domingo, 24 de abril de 2011

Abril: o dia.
Portugal estava parado no tempo, décadas atrás do tempo real... Um anacronismo assente numa ditadura asfixiante, ultramontana, misógina, enredada numa guerra colonial, isolada na Europa e no mundo. Nada acontecia, nada mudava. E nesse dia 25, assim, de súbito, todas as utopias, todas as mutações pareciam ao nosso alcance...

Abril: o processo dinâmico

Foi uma época vertiginosa, fantástica, de refundação do Estado, de reconstrução da democracia. Vieram para a política os melhores - e com eles, com um povo corajoso e de espírito aberto, se atingiram tantas metas, uma a uma (se cumpriram os sonhos).
Sá Carneiro foi, para mim, a expressão máxima de uma nova visão de Portugal e dos meios de lutar por ela. Era, mais do que os outros, o anti-Salazar, o oposto mais oposto. Salazar desconfiava dos portugueses, da sua capacidade de viver em democracia, sem o paternalismo de uma tutela. Sá Carneiro confiava nos portugueses e, por isso, exigia democracia no imediato e sem tutelas, fossem elas civis ou militares, nacionais ou internacionais. Onde muitos, dentro e fora do partido que criara, preconizavam, por temor e calculismo, a cedência a uma transição gradual, ele queria o povo a decidir, na hora, e a fazer futuro, como os povos seus iguais na Europa.

Abril: hoje

A história feita nas três primeiras décadas comprova que que uma democracia, modelo europeu, pode florescer entre nós, convivial e fraterna. O povo respondeu às dúvidas que tantos levantavam
Ma até que ponto o descalabro económico, fruto do mau governo minou, em poucos anos, a soberania do Estado e o estado da democracia? É ainda possível afastar a sombra de novas tutelas, agora impostas do exterior?
A resposta à dúvida só pode ser dada, uma vez mais, pelos Portugueses - políticos e sociedade civil.

Maria Manuela Aguiar

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