domingo, 15 de janeiro de 2017

O PRAZER DE VIAJAR COM ELES - ELES, Maria Barroso e Mário Soares! Não foram muitas as em que vezes fui na sua comitiva, mas foram memoráveis. Ninguém exprimiu a sensação de bem-estar e liberdade que se sentia no seu círculo O PRAZER DE VIAJAR COM ELES ELES - Maria Barroso e Mário Soares! Não foram muitas as viagens em que fui na sua comitiva, mas foram memoráveis. Ninguém exprimiu a sensação de bem-estar e liberdade que se sentia no seu círculo melhor do que a mulher de um Ministro PSD, ao lado de quem partilhei a fila do avião, horas a fio. "Com estes, tudo é permitido, com os outros (Maria e Aníbal Cavaco, o então Primeiro ministro) tudo parece mal! Se falo um pouco mais alto, repreendem-me de sobrolho levantado, se faço uma compra, é como se estivesse a arruinar as contas externas do país" . Rimo-nos imenso, ela pertence ao clube da gente divertida! Não me tendo nunca aventurado em compras no séquito do Prof Cavaco e da Dr.ª Maria (que acompanhei numa única viagem ao estrangeiro - Paris - em que me trataram bastante bem), fui, em deslocações caseiras, pelo menos uma vez apanhada em ruidosas manifestações e mandada calar, delicadamente, é certo, por um assessor...Por isso compreendia a minha amiga, mulher de ministro. Com o casal Soares tudo se passava ao contrário. Um exemplo: Quando íamos em rota para a África do Sul, com um avião cheio de empresários, jornalistas, funcionários, políticos, etc, numa algazarra medonha, já o Presidente já dormia, tranquilamente, e a Drª Maria de Jesus tentava dormir, fui eu própria que me dei conta da nossa inconveniência e pedi silêncio coletivo. Uma viagem de sonho, em que estivemos com Mandela e o Bispo Tutu - grande e sorridente conversador - , em que o ambiente a nível de sul-africanos e portugueses foi caloroso, vimos as mais belas paisagens do Cabo e assistimos ao doutoramento "honoris causa" de Mário Soares na famosa "Witts" (acho que na" Witts", mas não tenho a certeza). De qualquer modo, uma sessão colorida e soleníssima. O nosso Presidente, espantando a audiência a falar de improviso, e muito bem, enquanto os demais liam discursos pelo papel! Com o seu chapéu de doutor, que lhe ficava bem - todos ficavam, qualquer que fosse a cor e o design. De novo, dividi o meu tempo pela programação do Presidente e da Primeira Damas, com quem estive nas maiores instituições portuguesas de beneficência e cultura. (sempre tive um especial carinho pela Drª Maria Barroso, com quem 10 anos depois haveria de correr as comunidades da diáspora em quatro continentes!). Na altura, havia um movimento para a convencer a candidatar-se à presidência, movimento que eu estimulava quanto podia. Mas não podia estimular por perto do Dr Soares, que era irredutivelmente contra e se irritava, de verdade, com a simples menção da hipótese. O General Azeredo (com que depois partilharia a candidatura autárquica no Porto, na mais excêntrica e deliciosa das campanhas eleitorais - ele à Câmara, eu à Assembleia), preveniu-me, atempadamente... Creio que ele também era a favor, mas abstinha-se de o manifestar. Aquele General sempre me fascinou. Era culto, tinha muita graça e era descontraído, de uma forma que me parecia muito adequada. Perante paisagens deslumbrantes não hesitava em usar uma vistosa de máquina fotográfica, que levava a tiracolo.

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