quinta-feira, 3 de março de 2016

UMA MULHER NO LARGO DO CALDAS

A liderança feminina de um dos partidos fundadores (ou refundadores)da democracia portuguesa já é dado certo - Assunção Cristas é candidata única no CDS/PP em próximas eleições. Inédito neste partido de direita, que não na política portuguesa. A fórmula feminina resultou, ostensivamente, no Bloco de Esquerda, com protagonistas de última geração. Outros se preparam para a seguir - com a norta curiosa de a figura de Cristas ser a de mulher e mãe de várias criancinhas - até agora, a única ministra a dar à luz em funções governamentais. Fora deste enlace de género e geração esteve, como é óbvio, Manuela Ferreira Leite à frente do PSD, ou Maria de Belém como presidente do PS (lugar mais honorífico do que executivo). mas são sinais importantes. Como exemplo acabado de miniginia, resta o PCP - e não se vê que vá mudar tão cedo, se é que pode mudar algum dia... Masculino, como o cante alentejano! Esta descoberta do "filão feminino" lembrou-me uma história verídica passada comigo. em S Diego, no ano de 1982. Um dos meus amigos nessa comunidade era Paulo Goulart, açoreano com um espírito e um rosto bem portugueses. Na comemoração anual da descoberta da Califórnia pelo navegador, nosso compatriota, era sempre ele que o representava num simbólico desembarque, vistosamente trajado à época, comno num filme de Hollyood. Tinha o seu próprio programa de rádio e era muito popular na nossa comunidades. Numa das muitas visitasa São Diego dei-lhe uma entrevista, finda a qual me convidou para almoçar. Um restaurante com vista para o mar. Poderia julgar-me em Lisboa ou Cascais, se não estivesse a comer tubarão grelhado... A meio da conversa, Goulart comentava os Secretários de Estado e deputados que já tinham passado por ali.E, com a franqueza que lhe era habitual, disse-me: Só há dois de quem nós, realmente, gostamos - de si e do João Lima (meu antecessor na pasta e , então, deputado do PS pela emigração). Parou, olhou para mim e acrescentou: "Pensando bem, ele tem mais valor, porque é homem e socialista". Continuámos a saborear o tubarão, mudámos de tema. Mas eu nunca mais esqueci a frase - tão surpreendente para mim. Não quanto ao antisocialismo do americano ou luso-americano comum, mas quanto às vantegens de género - para uma mulher. Nunca me tinha ocorrido, mas Goulart tem com certeza razão. Para uma mulher é, muitas vezes difícil chagar ao cargo... mas, depois, não é assim tão difícil agradar ao eleitorado...

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