terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

RUI LACERDA - O SEU MODO DE VER E CONVIVER in Defesa de Espinho

RUI LACERDA - O SEU MODO DE VER E DE CONVIVER  Rui Lacerda ficará sempre presente na memória de Espinho. Pertence à história da cidade, onde deixou marcas que a tornaram mais moderna, maior e melhor. Como arquiteto -  um grande arquiteto! - mas não só, também como exemplo de intervenção cívica, de  convivialidade, de partilha de ideias e saberes.As suas realizações no campo da arquitetura falam de uma dimensão humana que envolve a profissional e a acrescenta, e a transporta aos mais altos patamares. Referirei apenas três que aqui, na sua terra, podemos  admirar e usar no quotidiano (três entre tantas outras, dispersas pelo país e por outros países):  - O Auditório de Música, que dá ao público uma rara proximidade com o palco e os artistas, para além de um ambiente e uma acústica esplêndidos. Quando vou à Casa da Música do Porto, penso sempre: é interessante por fora e labiríntica e até, de certa forma, inóspita no interior .Falta-lhe a harmonia do todo que encontramos no "nosso" auditório... - A Escola Manuel Laranjeira, cuja remodelação pude, há alguns anos, apreciar detalhadamente, numa visita guiada pela sua Diretora,  que, igualmente, prima pela conjugação de arte e funcionalidade. No fim, ao agradecer à anfitriã, inclinada como sou a ter em mente paradigmas nórdicos, exclamei:  "Parece um liceu da Suécia!". - A Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva, que é o orgulho de todos os Espinhenses. Foi sobre ela que mais longamente conversei com o Arquiteto Riu Lacerda e sou testemunha do seu entusiasmo, da sensibilidade com que pensava as componentes simbólicas do projeto, com uma enorme atenção aos mínimos pormenores, ao mobiliário,à decoração, e com uma absoluta eficácia na supervisão das coisas concretas, a garantir uma execução rigorosa nos diversos aspetos e fases do processo. O resultado é uma Biblioteca diferente de todas as demais, cheia de luz, nas salas de leitura que ladeiam o jardim interior, o tão original jardim das oliveiras. Cheia de portas que se abrem para aumentar as áreas de comunicação e encontro. Entre as duas entradas principais, a da rua 24 e a do jardim João de Deus,o átrio tem a largura de uma rua, é mais uma via de passagem, paralela à rua 23, um convite à população inteira e aos turistas para que a usem como tal, em visitas mais ou menos demoradas. Essa foi a explicação que me deu e me encantou!.     Traço comum na conceção destas obras primas é, portanto, uma perfeita compreensão dos objetivos, que começa na compreensão das pessoas para quem os espaços foram criados e existem - num caso os estudantes, nos outros, os melómanos, os amantes das Letras. Julgo que nunca procurava apenas a beleza da construção, como valor em si. embora a conseguisse, com facilidade, porque tinha alma de artista  A sua arquitetura é profundamente humanista, como ele próprio era. Reflete o seu "modo de ver" - o título que deu à inesquecível exposição de fotografia sobre Espinho e a sua gente.A terminar, umas breves palavras  sobre o Cidadão, o voluntário de muitas causas, movimentos e iniciativas de cultura, de desporto e de solidariedade, sempre pronto a colaborar e a participar ativamente. Foi na" Liga dos Amigos da Biblioteca José Marmelo e Silva", que mais privei com ele. A prova de que não olhava a Biblioteca, apenas como  trabalho bem conseguido e  finalizado, antes a sentia no seu dia a dia de Homem de Cultura e de cultor de amizades. No seu modo de ver e de conviver foi, assim, o mais perfeito exemplo do velho e sempre novo espírito desta cidade dialogante e fraternal.A inauguração da seu último projeto, o que não teve tempo para ver concluído - a requalificação da zona que foi, e quer ser no futuro, a grande sala de visitas de Espinho -  constituirá certam

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