sexta-feira, 16 de março de 2018

Colóquio PORTUGAL BRASIL:A DESCOBERTA CONTINUA A PARTIR DE MONÇÃO

 Colóquio Portugal / Brasil - a descoberta continua, a partir de Monção - com especial destaque para as mulheres da diáspora Nesta edição de Abril , já mais perto do dia da realização deste colóquio que colocará Monção, como pioneira na realização da celebração do Dia das Comunidades Luso- Brasileiras iremos dar a conhecer o teor de mais comunicações que farão parte de um programa constituído por dois momentos, com a participação de palestrantes de destaque nacional, do mundo académico e da comunidade. Investigadores/as, professores, estudantes, decisores políticos, interessados/as nesta temática, todos os Monçanenses são desafiados a participar neste colóquio e torná-lo num momento de debate e reflexão em torno da história da emigração, da cidadania e da lusofonia que ganha agora novo incentivo através da decisão legislativa que visa reforçar o estudo da emigração, fazendo-se jus a esta parte importante da história do povo português. Dar-se-á especial ênfase às questões da Igualdade e relevo a mulheres e homens da diáspora lusa com cunho minhoto. Rui Miguel Pires, Mestre em Relações Internacionais da Universidade Lusíada do Porto, dar-nos-á uma panorâmica da emigração com a sua intervenção intitulada A Emigração de Viana do Castelo para o Brasil (1929-1950) a partir dos livros de registo de passaporte Nesta apresentação, será feita uma análise e caraterização da emigração do distrito de Viana para o Brasil, através do levantamento, tratamento e análise dos dados recolhidos nos livros de registo de passaportes do Governo Civil de Viana do Castelo que integram o acervo documental do seu Arquivo Distrital. Recorrendo a métodos estatísticos de interpretação dos dados é esboçado um perfil do emigrante do distrito de Viana para o Brasil, dando conta do volume dos efetivos migratórios para esse país e sua importância relativa no contexto nacional; da sua distribuição por destino; por naturalidade; por género; por estado civil; por grupos etários; pela classificação socioprofissional e pelos agrupamentos familiares ou profissionais. Trata-se essencialmente de uma análise dos fatores explicativos desse fenómeno, enquadrando-o nos seus condicionalismos endógenos e exógenos resultantes da evolução política e económica internacional e nacional, que simultaneamente são fatores de repulsa e atração que potenciam e se refletem na emigração portuguesa para o Brasil, num período particular da História das Relações Internacionais. Francisco Alves, Diretor do jornal local A Terra Minhota, apresentará um breve historial do Jornal e da sua dinâmica nas trajetórias da diáspora, com enfoque especial para a nova vaga de emigração, numa rubrica do Jornal "Monçanenses pelo mundo " . Arcelina Santiago, Mestre em Ciências Sociais Políticas e Jurídicas - Universidade de Aveiro abordará o tema dos Ateliês da memória e o significado que os testemunhos podem ter na reconstituição da história da emigração com cunho minhoto, desafio que lançou a toda a comunidade Monçanense . Estas perspetivas poliédricas, assim denominadas por se tratarem de pontos intermináveis que reúnem aspetos fundamentais para a compreensão deste fenómeno com cunho monçanense continuará a ter expressão com a intervenção eloquente do Dr. José António Barreto Nunes, Juiz Conselheiro , colaborador do jornal A Terra Minhota, cidadão dedicado à investigação da história social de personalidades minhotas. Apresentará em Monçanenses para o Brasil algumas figuras femininas desta diáspora lusa para o Brasil. Seguem-se mais abordagens em torno da emigração, cidadania e lusofonia onde as mulheres da diáspora continuam a ser homenageadas. Isabel Cristina Mateus , doutorada pela Universidade do Minho, docente de Literatura Portuguesa do Instituto de Letras e Ciências Humanas e investigadora do Centro de Estudos Humanísticos, autora de vários estudos sobre autores da literatura portuguesa e coordenadora responsável pela edição da obra completa de Maria Ondina Braga, fará uma comunicação em torno de uma mulher notável no mundo das letras: Maria Ondina Braga: do coração do Minho ao coração do mundo. Maria Ondina Braga fez da viagem e da condição migrante a sua forma de vida, o seu modo singular de estar no mundo e da sua voz, uma voz única no panorama literário português. Nascida em Braga, a sua itinerância cruza vários continentes, tendo vivido em várias cidades europeias, africanas e asiáticas. Apesar