domingo, 1 de janeiro de 2017

MOTA PINTO NO SEU TEMPO POLÍTICO

Acabo um ano e começo outro a ler uma muito interessante biografia de Mota Pinto, lançada no dia 16 de dezembro, no auditório do Museu Soares dos Reis. São cerca de 800 páginas, de uma tese de doutoramento, excelentemente documentada, sobre um dos políticos mais importantes do Século XX, e não só sobre o Homem, mas sobre o seu tempo político, que se inicia imediatamente após o 25 de abril e vai até ao ano da sua morte tão prematura, em 1985. Um trabalho que estava, em larga medida por fazer. O enfoque sobre a espantosa aventura da democratização do País, não esquecendo, o que por vezes demais tem acontecido, uma das suas figuras principais, Mota Pinto, sem a qual o curso da História teria sido outro, mais incerto e mais moroso em direção à meta da alternância partidária na governação - que marca a transição para a plena democracia. O IV Governo Constitucional, de iniciativa presidencial, é certo, mas legitimado pelo parlamento, foi no pós revolução o primeiro que se pode considerar como tal. E por isso, na posse do VI Gov Const Sá Carneiro falaria do seu como o primeiro governo de alternância, resultante de uma eleição livre (até então tinha sido sempre o PS a liderar, como partido mais votado pelo povo, ainda que não maioritário. A Mota Pinto se deve o mérito de provar que a agitação da rua não valia mais do o sufrágio, que o país era governável, pelo menos, à esquerda ou ao centro (a que se chamava direita, como se chamou ao IV e VI Governos, apesar de o não serem...). Não foi o único, nem o mais pequeno dos seus méritos| E graças a ele, à prova provada da governabilidade à direita do PS, se construiu a vitória da AD... Sempre assim pensei!

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