sexta-feira, 6 de maio de 2011

No centenário de José Marmelo e Silva

Uma brevíssima introdução às intervenções proferidas no auditório das novas instalações da Biblioteca Municipal de Espinho, no dia em que adoptou o nome do seu "patrono" José Marmelo e Silva, e em que, por coincidência, pode abrir as portas ao público. Numa verdadeira corrida contra o tempo, os funcionários conseguiram o milagre de ter tudo como deve ser para a abertura - apesar de as últimas peças de mobiliário estarem ainda a ser descarregadas na tarde de ontem...
E que bela obra de arquitectura (com a assinatura do Arquirecto Rui Lacerda) se nos oferece! Espinho merece. José Marmelo e Silva também.

A ocasião era mais de emoções do que de palavras, em que, por isso, procurei poupar. Mais do que tomar a palavra eu queria dar a palavra a quem se seguia - o Dr José Emílio Marmelo e Silva e o Prof Doutor Arnaldo Saraiva...



"Este é, certamente, um dia para a História de Espinho.
Antes do mais, porque, na data do centenário do seu nascimento, prestamos homenagem a José Marmelo e Silva, na Biblioteca, à qual de hoje em diante dá o nome.
Um nome, como teria de ser, com um grande significado para nós: o significado da pertença a Espinho de um génio das Letras portuguesas, que foi também um exemplo de afirmação da cidadania em tempo de ditadura e que soube fazer da escrita uma via de transformação da sociedade e de dignificação da condição humana.
Podemos dizer, com todo o rigor, que o distinguimos desta forma, que o escolhemos, porque primeiramente, ele mesmo nos escolheu – elegendo Espinho para viver e conviver, para ensinar gerações e gerações de jovens, para compor obras-primas em língua portuguesa.
Fizemo-lo por decisão unânime do Executivo da Câmara Municipal, a revelar a consciência havida da dimensão cultural que José Marmelo e Silva acrescentou à cidade, como Espinhense no afecto e na vivência. E queremos prolongar este acto de comemoração, simbólica e exultante, num reencontro incessante, quotidiano com o pensamento, a escrita, a mensagem deste Autor que vale a pena ler e reler.

Vale a pena conhecer melhor o Homem que ousou denunciar o imobilismo - a trave mestra do regime - cumprindo a sua parte num afrontamento sem medo aos limites impostos, porque, como lucidamente enunciou, “a anquilose atinge um povo, como uma pessoa. Atinge a humanidade (não havendo quem se oponha)". O Autor que, na expressão de um dos seus personagens mais comoventes, na hora de maior infortúnio, nos deixa uma exortação que serve qualquer tempo e qualquer lugar:
“Tende esperança! Tende esperança!”

Mais ou menos utópica ou realista é sempre de um pouco de esperança que se alimenta a vida. Foi José Marmelo e Silva que nos disse "a vida ... que coisa contrastante e apesar de tudo irresistível”.

Sem comentários:

Enviar um comentário