de não ter vivido no Brasil, a presença deste país não deixa, todavia, de ser marcante para a escritora e de fazer parte da sua geografia pessoal e literária, nomeadamente através da memória, do imaginário e da representação de uma das tias, mulher de coragem e grande contadora de histórias que há-de ser uma permanente fonte de inspiração para Maria Ondina. Do mesmo modo que não deixa de estar presente na correspondência que a autora nos legou e nos dá testemunho da viagem que, em 1972, fez a este país e do modo como se confrontou com as suas gentes e paisagens. Depois, será tempo de dar destaque a uma emigração forçada, o exilio, personificado em Maria Archer. Revisitar Maria Archer, é uma forma de homenagear uma mulher vanguardista, defensora dos direitos das mulheres numa sociedade austera, orientada pelos princípios da ditadura salazarista e que a autora retrata nas suas obras. Precisamos de lembrar mulheres corajosas, dá-las a conhecer, principalmente, aos mais jovens, para que possam consciencializar-se de quão árdua foi a luta pela liberdade e defesa dos direitos das mulheres e que essa caminhada ainda continua. Muito poder-se-á dizer sobre Maria Archer e sobre a sua trajetória de cidadania em Portugal, a partida forçada para o exílio, as suas viagens por África, o Brasil que a recebeu de braços abertos... Foi reconstituindo a sua vida enquanto mulher defensora de causas, usando como arma a escrita, que Arcelina Santiago organizou um texto que será dramatizado por dois jovens da EPRAMI, Beatriz Lopes e Pedro Cerqueira em Maria Archer, uma portuguesa no Brasil - Entrevista Imaginária a Maria Archer. Por fim, teremos a intervenção de Manuela Aguiar, ex- secretaria de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas e presidente da Associação Milher Migrante , com o tema da Cidadania Luso- Brasileira: Tratado de Igualdade Portugal- Brasil a "questão da reciprocidade" - homenagem a Ruth Escobar. Manuela Aguiar apresenta-nos o historial deste processo de afirmação que vai muito para além de estatutos jurídicos pois esta Comunidade baseia-se em laços de afeto, de sangue e de língua, em memórias de família - comunidade a que todos podemos pertencer pelo coração. É essa comunidade, que vai evocar em Monção em abril de 2018. Tempo depois para homenagear RUTH ESCOBAR, CIDADÃ LUSO- BRASILEIRA Ruth Escobar foi no século XX, a mais famosa das imigrantes portuguesa no Brasil, país para onde partiu, aos 16 anos, com a mãe. Um exemplo invulgar de emigração feminina, em meados de novecentos. Atriz, empresária, ativista de direitos humanos, feminista e pioneira no mundo masculino da política, Ruth nunca requereu a nacionalidade brasileira. Fez história ao abrigo da Convenção de Igualdade de Direitos, como a primeira mulher eleita, em dois sucessivos mandatos, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A sua caminhada para a fama foi meteórica - aos 18 anos criou uma revista de cultura portuguesa "Ala Arriba", aos vinte e poucos anos, era atriz e produtora teatral, construiu um teatro com o seu nome, na cidade de São Paulo e fundou o Teatro Nacional Popular, que levava a muitos milhares de pessoas, na periferia do Estado, espetáculos itinerantes de reconhecida qualidade. A partir de 1974, organizou os primeiros Festivais Internacionais de Teatro, que constituíram uma força renovadora das artes dramáticas do Brasil. Resistente à ditadura, converteu o seu teatro em palco de luta pela liberdade. Em democracia, foi a primeira mulher Deputada, a primeira Presidente do "Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres" e, durante muitos anos, a líder da representação do Brasil nas Nações Unidas, para o acompanhamento da Convenção contra a discriminação das Mulheres. .Pode dizer-se que esta genial atriz, que se iniciou nos autos de Gil Vicente, foi uma verdadeira cidadã luso brasileira, no seu afeto pelos dois países, na defesa dos seus valores culturais, e na sua carreira teatral, pelo modo como soube preservar e divulgar a herança vicentina num percurso de muitas décadas marcado pelo vanguardismo. Vanguardismo com que mudou a face do teatro no Brasil, e pelo qual recebeu, em vida, as mais altas condecorações brasileiras, a Legião de Honra da França, e a Ordem do Infante Dom Henrique. Prestar-lhe homenagem, no Dia da Comunidade Luso-Brasileira, é uma forma de levar os portugueses à descoberta desta imigrante tão célebre.
Arcelina Santiago in Terra Minhota

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