elegiam 4 nos círculos da
emigração.
É esta a nossa “democracia” que, com a cumplicidade do Legislador, não atualiza o número dos eleitos
na emigração desde 1976, quando a Diáspora tinha possivelmente metade, ou o terço da dimensão que
tem hoje.
Mas face a essas incoerências que dificilmente se entende lá fora, também é possível antecipar que
muita gente nas Comunidades Portuguesas continuará a apelar ao voto, até porque a implementação do
recenseamento automático na Diáspora foi um passo extremamente positivo no sentido de reaproximar
os emigrantes da vida política portuguesa.
Uma melhor e maior representação política na Assembleia da República é o passo que deveria seguir,
uma meta que seria simbolicamente relevante de se alcançar, sabendo que celebraremos meio-século
de Democracia em 2024
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